A normalidade invisível

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Eduardo de Ávila

Assim como a pandemia, nosso futuro é imprevisível. Primeiro, não podemos arriscar quando vamos sair desse confinamento. Se é que vamos. A todo o momento, invariavelmente algumas vezes ao longo do dia, somos bombardeados com informações que muito mais apavoram do que trazem tranquilidade.

Dei conta, ainda que parcialmente, de sair dessa idiotice nacional que transformou o momento em disputa ideológica. Palanque eleitoral. Todos nós sabemos a razão disso, e muito bem reconhecemos quem foi o idiota que deu o ponta pé inicial para esse tipo de debate. Até mesmo entre os seguidores desse esculacho de gente, é notória e indissimulável a crença no seu líder e não na ciência.

Tirante esse tipo de conversa que não leva a conclusão nenhuma, seguimos esperando medicamento e vacina para tentar a volta à normalidade. Que sequer sabemos como deverá ser quando sairmos desse confinamento que nos tem torturado. Mesmo sobre esse assunto, que é o que mais interessa à humanidade, também existe controvérsias.

Pois, eis que surge uma informação dando conta de que essa “descoberta” talvez esteja mais longe do que estamos imaginando. Falando até mesmo na ineficácia dos estudos mais avançados e que essa pretendida proteção possa ter efeito temporário. No caso brasileiro, as críticas se estendem às medidas de relaxamento do isolamento e com a curva estável em níveis altos.

Eu sou, confesso, um ignorante dessa área das ciências biológicas. Nos meus tempos de estudo científico, minhas notas eram baixíssimas nessa matéria. Noutras também, mas a que me interessava me conduziu à vida profissional. Eis que agora me surge outro renomado cientista, iguais a Garcias e Ribeiros, que saiu da toca, para afirmar que 80% da população é imune ao vírus. Ou seja, oito entre dez entraram em confinamento sem necessidade. Enfim…

Mas, mutatis mutandis, o que interessa a mim e à maioria é como vamos ficar depois que tudo isso for superado. Com vacina, eficaz ou não; medicamento recomendado por médico ou por capitão expulso do exército; trabalhando, em home office ou no local habitual; enfim, haverá de chegar um momento que nós todos precisaremos voltar à normalidade. Ou, como agora surgiu, ao novo normal.

Qual mundo nos espera, afinal. Muitas teorias, igualmente, são publicadas sobre esse momento. A ideia de que vamos viver numa sociedade melhor, mais humana, solidária e igualitária, domina a maioria das apostas. Também acreditei nisso, até quero continuar nessa fé, mas fatos que ocorreram durante a epidemia ajudam a desconfiar dessa possibilidade.

Quem teve a oportunidade de ver o vídeo do entregador de ifood em Valinhos (SP) não acredita. Já os que assistiram o pequeno Mário, filho sim de um cidadão de bem conhecido como Nica (ao que me pareceu, em Catalão –GO– pesquisei pelas imagens de rua), se emocionaram e têm esperanças de um mundo melhor. Aos que se interessarem e possuírem Facebook, está na minha página.

Exemplos assim, de um lado e do outro, temos todo dia. Poderia elencar vários, até mais daqueles que me tocam melhor ao meu pensar. Porém, escolhi dois que não tenho qualquer admiração para fechar essa postagem. Ao contrário, acho ambos abomináveis.

Um ex-dirigente de futebol, que se notabilizou em atacar ao meu time do coração. Itair Machado esteve acometido de COVID num hospital em Belo Horizonte. Seu estado foi anunciado como gravíssimo e, ao que soube, através de redes sociais, ele e seus familiares foram atacados.

O outro é aquele comentarista de televisão, que nunca apreciei e não é de agora, Alexandre Garcia. Perdeu o amigo, Enio Mainardi, de igual pensamento político seu e teve seu lamento invadido pelas redes sociais em ataque a ambos.

Daí me ocorre, tudo isso que estamos vivendo está servindo para alguma reflexão?

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2 comentários sobre “A normalidade invisível

  1. Quando você escreve “capitão expulso do exército”, aí perde aquela palavrinha tão esperada dos nossos jornalistas chamada IMPARCIALIDADE… Essa sim, está tão em desuso atualmente…

  2. […]”Daí me ocorre, tudo isso que estamos vivendo está servindo para alguma reflexão?”
    O que parece ter envelhecido é a existência de uma estrutura governamental que ouve cientistas e toma atitudes de forma a atender e proteger a população. Pode-se pensar como reflexão, a “banalização” dos valores o qual o brasileiro (a) está sendo submetido(a). Dá p perceber q o roteirista deste brasil está satisfeito,para ele, uma vida humana vale menos do q uma carpina ou uma pintura com caiação feita no meio fio. Nisso eles são bons!

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