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Tem base?

Imagem: Pedro Souza/Atlético

Por Paulo Silva

No interior de Minas, e dizem que em Bonfim é muito mais, essa frase é muito utilizada quando se tem alguma dúvida ou se depara com algo desconhecido ou incomum. “Tem base?” é um equivalente a “isso pode”? “Tem jeito”? “Que é isso”? Mas pode ser também: “tem certeza disso”? Enfim, como toda esquisitice mineira, é um trem que serve para qualquer coisa.

Nessa semana, deparamo-nos com várias situações em que a pergunta se torna pertinente. Os textos do Eduardo abordando o trabalho realizado na divisão de base do nosso Atlético e seus resultados objetivos ou não; a convocação pelo Conselho Deliberativo (antes decorativo e parece que agora operativo, restando saber se vão convocar também o presidente) do nosso Atlético ao Marques, coordenador da divisão de base e a consequente explanação do mesmo sobre tudo o que diz respeito àquele setor e quais são os ideais que movem todos aqueles profissionais envolvidos.

Isso me fez recordar que no início de minha participação neste blog, comentei várias vezes sobre o treinamento em geral e nas categorias de base, em especial, e o que realmente significa “ser base”. Despiciendo é dizer que base é o mesmo que alicerce, fundamento, estrutura, apoio, sustentação e outros termos equivalentes. Bem, acabei dizendo assim mesmo.

Quando comentava, eu mostrava – pelo menos tinha a pretensão – que a base deveria tratar o jovem em todos os aspectos de sua vida, formando ou lapidando não só o jogador, mas, também, o homem em seu todo. Isso, pois o caráter pode ser forjado por meio do ensino, do ambiente, dos usos e costumes, etc. Mas, talento, não. É mais simples forjar o caráter de um jovem talentoso do que colocar talento num jovem cujo caráter ainda não está formado.

Comentava sobre a necessidade de envolvimento familiar, de evitar agentes, procuradores, empresários e demais indivíduos que por só visarem lucro à custa do suor do jovem, acabam muitas vezes por deformá-lo moralmente. E não é que o Marques disse, entre outras coisas, que na divisão de base do Atlético eles estão começando a fazer isso? Estão envolvendo os familiares dos garotos para que participem de sua formação profissional.

Por meio de reuniões programadas com os familiares dos jovens, eles estão tratando dos temas que repercutem na formação dele. Estão oferecendo garantias, inclusive jurídicas, para que os jovens, junto com seus familiares, possam cuidar de seus interesses. Isto é muito bom.

Não existe lugar melhor para a formação do caráter de um indivíduo que o seio familiar. Estar junto e poder contar com os seus familiares é tudo que um jovem precisa para se preparar para o futuro. Marques não foi preciso em dizer se os intermediários estão sendo afastados. Mas deu a entender em sua fala que estão mostrando aos familiares que não precisam deles. E a forma de captação de novos valores também está sendo alterada e aprimorada.

Imagem: Bruno Cantini/Atlético

Outro coisa que eu comentava e pretendo continuar repetindo: é preciso cuidar da história do Atlético. A divisão de base deve ser uma sala de aula da história do Clube para que seus jovens aprendam a amá-lo e a sonhar fazer parte dessa história. E não há melhores professores para isso que os ex-jogadores. Quem é capaz de dizer com mais propriedade quanto pesa a camisa do Galo do que quem a vestiu dezenas ou centenas de vezes? Quem pode ensinar melhor o que é derramar seu suor em campo para buscar uma vitória? Quem pode ensinar melhor as manhas e artimanhas que envolvem uma partida de futebol?  

E as técnicas próprias de cada um, como ter um excelente controle da bola, bater bem uma falta, postar-se na área adversária, ter frieza para concluir um lance, usar com sabedoria e propriedade os fundamentos do futebol, que por sinal são tão poucos? Só quem fez isso muitas vezes pode dizer com propriedade o que é.

A participação, ainda que esporádica, dos ex-jogadores do clube, fará com que sua história esteja viva diante dos jovens treinandos. Um exemplo referido pelo Marques foi o de um jovem que recebeu conselhos e acompanhamento do REInaldo, e que depois de marcar um gol numa partida da sua divisão, comemorou levantando o punho cerrado. Isto é introjeção. É parte da história do Galo que começa a ser incorporada por este garoto por meio de um ídolo e irá embasar seus atos futuros. Quem sabe poderemos ver em breve uma cópia fiel do nosso Rei? Assim como ele absorveu o gesto comemorativo, introjetará, também, a técnica e a habilidade do ídolo, como um filho que assimila a imagem e semelhança do pai.

