Este final de semana sem jogo do Galo conseguiu o mérito, pelo menos para o Atleticano, de transformar a odiada segunda-feira no dia mais aguardado da semana. Líder do Brasileirão, com vantagem suficiente para segurar a posição ainda que sofra uma zebra diante do Fluminen-C no jogo de amanhã, o time vive um momento de afirmação que tem feito muita gente sentir que este ano não vai ser igual àqueles que passaram.
Ainda que a prudência recomende calma e por mais que meu lombo calejado de Atleticano tenha sofrido com bordoadas inesperadas nos últimos anos, devo confessar que está sendo muito bom curtir este momento. É muito bom quando a gente vê em campo tudo aquilo que sempre desejou para o alvinegro. O time está bem, tende a melhorar e certamente estará ainda mais ajustado daqui a um mês, quando encontrarmos o Palmeiras pela semifinal da Libertadores.
Antes disso, enfrentará o mesmo adversário de amanhã outras duas vezes pela Copa do Brasil e meu prognóstico é o seguinte: se o Galo jogar metade do que jogou na quarta-feira passada, nos 3 a 0 sobre o River Plate, e o Fluminen-C jogar o dobro do que jogou contra o aplicado Barcelona de Guayaquil, a possibilidade de avançarmos para a semifinal fica entre 77,3 e 89,4%! (Precisão estatística é tudo no mundo do futebol moderno).
A hora permite, também, uma reflexão sobre o caminho que nos trouxe até aqui e isso nos obriga a pensar no que teria acontecido se os responsáveis pelo futebol atleticano tivessem se dobrado a toda pressão que receberam. Conviver e agradar a uma torcida, ainda mais uma torcida atuante e passional como a nossa, não é fácil: para toda decisão que se tome, sempre haverá alguém para dizer que o outro caminho teria sido melhor. O torcedor, por definição, é movido mais pela paixão do que pela razão. Isso não é defeito nem qualidade — é característica.
Tenho visto na internet manifestações muito parecidas com as que, ao longo de minha vida de Atleticano — do tipo que chegava no “28” do Mineirão como se estivesse entrando no melhor bar do mundo —, vi acontecer ao vivo, nas arquibancadas. São atitudes espontâneas que às vezes me irritam, mas às vezes me divertem. Uma das mais ilustrativas do que estou dizendo não aconteceu no Mineirão, mas na arquibancada do acanhado estádio 1º de Maio, em São Bernardo do Campo, numa partida da Copa São Paulo de Juniores de 2005.
Naquela tarde, cancelei alguns compromissos e fui com amigos ver a base do Galo enfrentar o Fluminen-C. O Atlético abriu o placar, com um gol de falta do zagueiro Lima. Dali a pouco, o time carioca empatou e a partida prosseguiu morna e sem alternativas (esse seria o placar final e o Galo avançaria na cobrança de pênaltis). Foi um jogo chato, numa tarde de muita chuva.
Já no segundo tempo, um sujeito que assistia à partida atrás do banco do Galo (que ficava do lado oposto ao que nos encontrávamos) deu a volta no anel do estádio apontando para o banco e gesticulando. Quando chegou perto de onde estávamos (para variar, no lugar mais “agitado” da torcida), ele se pôs a gritar: “Professor! Põe o Pedro Paulo aí, professor!” Fez isso uma, duas, três vezes, tantas quanto foram necessárias para ser notado pela torcida atleticana — que certamente, para fazer festa, entrou no embalo. E se pôs a gritar: “Ah! É Pedro Paulo! Ah! É Pedro Paulo!”.
Eu nunca tinha ouvido falar de Pedro Paulo até aquele dia. Também confesso que poucas vezes voltei a ouvir falar dele depois daquilo. Juro que fiquei calado, mas meus amigos engrossaram o coro, que não parou de gritar o nome de Pedro Paulo até ser atendido. Quando isso aconteceu, o tal sujeito — que devia ser o pai ou o empresário do rapaz — voltou calado para o lugar de onde veio, certamente feliz por ter cavado a oportunidade para o pupilo mostrar um talento que, pelo visto, não justificava o apoio que recebeu naquela tarde chuvosa em São Bernardo do Campo.
