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A saga de goleiros do Galo – fechado com Uilson!

Que a posição de goleiro é ingrata, sei disso desde os tempos da minha infância em Araxá. Como sempre gostei de futebol, por razões que nem preciso explicar, acabei me tornando goleiro nas peladas e até em campeonatos do colégio e na cidade. Eu era sempre o último escolhido no “par ou impar”, ou seja, um verdadeiro perna de pau. Permito-me dizer que me dei bem na posição.

Sabedor disso, que o goleiro é aquele que não conseguiu espaço na linha, mas tem a obrigação de defender tudo que os jogadores permitem chegar à sua frente, evito críticas mais contundentes aos abnegados que aceitaram a missão de jogar com a camisa número 1, ou 12, 20, seja lá qual for.

Quando mudei pra Belo Horizonte, em 1974, o goleiro do Galo era o argentino Ortiz. Ídolo, sobretudo das crianças, com aquele cabelão e bermudão, tinha tudo para se tornar um imortal na vida do Galo. Sucedeu ao Renato, responsável direto pela conquista de 1971 com defesas incríveis – especialmente na vitória sobre o São Paulo – e também a Mazurkiewicz, uruguaio considerado no início dos anos 70 como o melhor goleiro do mundo.

Ortiz, uma figura exótica, ainda batia penalidades. Mas, numa decisão de campeonato mineiro, inexplicavelmente, “entregou a rapadura”. Não se pode afirmar absolutamente nada a respeito, mas o confesso Benecy Queiroz já atuava pelo lado de lá da lagoa. Eu estive naqueles jogos finais, e na terceira partida, pior que as falhas do Ortiz foi um gol mal anulado pelo então bandeirinha, Maurílio José Santiago. Que Deus o tenha, mas foi inexplicável!

O argentino saiu daqui quase que escorraçado pela Massa, inconformada, e em seu lugar assumiu definitivamente João Leite. Diga-se, o novo dono do gol passou a ser conhecido como o “goleiro de Deus”, e se tornou no jogador que mais vezes atuou com a camisa do Galo. Seguido de perto pelo Heleno. O primeiro é deputado estadual e o ex-meio-campista vereador de Belo Horizonte. João Leite foi vendido ao futebol português em meados dos anos 80.

Depois dele, foram anos com goleiros “meia-boca” e algumas promessas que não vingaram, salvando-se as passagens de Taffarel e Veloso, como maiores destaques na posição. Fora eles, passamos por cada draga que arrepiava o Torcedor Atleticano. Já no início do novo milênio, notadamente naquela medíocre passagem de Vanderley Luxemburgo, foi uma romaria de fracassos.

Alguns que até criaram expectativa, mas não correspondiam em campo. Bruno seria uma entre duas exceções, mas foi vendido em boa hora e seu histórico comprovou que a diretoria acertou com sua liberação. A outra é Diego Alves, que por pouco era defenestrado pela Torcida por uma única partida. Deu a volta por cima e acabou também sendo vendido para a Europa. Hoje é convocação certa na Seleção Brasileira.

O Superesportes mostrou um longo período em que mais de dez goleiros passaram pelo Galo, sem, entretanto, vencer e convencer. Alguns chegaram aqui com a Torcida no aeroporto, tal era a expectativa em resolver a situação. Até que, ainda no início do brasileiro de 2012, apesar das boas atuações do mesmo Giovanni de agora, o Atleticano cobrava uma contratação que desse conforto e segurança nas arquibancadas.

Foi essa pressão que provocou a contratação e a twitada do presidente Kalil, anunciando a contratação do Victor, para acalmar a “torcida mais chata do Brasil”. De lá para cá, o dono da camisa 1 nunca dava oportunidade a Giovanni, que comemorou títulos na condição de reserva de luxo. Quando Giovanni, em função da primeira contusão séria do Victor, assumiu e bem a posição, uma fatalidade o afasta dos gramados.

Com o terceiro goleiro, o jovem Uilson, recém promovido das divisões de base, o Galo enfrenta de cara aquela gente do outro lado da lagoa. Numa infelicidade do novo dono da posição, a partida foi decidida e o Galo derrotado. Temia pelo que viria depois, mas o treinador Aguirre, assegurou a permanência de Uilson, apesar da contratação emergencial do já bastante rodado Lauro.

Louvo o treinador pela decisão, se Diego Alves tivesse sido afastado depois daquela fatídica derrota para o Fortaleza (o Galo vencia por dois a zero e tomou a virada em menos de 15 minutos) certamente não teria alcançado o sucesso que tem hoje. E mais, em poucos dias, tanto Victor quanto Giovanni estarão à disposição do treinador. Pena que o segundo estará alijado da Copa Libertadores pela conjugação de regulamento e emergência necessárias.

 

Blogueiro

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  • Só tenho a agradecer pela excelente crônica histórica - (fingidamente) desprezada somente por aqueles que carregam a mancha do fascismo e da corrupção em seu percurso. Torcemos contra o vento e a favor de quem quer que seja, desde que envergue esse manto sagrado, excetuando-se, é claro, alguns vilões que jamais poderiam portar nossa couraça. Vamos abraçar o jovem e desacreditado goleiro, abracemos também o olvidado Lauro, além do achincalhado Carlos Eduardo. É no Galo que o oprimido se liberta, e que o desprezado reencontra sua glória.

