A sucessão teve surpresas que já estavam desenhadas

Foto: UAI | EM

A semana foi bem movimentada na sucessão mineira. A terceira via, que era propriedade incontestável de Márcio Lacerda, desceu a ladeira. Terceira opção sim, mas longe de ameaçar aos líderes, tanto que ele sequer esperou a decisão da Justiça Eleitoral para bater em retirada. O quadro agora ficou ainda mais complexo, embora – aparentemente – não altere as duas primeiras colocações.

Com a saída de Lacerda, abriu-se espaço para um possível remanescente em busca do sonho de se tornar a terceira via. Condição que não assegura e tampouco sinaliza vislumbrar crescimento em busca de convencer o eleitor. Na terça-feira, quando ele renunciou, entre tucanos e petistas, a avaliação era de quem herdaria mais com o espólio do ex-prefeito. Os dois lados, claro, entendendo levar a maior parte das viúvas de Lacerda.

Também o Novo, que chegou até a comemorar o aparecimento de sua chapa na terceira colocação sem Lacerda. Nada mais lógico para aquela terça feira nervosa na política mineira. O Novo, que de novo não tem nada, é tão comprometido quanto os demais que se dividem no poder. O que se houve dos “partidários” dessa jovem legenda é que sua “pureza” seria a sinalização de novos tempos ao Brasil e aos brasileiros.

Convenhamos, um partido que está para o PSDB como o PSTU está para o PT, não traz absolutamente nenhuma sugestão de alternativa ou mudança, diferente do que buscar o espaço que lhe faltou onde tentou. Vejamos…

Fuçando o face do amigo Benedito Sérgio de Resende, encontrei algo superinteressante a respeito do grande líder nacional dos “novatos”.

O Amoedo, sistematicamente, vem batendo de frente em relação aos valores em torno de 300 bilhões anuais que o governo paga em benefícios sociais, citando o déficit da previdência e bolsa família em suas manifestações. Em contrapartida, absolutamente nada menciona sobre os 400 bilhões de juros pagos ao sistema financeiro (aos bancos) em pagamento da divida publica. Números de 2017. Um beneficia milhões de pessoas e o outro – de valores superiores – meia dúzia de banqueiros.

De volta à nossa paróquia, com a renúncia de Lacerda, o grupo dele se apressou e lançou Adalclever Lopes – que seria seu vice – para a disputa do governo de Minas. A estrutura partidária do MDB – sempre cortejada pelo PSDB e PT – pode lhe assegurar a terceira colocação, mas jamais se transformar na terceira via com viabilidade eleitoral.

A bem do entendimento do que estamos assistindo, tanto Anastásia quanto Pimentel, líder e vice-líder nas pesquisas estão igualmente entre as maiores rejeições. Os nomes alternativos, nem de longe, sugerem a possibilidade de uma terceira via. Fosse sem o grupo de Lacerda e ainda sem Adalclever, acredito que encerraria – sem receio em afirmar, entretanto, sem mencionar qual deles – no primeiro turno. Num eventual embate do segundo turno, e até mesmo na opção de primeiro, identifico muitos votando no A para ser contra o B. Da mesma maneira, optando por B para evitar o A.

Um prócer desse xadrez que, aparentemente, não aparece no noticiário – no caso da chapa inicialmente com Lacerda e agora com Adalclever – tem sido dos principais (talvez o grande) articuladores desta busca da terceira via. Quem viu Newton Cardoso na convenção do MDB, ciculando e até mesmo determinando os passos do Adalclever percebeu já naquele dia que a “raposa” do ex-governador já esperava o afastamento de Lacerda. Podem até não gostar do Newtão, mas sobre esses meandros não existe entre os mineiros, ninguém mais perspicaz que ele nos bastidores.

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