Me lembro dessa história toda vez que vejo a torcida endeusar um jogador cujo talento não justifica o prestígio com que é aguardado. Ou, então, toda vez que vejo meus amigos corneteiros pegarem no pé de quem não merece por alguma razão que nem eles mesmos sabem qual é. No atual elenco alvinegro, ninguém foi mais criticado por essa turma do que o goleiro Everson, que se tornou alvo da galera antes mesmo de estrear com a camisa do Galo.
A implicância com ele foi tanta que até mesmo uma das boas qualidades do goleiro, a de saber jogar com os pés, virou defeito na voz dos mais implicantes. Nunca entendi a birra e, quem acompanha meus textos neste espaço (que ocupo por cortesia do titular Eduardo de Ávila), sabe que eu jamais engrossei o coro dos que desejavam ver Everson pelas costas (mesmo porque, essa história de ver goleiro pelas costas pode até pegar bem em times que têm como principal objetivo da temporada não cair para a terceira divisão. Mas não pega bem no Galo!).
Contratado a pedido de Jorge Sampaoli, o goleiro enfrentou a hostilidade de alguns corneteiros que jogaram sobre ele a birra que tinha do careca argentino. Everson cometeu falhas? Sim. Mas bem menos do que a turma dizia. Num time que tinha o ataque como única preocupação e que sempre deixava a retaguarda escancarada para os contra-ataques adversários, ele, de fato, andou deixando passar bolas que pareciam defensáveis. Mas daí a considerá-lo o pior goleiro da história do Atlético e submetê-lo a constrangimentos desnecessários, como os mais exaltados andaram fazendo, vai uma distância enorme.
Não estou me referindo, naturalmente, aos que, no início, achavam a contratação desnecessária devido à presença no time do bom goleiro Rafael. Digo, isso sim, dos que engrossavam o coro contra Everson com a mesma insistência dos que pediram por Pedro Paulo sem jamais tê-lo visto em campo.
Chegou uma hora em que os exaltados se tornaram inconvenientes. Isso aconteceu depois da derrota por 3 a 2 para o Vasco da Gama, em janeiro deste ano, quando chegavam a invadir as redes sociais de Rafaela, mulher de Everson, com críticas pesadas e injustas ao goleiro. A raiva era tanta que muita gente acreditava (ou até desejava) que, no momento em que Sampaoli fosse embora, Everson estaria fora do Galo.
A surpresa veio quando Cuca foi contratado para substituir o careca. Na entrevista de apresentação, uma das primeiras perguntas que ele ouviu, feita pelo competente Breno Galante, foi justamente sobre a importância de um goleiro saber jogar com os pés. Para irritação de quem esperavam uma resposta conservadora, Cuca foi claro sobre o que pensava a respeito: “Tem importância, sim! Saber jogar com os pés, iniciar a construção das jogadas, principalmente quando se propõe a tomar a iniciativa nas partidas é fundamental”. O apoio do treinador, que muitos imaginavam que jogaria por terra o bom trabalho que Sampaoli iniciou, não foi suficiente para encerrar oblenga-lenga.
Tanto assim que, no momento em que Rafael (a quem ainda espero ver numa sequência de jogos como titular do Galo) sofreu a contusão no ombro direito, na partida contra o Athletic pelo Campeonato Mineiro, alguns lamentaram o acidente não pelo dano que causou ao jogador. Lamentaram porque viu na tragédia uma espécie de garantia de que Everson seria mantido no gol.
E a sina prosseguiu. Ainda que Everson jogasse bem e fizesse defesas difíceis na maioria dos jogos, sempre o criticavam diante da menor suspeita de erro. Na partida contra o Ceará, em Fortaleza, pela 6ª rodada, o goleiro cometeu aquela que talvez tenha sido sua falha mais evidente no gol alvinegro. Ao invés de tentar justificar o erro, ele assumiu a responsabilidade e tocou o trabalho adiante com as únicas armas que um atleta dispõe numa hora como essas: afinco nos treinos, atenção redobrada aos lances e busca por melhoras constantes. Mais do que isso, redobrou a fé e o compromisso com o acerto. E pediu desculpas. Isso: teve a grandeza de se desculpar pelo erro.