  • Ortiz, junto com Reinaldo, foi o maior formador de torcida que já vi envergando a gloriosa camisa do Clube Atlético Mineiro. Antecipou em muitos anos o advento dessa questão do marketing esportivo, pois toda criança lá pelos anos de 1976/1977 (eu inclusive), atleticana em sua maioria esmagadora, queria ter o mesmo uniforme de goleiro do uruguaio. Batia penaltis, como você disse, e as vezes ele defendia a bola chutada contra o seu gol matando-a no peito, para delírio da massa. Pena que ele saiu do Galo como saiu. Merecia, com justiça, uma homenagem da diretoria atleticana, por ter contribuído, e muito, com o gigantesco crescimento da massa atleticana ocorrido nos anos setenta!

    • Bem lembrada a defesa do Ortiz matando a bola no peito e saindo para o jogo. Houve um certo camisa 10 que ao se despedir do time de Belo Horizonte, passou por isso, já quando estreou no Fluminense do RJ, aconteceu o mesmo lance em cima do Ortiz. O Mineirão veio abaixo, foi inesquecível.

  • Caro Eduardo, Ortiz foi goleiro do Galo em 76. Em 74 lembro-me do recém falecido Zolini, que Deus o tenha, mas que no nosso gol não deixou saudade. Hoje estamos bem, também, de goleiros. E neste ano ninguém nos segura!

  • Entendo esta psicologia para os mais novos e despreparados (obviamente pela idade) , mas este ano nossos objetivos não permitem isto. Ou entra um cara preparado ou não entra... Nossa vantagem do estadual já foi pro saco mais uma vez no jogo mais importante da primeira fase. Reconheço que o ataque perdeu várias chances, mas a falha do goleiro foi bizarra demais.

    Enfim. Que o uilson volte ano que vem ou depois, neste ano somente os mais preparados deverão ter chances. Não há margem de erro para quem almeja conquistar o mundo.

    No mais os textos são ótimos... Até..

  • Ilustre Eduardo, Ortiz chegou ao galo em Maio de 1976 e permanceu até meados de 1977, após aqueles três jogos na final do campeonato mineiro de 1977, posteriormente João Leite assumiu a titularidade, em 16/10/1977, Mineirão GALO 4 x 1 REMO, na outra rodada 23/10/1977 GALO 3 x 0 SANTOS, e foram 8 vitórias seguidas, em especial em 06/11/1977 GALO 1 X 0 cruzeiro, gol do zagueirão MÁRCIO GUGU ou PAULADA como queiram, João Leite pegou pra caramba, oreserva do João Leite era o Sérgio Biônico. Márcio Gugu mora em Uberlândia hoje. Enfim Eduardo apenas para ilustrar teus comentários. Antes do Ortiz tivemos o Ado ex corinthians arrumou nada por aqui. Em 1974 tinhamos o Mazurkiewicz, Zolini e Careca. Saudações alvinegras e abraços.

    • Gostaria de saber ou de lembrar contra qual time o goleiro Sérgio Biônico sofreu uma contusão na cabeça que o tirou dos gramados. Salvo engano, foi contra um clube carioca, o Vasco, em jogo no estádio do barro preto. Procede isso? Quanto ao Ortiz, achei uma grande injustiça o que fizeram com ele. Arranjaram um culpado pela derrota, mas dizer que houve entrega de jogo foi um absurdo. Saudações alvi-negras!

    • Bem colocado, caro Dario, me lembro bem do Ado. Foi, até hoje que eu tenha visto, o único goleiro substituído no meio de uma partida, por deficiência técnica. ObriGalo pela observação!

  • Parabéns! Belo histórico da posiçao, pós Kafunga. E de quem sentiu na pele a ingratidão da posição.

  • Como saudosista e fundamentalista Alvinegro,alegro-me em poder ler um Alvinegro das antigas reverenciar uma das posições mais ingratas do futebol,a de goalkepper. Vi alguns destes que tu enumerastes em ação e concordo que fizeram a diferença. Já apoiamos vários 'braços de tiranossauro rex ' tbm rsrs . Não acho que o Uilson falhou nqle lance,penso que a zgueirada em especial o Thiago deixou ................ chutar e a bola quicou à sua frente o que dificulta muito para qqer goleiro - tu que já fostes um sabes bem disto - ,acho que o Aguirre faz o certo , tem dar moral para o piá neste momento. Sei que falas de goleiros da década de 70 ,outro que tbm merece destaque é o Cafunga com ou sem embu*******to .Parabéns pelo espaço e #GALOSEMPRE
    PS> Desculpe-me o 'tu' é que sou um ex- exilado em terras onde para qual lado olhar só se vê vermelho e código de barras hehehehe voltando agora para o interior das montanhas de Minas - - Barbacena - ainda não recuperei o meu minerês .

  • Como atleticano, li curioso o texto tão bem colocado e bem redigido. Tudo que se refere ao Atlético tem a ver comigo. Mexeu com o Galo, mexeu comigo! Parabéns pelo texto enfocando a saga dos goleiros atleticanos.

  • Descordo de você, prezado amigo Atleticano. Acho que o momento é de priorizar a competição, e não o indivíduo. Quando falo em competição me refiro a Libertadores. Uma falha pode custar ao time o primeiro lugar no grupo e, consequentemente, o primeiromlugar geral. O Uilson ainda terá bastante tempo pra provar seu valor. O campeonato Mineiro esta aí pra isso. Grande abraço.

  • Parabéns Eduardo pela brilhante recapitulação dos grandes goleiros do Glorioso desde a década de 70. Permita-me lembrar de Mussula e Renato, que também serviram de inspiração para várias meninos que acabaram jogando no gol. Sds Atleticanas do Rúbio

    • Bem lembrado, Musssula fez história no Galo. Renato foi mencionado. A defesa dele no jogo com o SP decidiu aquele título.

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