Vamos abrir as portas de 2021? Imagem: Pixabay

Vamos abrir as portas de 2021?

Vamos abrir as portas de 2021? Imagem:Pixabay
Vamos abrir as portas de 2021? Imagem: Pixabay
Daniela Piroli Cabral
contato@danielapiroli.com.br

Entro neste ano de 2021 como gato escaldado. O que será que tem atrás dessa porta? Se pudesses escolher, confesso que hesitaria em virar o calendário. Porque o ano de dois mil e vinte (prefiro por extenso para evitar a numerologia) mostrou que nossa intuição se engana e que o otimismo para ver a metade cheia do copo não é suficiente para encarar um cenário de pandemia. 

Acho que dei azar com o meu post de 01/01/20, quando falei sobre “Pura Vida”, pois o ano foi mesmo de “pura morte”. Até quando contei, só aqui no Brasil, a Covid-19 nos roubou mais de 191 mil vidas. Tenho a nítida sensação de que vivi um século neste breve intervalo de apenas 365 dias. Mudei de formato. Envelheci. 

Eu era outra pessoa há um ano atrás. Tinha tantos planos: ia cantar com o coral na Rússia, ia me casar, viajar para o exterior. Acabei cantando sozinha num vídeo caseiro, entrando para as estatísticas do divórcio e comprando uma barraca de camping. Saio deste ano toda esfolada e cheia de cicatrizes. 

Brincadeiras à parte, foi um ano muito difícil. Mas pessoalmente foi bom para mim, me abriu muitas possibilidades, perspectivas e outros sentidos para vida. Amadureci.

Ontem estava assistindo à série “Our Planet” – Netflix – sobre a preservação do meio ambiente, biodiversidade, sustentabilidade e as relações ambientais globais. É uma superprodução com lindíssimas e surpreendentes imagens capturadas da natureza em diversas partes do mundo. Uma cena sobre o fogo na floresta me marcou muito. Os incêndios aparentemente queimam tudo, mas os troncos que não são queimados exibem uma resistência ainda maior às intempéries, porque a passagem do fogo os torna mais fortes. 

Acho que saímos todos deste ano como os troncos de árvores não queimadas da floresta. Somos todos sobreviventes, mas com uma camada extra de resistência. Somos todos hoje um pouco fênix ressurgindo das cinzas.

Haverá vacina para nós em 2021? Não sabemos. Muito menos sabe o presidente.

2021 será uma continuidade mais branda ou intensa do ano que termina? Também não sabemos. 

Estaremos vivos para 2022? Muito menos.

Desejar um feliz ano novo é uma banalidade de um mero lugar comum. A gente precisa mesmo é de cura, recolhimento, simplicidade, senso crítico e poesia.

Então, espero que ao abrir as portas de 2021, prefiro que ela não tenha nada, prefiro mesmo que ela esteja mesmo vazia. Se puder escolher, prefiro escolher um vazio do que novamente uma porta cheia de absurdo.

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