Araxá, terra natal do pão de queijo

Recentemente, dias antes da decretação do confinamento, em viagem até a minha Araxá, o amigo Armando de Angelis, –  que me deu uma carona – assegurou a afirmação dessa chamada. Ressabiado, pedi a ele que me enviasse a tal matéria que garantia ter guardada em casa. Enfim recebi. Querendo inclusive tirar o foco da epidemia, segue abaixo a digitação do texto e o print recebido.

Segundo os historiadores, “o pão de queijo é uma receita típica brasileira, de Minas Gerais. A sua origem é incerta, especula-se que existe desde o século XVIII, mas tornou-se efetivamente popular no Brasil a partir da década de 1950”.

Em outra fonte de pesquisa, “acredita-se que a farinha de trigo chegava a Portugal com uma baixa qualidade e imprópria para o consumo, assim a população optava por fazer suas receitas usando a farinha de mandioca, ou seja, o polvilho. O Pão de Queijo é reconhecido como uma receita típica brasileira do estado de Minas Gerais.

É também muito conhecido pela sua produção de leite e derivados, agregando a economia de produtos a população do estado. Acabou-se aderindo a criação de uma receita usando o polvilho e os queijos que sobravam e ficavam duros para o consumo, criando um pão macio e com um forte gosto de queijo”.

Segundo uma lenda que circula nos bastidores da história, o verdadeiro e autêntico pão de queijo foi reinventado no século XIX pelas mãos da escrava Manoela que servia à cortesã Ana Jacinta de São José, a Dona Bêja ou Beija.

Ela atraia muitos homens pela sua rara beleza e pelos sabores da sua famosa quitanda – o pão de queijo, trocando seus favores e sabores por joias e ouros.

Da sua cozinha, a receita do pão de queijo de Manoela vazou para outras cozinhas e se perpetuou como uma das mais deliciosas quitandas de Araxá.

Saint-Hilaire, um cientista francês que estava coletando espécies vegetais para estudo, chegou em Araxá para pesquisar a flora do Barreiro, onde brotava águas salitrosas, tendo a oportunidade de se deliciar com o pão de queijo e por ele se apaixonar, a ponto de levar em sua bagagem os segredos da receita da escrava Manoela.

Dizem que por onde ia, repassava a receita para outras pessoas, pulverizando o sabor do pão de queijo pelos sertões das Gerais e nas montanhas das Minas.

No início do século XX, Santos Dumont esteve em Araxá para uso das águas do Barreiro, hospedando-se anonimamente no Hotel Rádio, onde conheceu o pão de queijo e fez questão de levar uma receita em sua mala.

Em seus voos experimentais era comum se deliciar com o já famoso pão de queijo mineiro de receita araxaense que levava em sua matula.

Em 1944, o presidente Getúlio Vargas inaugurou o Grande Hotel de Araxá, tendo conhecido pelas mãos do governador Benedito Valadares o autêntico pão de queijo araxaense, que passou a ser uma das suas preferências no seu lanche matinal.

Construído para abrigar suas termas de águas medicinais e um cassino que durou apenas por 2 anos em função da proibição do jogo no Brasil, o Grande Hotel foi o grande difusor do pão de queijo junto aos seus hóspedes e visitantes.

A partir da divulgação e pulverização da receita araxaense, talvez seja daí que os paulistas, especialmente os do Vale do Paraíba, tentam se apossar da paternidade dessa quitanda tão desejada e amada por todos. “Núuu…, mais num é bão igual o nosso. Pudera, eles não tem queijo do Araxá”.

Só para ilustrar melhor essa lenda do autêntico pão de queijo da escrava Manoela, segue um “causo”, talvez ocorrido em Araxá:

Tá lá o velho mineiro morrendo. De repente, ele chama o filho e diz:

Meu filho, tô sentindo um cheiro de pão de queijo…

– Mas é pão de queijo mesmo, pai.

– É sua mãe que está fazendo, filho?

– É, pai.

– Ah, meu filho, ninguém faz um pão de queijo melhor no mundo. Que cheirinho bom, meu Deus! Que saudade me dá, meu Deus! Vai lá cozinha, meu filho, vai. Vai lá e traz uns pão de queijim pra mim.

Tô indo, meu pai.

Uns minutos depois, o rapazinho volta sem pão de queijo.

Cadê, meu filho?

– Mamãe não quis dar.

– Por que?

– Ela disse que são pro velório.

(Fonte: Almanaque do Comércio – Sindcomercio)

Autor desconhecido

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