Torre Eiffel e o imaginário infantil

Sandra Belchiolina
sandra@arteyvida.com.br

A imaginação das crianças é admirável e encantadora. Essa semana meu neto João, com quatro anos, surpreendeu-me ao falar de Paris e da Torre Eiffel. Meu espanto veio porque estávamos caminhando na região da Mata do Jambreiro e ele aponta a Torre Eiffel no horizonte. Quis entender o que indicava-me e aproveito para falar desse ícone mundial.

Transito constantemente entre Belo Horizonte e Nova Lima, município que João mora. Ao longo de seus poucos anos, estamos acompanhando como ele aponta a chegada de “Belo Horizonte à sua casa”. Ou seja, a expansão dos prédios e condomínios na divisão desses municípios. Assombro-me com a quantidade de apartamentos construídos no último ano – 2020, e passo pela região pensando na insanidade dos construtores e compradores. Será um caos o trânsito local (mais do que já é em horários de pico). Me pergunto o que vão fazer com o esgoto de tantas residências verticais e o impacto causado nas proximidades dessa área de conservação – restinho de Mata Atlântica. Fato é que assistimos a chegado de “Belo Horizonte” à sua casa. Explicando que, para João, aglomerados de prédios altos já é Belo Horizonte.

Dito sobre minha indignação com os tipos de ocupação de espaço pelo humano – não ando perdendo oportunidades. Quem sabe alguém escuta algum apelo em prol da causa ambiental? Vamos à caminhada e João apontando a Torre Eiffel de Paris à nossa frente. Olho e vejo a mata e ao longe os prédios (já muiiitooos) e as torres diversas – de telefonia? Claro que divertir-me com a imaginação do meu netinho. Tentei entender quando havia visto a Torre já que não foi a Paris. As possibilidades que levantei: desenhos animados e souvenir nas casas das avós e em outros lugares possíveis, pois já conhecia a estética desse famoso monumento. 

A Torre Eiffel teve sua construção nos anos de 1887-1889, e foi realizada para ser o portal de entrada da Exposição Universal de 1889. Foi feita de treliça de ferro que parece uma renda, localizada no Champ de Mars em Paris. Já são 132 anos de encantamentos. 

Já tive a oportunidade de vê-la e curtir seu entorno no verão, outono e primavera. O inverno que me espere, ir sempre é um privilégio. Como consultora de viagens organizei passeios para clientes que retornavam a Cidade Luz todos os anos. O slogan faz jus ao espetáculo noturno que a cidade oferece. Seu cartão de visita de maior altura se ilumina, também, todo inicio de noite. 

Minha primeira experiência com o acender das luzes de Paris se deu num verão dos anos 90. Fervilhava de turistas. Nesse dia o destino de final de tarde para uma iniciante em Paris era Jardins do Trocadero. Local de onde se avista a Torre Eiffel, Palácio de Chaillot e enfrente a Fonte de Varsóvia. Ali foi possível fazer piquenique regado de vinho Bourbon e queijos franceses adquiridos em mercearias próximas. A festa era completa com a alegria da diversidade de culturas com o mesmo desejo – maravilhar-se com o momento e com a arquitetura, história, arte, um meio-ambiente construído e cheio de significados. A música andina vinda de peregrinos desde o Palácio de Chaillot completava nossa epifania.

Posteriormente, em outras idas, pude deliciar-me com a vista do alto da torre em um dia lindo em Paris. Aproveitar a região hospedando-me com um grupo bem próximo da Eiffel e desfrutar de bistrôs com heras nas paredes externas e seus charmes, comer tradicionais croque monsieur ou outras gulosemas com gigantescos queijos brie. Sentar-me no vasto gramado da Champ de Mars, enfim… com um suspiro, deliciar-me com tudo ali.

Olha que estou relembrando somente um pedacinho dessa cidade onde o caminhar é um pedido para desfrutá-la. E seu eixo principal está aí – a Torre Eiffel que invadiu o imaginário do João e o meu.

Quando voltarei a Paris? Ainda não sei. Quem sabe com o João futuramente?

Ps: Dei o título da crônica antes de efetuar sua escrita e no término vejo que o imaginário adulto está presente também. Como não fantasiar com Paris?

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