O triste acirramento nas relações pessoais

Eduardo de Ávila

Coincidentemente, sem qualquer intenção, na terça da semana passada, trouxe aqui para reflexão um textinho despretensioso acerca das interpretações e interesses sobre um mesmo fato.

Dois dias depois, na quinta-feira (7), o STF encerrou uma votação adiada relacionada a aplicabilidade de pena após o julgamento em segunda instância.

A meu entender, e não vou entrar no mérito até porque – embora seja advogado e tenha carteira da OAB – existem juristas qualificados defendendo uma e outra posição.

Isso não me impede, entretanto, de afirmar que, não fosse o caso do processo do ex-presidente em tela, muitos que defendem uma e outra tese, sequer se preocupariam com o debate. Inclua-se, entre estes, até mesmo advogados que – apaixonadamente – abraçam argumentos e teorias.

Quero dizer que, o que se discute nas mesas de bar e cafeteria, em manifestações de ruas, e mesmo em prosas e grupos de pessoas – completamente sem informação – é se querem ou não o ex-presidente preso.

Nas redes socias, tenho lido cada aberração – dos dois lados – que me causam vergonha alheia.

Tenho cá o meu pensar, e ele só abro para pessoas próximas e – prioritariamente – que entendem, como eu, de todo esse imbróglio.

Dizia aqui na semana passada, que as informações – muitas vezes distorcidas – deixam a cabeça das pessoas confusas.

Daí é absolutamente normal, recorrerem aos sites que defendem o que lhes interessa. Muitos deles, tendenciosos e fazendo o jogo de seus financiadores. Reitero, os dois lados conduziram ao radicalismo.

 Arte: Valdo Virgo/CB/D.A Press
Arte: Valdo Virgo/CB/D.A Press

Comentei, inclusive, que esse confronto se estende até mesmo para outras disputas fora da vida política e da opção sagrada e democrática de o eleitor escolher o seu governante.

Os resultados eleitorais são sempre questionados e os tribunais vêm mudando a vontade das urnas faz algum tempo.

Nos dois poderes – Legislativo e Executivo – e também nos três entes da federação – municípios, estados e até no plano federal.

Enfim, quem perde com tudo isso é a população, pois enquanto se discute se deve soltar ou não o ex-presidente, que foi condenado em primeira e segunda instância (novamente, não entro no mérito das sentenças), nossos direitos e garantias individuais estão sendo alteradas pelo Executivo e aprovadas no Legislativo, via de regra, em desfavor da força de trabalho e em benefício dos grupos de poder.

Esse acirramento nas ruas, estendendo-se, como disse, em outras esferas da sociedade – como foi no lamentável episódio do jogo de domingo (10), no Mineirão.

Foi condenável a atitude das duas torcidas. Uma que invadiu o espaço da outra e o outro lado, que iniciou a provocação.

Tudo isso, no caso em debate, interessa tão e somente aos grupos financiadores de campanhas eleitorais, que ganham fábulas de dinheiro e nós ficamos aqui, brigando se prende ou não o ex-presidente. Que virou troféu de um lado e do outro. Preso ou solto.

Em tempo: Tenho lado e não omito em conversas pessoais o que penso, assim como também tenho o meu time do coração, mas aqui proponho apenas a reflexão deste assunto.

Prefiro dar uma flor ao meu contendor, que um tapa na cara. Dói mais em quem bate do que em quem apanha. E mais, tem um ditado que é preciso. “Quem bate, esquece; quem apanha, não!” Boa semana!

* imagens Internet

4 comentários sobre “O triste acirramento nas relações pessoais

  1. “As lições sabemos de cor,só nos resta aprender” . De modo suave você pode sacudir o mundo,precisa de força não,um mais um sempre será mais que dois!

  2. Bom dia!

    Infelizmente para agradar a alguns e a estes grupos, estamos a todo atropelando nossa Constituição. Se ela está certa ou errada, se precisa ou não ser revista, é outra discussão. O erro do Supremo foi lá trás ao aprovar prisão em 2a instância e agora vir corrigir a mazela que fizeram. Está na Constituição, prisão só depois de todos os recursos forem julgados, ou seja, talvez nem aconteça, como vemos sempre, devido a prescrição de prazo. Tá errado? Sim. Mas está na lá na Carta Magma. O que deveria estar em discussão é a prisão já em 1a instância, isso seria no mínimo coerente. Se aprovada deve-se fazer a mudança na Constituição, apesar do Art. 5º ser cláusula Pétrea. Enfim, é discussão que coloca a classe política em risco de prisão, então esquece, nunca veremos eles legislarem a favor da justiça correta, como deveria ser. Só legislam para a justiça que lhes cabem na melhor forma de proteção.

    Qto ao episódio de domingo, nada mais é do que a explosão de sentimentos de ódio e raiva que está embutido no interior das pessoas. Isso é gerado pelas injustiças, falta de futuro promissor, beneficiamento a grupos específicos, intolerâncias, etc. Isso vem ocorrendo não só aqui, mas no mundo todo. Chega um momento que isso extravasa, sempre em momentos errados e com quem não tem nada haver com sua revolta, infelizmente.

  3. Boa tarde nobre escriba.
    Em rápidas palavras, na minha opinião não há fato novo.
    Nós brasileiros somos intolerantes, racistas, e acima de tudo, hipócritas.
    Não creio que as relações estão se acirrando. Creio que temos noticias com maior velocidade e, por isso temos essa sensação.
    Nossos políticos cooperam com isso. Não podemos nos esquecer do famoso ” nós e eles”.
    Pregamos tolerância e somos intolerantes. Pregamos respeito e não respeitamos. Pregamos paz e nos preparamos para a guerra.
    “A razão vos foi dada para discernir o bem do mal”.

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