Desculpas! Essa é a palavrinha mágica que Everson, um dos responsáveis pela série invicta que levou o Galo à liderança do Brasileirão, deveria ouvir de uns e outros. Ainda mais depois do que ele fez nas duas vitórias sobre o River Plate, que puseram o Atlético na semifinal da Libertadores.
A cada dia, Everson se esforça para aperfeiçoar o trabalho. Se isso não o torna infalível, pelo menos demonstra que ele pode acabar escrevendo seu nome, ao lado de Renato (o goleiro de 1971) e de Victor (campeão da Libertadores e da Copa do Brasil) entre os maiores da história. É hora de curtir o momento e de dar a ele o crédito que não teve até agora. Isso fará bem para a torcida, para ele e para o Galo. Eu acredito!
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Saudações atleticanas.
Curiosamente o Everson diminuiu as falhas e parou de tomar gols bobos depois que o Nathan Silva chegou. Eu só espero que o Everson (filho do 4Evis), queime minha língua. Já cornetei algumas vezes. Mas também reconheço que fez boas partidas. Que ele melhore e procure se aperfeiçoar em seus pontos fracos (chute à distância, chute rasteiro no canto esquerdo dele, saídas de soco em escanteio); O cara ganha muito bem pra ocupar a vaga principal. Então é trabalhar duro, manter o foco pra quem sabe, ganhando os títulos, pode virar unanimidade. Todo goleiro, por melhor que seja, já tomou um frango na vida. Espero que ele se consagre no GALO.
Vaaaaammmmmooooo GAAAALLLLLLOOOOOOOOOO!!
Amanhã eu quero 3 pontos em cima do florC, sem direito a lei do ex. E que o Galo deixe o boletão pro Fred pagar lá. esse cone não merece nada de refresco e nem de bondade.
Vídeo do Nathan, que tá jogando muito e ajudando o Everson inclusive:
https://youtu.be/JtpYr_DolvA
Boa noite Atleticanos e Atleticanas!
Leio todas resenhas e comentários deste espaço de "AmiGalos (as)" todos os dias.
Faz tempo que notei como tem torcedores 'bipolares' neste espaço, e como alguns sempre "tentam" procurar pelo de leão em gatos pardos quase sempre!
Alguns nuncam estão satisfeitos com o time e outros nunca enxergam os esforços feitos pela Instituição Clube Atlético Mineiro.
Passado pertence aos museus!
Parem de fazer comparações e tentar enxergar os defeitos nos jogadores, mais do que o admissível.
Alguns exageram -- sem a mínima razão -- ao insistirem em não verem o melhor, o razoável e o mais próximo do ideal.
Galo é o Lider, tem a melhor defesa, elenco de ótima qualidade, disputa as três maiores competições do país, tem suporte financeiro, Estádio em construção, boa administração, Torcida Hiperfanática, planejamento, respeito, etc.
O quê os "exigentes" querem mais *"nesse momento"*?
Títulos, troféus, projeção, manutenção e realizações... hão de vir se continuarmos apoiando inconteste toda a estrutura Atlético Mineiro!
Vamos contribuir com mentes positivas, pois as negativas e as vacilantes "nunca ajudaram em nada"!
Aqui sempre foi e será GALO!
É isso. Parabéns!
"Há 25 anos iniciava-se ... treinamento desse tipo ..."
Higuita, Ortiz, Chilavert, Ceni, acho que o Gatti também.....pois é, nada de novo no futebol .
Na hora que falha, criticamos, na hora que acerta , recebe os elogios.
Everson teve a sorte de cair nas graças do Sampaoli e ser contratado para esse projeto grandioso, nessa nova fase do Galo.
Espero que aperfeiçoe, corrija as deficiências que apresentou.
Mesmo que seja campeão de tudo não quer dizer que seja melhor que outros goleiros que já tivemos.
Agora ataques ao indivíduo Everson e seus familiares só merece nossa repulsa.
