A difícil e medíocre convivência com provocações nas redes socais

Foto: Redes Sociais

Faltando uma semana e dois dias para o primeiro turno, o que mais me desanima é saber que vamos ter de voltar às urnas depois de três semanas para a eleição definitiva de presidente e governador. Não por votar, ao contrário, entendo ser fundamental ao regime democrático a livre escolha e o respeito ao resultado das urnas.

O que me deixa entristecido é ver, notadamente, pelas redes sociais a enxurrada de idiotice postada aleatoriamente. Todos os dias, por dezenas e até centenas de vezes, somos perturbados por gente que desconheço a real intenção, inundando nossa caixa postal com mensagens de candidaturas e – especialmente – de posts atacando candidatos, partidos ou grupos. Um saco!

Será que esses idiotas imaginam que vão mudar nossas opções com memes, filmezinhos (de qualidade e conteúdo duvidosos), informações muitas vezes destorcidas e com aquele arsenal de besteirol diário. Confesso que não tenho mais “saco” para tolerar tanta insanidade.

Tenho passado recibo. Algumas pessoas de meu relacionamento, sabedoras de minhas opções (interessante que nos seis votos que tenho, estão quatro partidos distintos) se acham qualificados a questionar minhas escolhas. Mesmo que eu nada tenha feito ou dito, relacionadas aos seus eleitos, cismaram de – diariamente – enviar mensagens provocando.

Depois de dias, avisando sistematicamente, que não tinha interesse nesse embate ou debate, passei a dar o troco. A cada nova provocação, respondia com algum contraponto à mensagem recebida. Inadvertidamente, e isso é característico de quem age dessa maneira, revidavam com o que dispunham nos seus arquivos.

Foto: Redes Sociais

É aí que entra o perigo. Como disse acima, com informações falsas, defendendo aquilo que lhes convinham. Avisados, inclusive da responsabilidade em repassar conteúdo mentiroso, esquivam-se acreditando não ter responsabilidade sobre o conteúdo. Mas, tem. Via de regra, esse tipo de gente, em quase sua totalidade desinformada, não tem noção do que estão postando e assim agem na condição de “torcedor” contra. Nunca são a favor desse ou daquele programa ou sistema de governo.

“Se hay gobierno, soy contra”, frase atribuída a anarquista e que teria origem no México. Na nossa atualidade brasileira, cai bem aos conservadores de plantão. Na verdade, neste contexto eleitoral, o que é mais deprimente é sentir a falta de propostas das candidaturas. Culpa dos candidatos, de seus partidos e coligações e da própria imprensa. Fomentar a discórdia traz muito mais visibilidade que discutir programas de governo.

Pois, de volta às postagens, destacaria três situações que fui – diria até – vitima. Numa delas, ao avisar a quem me enviou que o fato não era verdadeiro, recebi como resposta: “que pena, queria que fosse”. Noutra, pedindo votos para determinado candidato, informei que já tinha minha escolha para aquela vaga, tendo recebido como resposta: “que decepção”!

A última delas, num vídeo atribuído a determinado personagem (no caso um descendente de pessoa pública), eu sabendo que não era real, me ocupei em informar ao “amigo” do fake. Acreditem, leu e se fez de desentendido, mantendo a divulgação da falsidade como se verdadeira fosse.

Então, caríssimas e caros, essa é a razão de meu desanimo com as eleições. E, para minha tristeza pessoal, vivo esse processo desde a infância, tendo já disputado mandato – já fui eleito e derrotado. Porém em nenhuma das disputas senti tanto desconforto como a de 2018.

A responsabilidade de tudo isso que estamos passando tem um único nome. Um inconformado provocou toda essa ira coletiva – de um lado e do outro -, levando à radicalização e os tempos sombrios que vivemos nos últimos anos. A meu juízo e não vou polemizar sobre o assunto. Até segunda-feira, seis dias antes da nossa livre escolha. Vote como achar que deve e não dê crédito aos que te provocam. E mais, respeitemos o resultado.

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