O convívio com quem viveu a arte de ser atleticano na sua melhor forma, que é exercendo o seu ofício de atleticano em campo, certamente sedimentará a carreira dos jovens da divisão de base do Clube Atlético Mineiro. Fico feliz de saber que alguns dos ex estão fazendo parte da equipe da divisão de base. Mas é preciso mais. É preciso contar com uma participação maior de todos os ex disponíveis e que possam, ainda que só por um momento, deixar a sua marca estampada na alma e no espírito desses jovens.

Não há espaço aqui para tratar desse assunto por inteiro, nem repetindo os comentários e nem o que Marques disse, mas, gradativamente, poderemos estender a prosa bem ao estilo mineiro. Mineiramente falando, se alguém te perguntar se o “Atlético tem base?”, pode responder que tem base, sim, e está sendo transformada para nos dar tudo o que precisamos.

Paulo Silva

View Comments

  • Boa noite,

    Parabéns pelo post, falou tudo que o Atleticano quer e como deve ser.
    Parabéns ao Thiago Larghi pela efetivação e a diretoria por não inventar.
    É como já disse, uma boa base atrai e chama o talento, garotos novos querem ser igual a seus ídolos ou apenas igual aos jogadores de sucesso que eles conhecem.
    Esse é o princípio, investir na base, e o segundo, seria valorizar este talento, dando oportunidades e não vendendo a troco de banana.
    Espero que esta diretoria coloque tudo nos eixos, inclusive a base.

  • Boa tarde PS e massa! Sinceramente eu vejo que não tem BASE é o estatuto do Clube que dá plenos poderes ao presidente, potudo.que uma gestão pode demorar anos para construir outra vem (vide nepomusono) e arrebenta com tudo. Tem que mudar o estatuto e a mentalidade do Clube,a exemplo de Barcelona, Real, Bayer,onde entra presidente e sai presidente e o Clube não perde a sua identidade, o Pablo de Oliveira já expos isso aqui por várias vezes, nunca vi uma gestão parecida com essa aqui no CAM,a menos amadora até aqui .Mas temo que após a saída do Sette outro safado eleitoreiro como o bozo assuma a presidência e faça atos de irresponsabilidades com fins escusos, isso para mim não tem Base.

  • Boa tarde Massa.
    Tiago efetivado. Boa sorte. Que o tempo de trabalho até a volta do BR seja muito bem aproveitado. E como torcedor do Galo, o que espero ver já contra o Grêmio:
    1 - Um time melhor organizado defensivamente;
    2 - Que o técnico encontre a melhor formação para o time;
    3 - Um time em ótimas condições físicas, brigando por cada bola como se fosse um prato de comida.
    Neste período, haverá tempo para o técnico definir a formação ideal. Não conheço os reforços, à exceção do Chará. Por isso nestes dias, muito trabalho... Só há um campeonato em disputa. E queremos demais este título.
    Meu time seria Vitor, Emerson, Bremmer, Juninho e F Santos; Adilson, Blanco (bora treinar finalizações?), Chará, Terans, Guedes e pastor.
    Se Guedes não ficar, precisa de reposição.
    E aí Cazares, se não for negociado, é hora de jogar mais bola. O time precisa de armador que saiba controlar o jogo nos momentos mais decisivos.

  • Olá amigos da bola!

    O problema da base no Brasil, são nossos dirigentes e principalmente nossos treinadores medrosos, retranqueiros, que mataram nosso futebol!... Abdicaram da habilidade em função da força, altura...... Que o diga o Bernard que foi dispensado do galo várias vezes.

    Antigamente, nos bons tempos, os europeus vinham aqui buscar nossa habilidade, pois isso, era algo que lhes faltava,

    Nas décadas de 80 e 90, éramos fábrica de craques, óbvio, Brasil sempre foi terra de pedras preciosas, a habilidade é algo inerente ao brasileiro, mas, o que fizeram nossos dirigentes e treinadores horrorosos????? Desde a base, começaram a copiar a filosofia europeia e gradativamente nosso futebol arte morreu. Em nosso país, não se revela grandes jogadores, não temos sequer um camisa 10, não temos sequer um centroavante matador, hoje, infelizmente, só revelamos zagueiros, goleiros e volantes, todos brucutus! O resultado é isso aí........

