A polêmica dos agrotóxicos e a saúde mental

Foto: Divulgação | Internet
Daniela Piroli Cabral
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Que a aprovação do Projeto de Lei 6299/02, na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, propondo flexibilização na Lei 7802/1989, a “Lei dos agrotóxicos”, tem gerado muitas polêmicas, ninguém duvida.

Muito tem se falado a respeito: que a exposição a agrotóxicos causa inúmeros danos à saúde, irritação da pele, coceira, vômitos, diarréia, malformações congênitas, infertilidade, cânceres de diversos tipos, doença de Parkinson, arritmias cardíacas, etc.; que o uso dos agrotóxicos seria “um mal necessário”, pois permitiram uma produção de alimentos impossível sem o uso deles.

Mas tem algo importante que não está sendo dito: a correlação existente entre a exposição aos agrotóxicos e as tentativas de suicídio. Numa pesquisa realizada em Dom Feliciano, Rio Grande do Sul – estado brasileiro com maior taxa de suicídio (10/100mil habitantes), quase o dobro da média nacional (5,2/100mil habitantes) -, foi constatado que a exposição a agrotóxicos aumentou a taxa de desordens mentais e  depressão, com o crescimento do número de suicídios na região.

Na cidade de Venâncio Aires, também no Rio Grande do Sul, outro estudo mostrou um aumento de morte por suicídio quando o uso de agrotóxicos era intensificado. Os agrotóxicos, como os organofosfatos, impregnam o Sistema Nervoso Central, causando depressão, confusão mental e, consequentemente levam a tentativas de suicídio, sendo o próprio agrotóxico usado como meio de provocar a  morte, por ingestão.

Assim, como profissional da saúde e estudiosa da saúde do trabalhador, sou obrigada a concordar que trata-se sim de um “Pacote Veneno” que, se passar, significará um retrocesso enorme no nosso país. Será sim um fortíssimo ataque à saúde pública e também um ataque à saúde dos trabalhadores, pois aumentará enormemente os riscos ocupacionais a que estão já estão expostos.  

O Estado não pode ser omisso em seu papel de regulação deste risco à saúde dos  trabalhadores e da população geral. Deve priorizar o bem estar coletivo em detrimento dos interesses da agroindústria. Estamos em pleno século XXI, já passou da hora de superarmos o modelo de ganhos astronômicos de poucos, em função do prejuízo e exploração de muitos. Já passou da hora de pensarmos soluções realmente sustentáveis no longo prazo para todos. Neste caso, estamos falando de vidas! Na minha modesta opinião, isso sim é motivo pra ir para as ruas!

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