    Precisamos resgatar o futebol habilidade, o futebol arte, e isso é um trabalho a longo prazo, nossa base precisa ter olheiros que priorizem a habilidade, para quem sabe, daqui uns 8 anos, essa terra varonil, esteja novamente repleta de craques espalhados pelo Brasil e pelo mundo!... O clube que o fizer primeiro, larga na frente!........ Acorda galo........

    Abraços!

  • Ufa! Nada de Abel, Luxa, Dorival Jr, ou outra porcaria dessas. TL foi efetivado! Ponto pra diretoria.

  • Oi Eduardo e Amigos, bom dia!
    Valeu Paulo Silva, muito bom o seu comentário. Falar em base significa a mesma coisa que colocar as mãos num "vespeiro".
    Digo isso, pela falta de transparência que existe entre a Diretoria e a Torcida.
    Quando há transparência, tudo tem mais "base" e as coisas são entendidas e apoiadas pela Torcida.
    Como foi bacana ver o Marques fazendo a sua explanação sobre os trabalhos que vêm sendo feito na base.
    Agora, sinto que há "base" na "base". Estão no caminho certo.
    Cabe a nós Torcedores ter muita paciência, pois não se fabrica jogadores da noite para o dia.
    Por outro lado, continuo sem entender, a chegada de tantos reforços para o meio de campo e ataque. Enquanto isso, a diretoria não se pronuncia quanto aos reforços para a defesa.
    Se houvesse transparência neste quesito, talvez o Torcedor entendesse melhor essa política e apoiaria a diretoria.
    Enquanto isso, vamos levando gols.
    Saudações Atleticanas,

  • Base tem que levado à sério, não é para amadores. Veja o exemplo de alguns jogadores que perdemos recentemente para o futebol europeu de graça. E veja as contratações recentes do time, será que não poderia ser aproveitado ninguém da categoria de base? A infraestrutura montada na Cidade do Galo é para gerar novos talentos ano após ano, não se pode admitir menos do que isto.

    Lembro neste momento de um antigo técnico de futebol da base do Galo, Barbatana, que lançou apenas Reinaldo, Paulo Isidoro, Cerezzo e cia. Se trabalhar com seriedade o resultado vem.

  • Victor - Cleiton
    Emerson - Patric
    Bremer - Leo Silva
    Juninho ou Maidana - Gabriel
    Fábio Santos - Kevin
    Adilson - Zé Welison
    Blanco - Elias
    Chará - Luan e Edinho
    Terans - Cazares
    Roger Guedes - Tomas Andrade ou deslocar o Chará para esquerda
    Ricardo Oliveira - Denilson
    Bem vindo aos contratados: Edinho, Zé welison, Denilson, Chará, Terans tomara que se encaixem bem e sejam reforços.
    Se o Roger Guedes ficar vai ser um ótimo reforço se ele sair precisa contratar um reforço a altura, vamos em busca do Bi Brasileiro Galão!!!

  • Tem base a base do Galo não ser uma base?
    Vejam bem a situação hoje do time, indo atrás de jovens promissores que foram revelados no Fortaleza, Vitória e Pontes Pretas da vida.
    Mas antes tarde do que nunca...
    Vamos torcer e apoiar para que esse novo trabalho surta efeito em médio prazo!
    Nosso clube tem história e camisa pra revelar no mínimo um bom jogador por ano!
    No mínimo.
    E quando falo em bom jogador não é Gabriel não. É revelar jogador do nível e qualidade do Jemerson, Bernard, Marcos Rocha. Não sei o que acontecia antes, mas os resultados provam que muita coisa errada estava sendo feita.
    Tomara que tenham corrigido esse rumo e passem a revelar e forjar novos craques.
    Se o trabalho for bem feito a base será a salvação do Galo!

    Em tempo, pegando a ideia de trazer os ídolos pra perto da base, por que não tentar uma parceria com R10? Ele não precisaria se dedicar à base, mas além de ser um embaixador do Galo, poderia muito bem fazer parte desse rede de olheiros e capacitação e de vez em quando aparecer no CT, ficar por lá uma semaninha, participando de workshops intensivos com a garotada.

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