Na minha lista de goleiros tem
1- Victor e Renato
2- Taffarel, o mais técnico de todos que passaram pelo Galo
3- Carlos e Veloso
4- João Leite
5- Ortiz e Mazurca
6-Everson, pode subir de produção
7- Careca
NÃO CONFIO NO EVERSON , É UM GOLEIRO MEDIANO , INSEGURO E A QUALQUER MOMENTO PODE BOTAR TUDO A PERDER.
KALIL PARECE QUE ESTÁ COM INVEJA DESSA NOVA ADMINISTRAÇÃO DO GALO E FAZ DE TUDO PARA PREJUDICAR O NOSSO TIME.
AGORA VOLTOU A PROIBIR DE NOVO QUE A MASSA FREQUENTE OS ESTÁDIOS.
DE DITADOR NÓS JÁ ESTAMOS CHEIOS , PROCURE O SEU LUGAR KALIL.
A IMENSA MAIORIA DA POPULAÇÃO JÁ ESTÁ VACINADA , A EUROPA LIBEROU O PÚBLICO PARA TODOS OS ESPETÁCULOS.
O POVO NÃO ADMITE MAIS FICAR ENCLAUSURADO COMO SE FOSSE O FIM DO MUNDO.
LIBERE A MASSA JÁ .
Kalixo!!!!!
O transporte público abarrotado, os puteiros abertos e comendo solto.
O rei da hipocrisia!
concordo com você amigalo paulo Roberto. aqui em Portugal os jogos tem 33 por cento da capacidade dos torcedores no estádio. abre o olho Kalil.aff.
Preciso me desculpar também com Hulk, que eu achei que fosse aquele mediano da seleção e hoje se apresenta muito melhor que aquele.
Preciso me desculpar com Allan que chegou jogando nada e agora tá estraçalhando.
Preciso me desculpar com Zaracho que eu achei que era só mais uma "jóia".
Preciso me desculpar com Savarino que eu achava que era um Berola piorado.
E por aí vai.
O certo é que eu, como torcedor, aplaudo quando é pra aplaudir e vaio quando o cabloco não entrega o que se e$pera dele.
Boa tarde para todos!
Pedir desculpas ao Everson? O que esse rapaz ganhou no Galo? Confesso que não aprovo as ofensas aos familiares desse rapaz,mas pedir desculpas para um goleiro fraco que só defende no susto e bolas em cima dele é demais, esse tapaz não ganhou NADA ainda.
O Veloso só não foi campeão brasileiro em 99 porque o ladrão da latinha não deixou e hoje é comentarista de uma rádio mineira que me obrigou a migrar para outra por causa desse cara.
Esse Everson tomou dois perus contra o Ceará, um peru vergonhoso contra o Bahêa e foi salvo pelo VAR contra o Boca. Ele que trate de aperfeiçoar a sua performance debaixo das traves numa seqüência de jogos e se ganhar algum título importante eu virei aqui e o peço desculpas. Por enquanto NÃO ganhou nada ainda.
Falei e repeti que este time suino não é competitivo, cuiabá 2 x porcos 0. Time titularíssimo, sem poupar, resultado logico , seria cuiaba 6 a 1 , cuiabá errou 4 gols impossiveis e porco somente um. A cada dia mais animado, amanhã , mais um motivo pra ganhar . Perguntaram ao roque and roll junior qual melhor elenco. Sua resposta : iguais. Sei , eu acredito , de um lado, Diego Costa , , do outro, deyverson , se equivalem , na sua ótica , né roque?
Só faltava essa: pedir desculpas a frangueiro que cansou de entregar a rapadura em 2020. Em 2021 alem de ter tomado duzentos gols de fora da área deu duas entregadas contra o Boca (fomos salvos pelo VAR) e outra contra o Bahia que por pouco nos custaria a classificação. Vai chupar prego, Éverson. Pra ser ídolo do meu Galão vai ter que comer muito angu!
Bom dia!
Everson está evoluindo. Falta melhorar bolas rasteiras, de longa distância, e saida pelo alto.
As críticas foram justas e eficazes.
Contra o River eu vi uma falha, que quase foi gol, de chute de longa distância. Acredito que o treinador de goleiros, também viu, e irão trabalhar este fundamento.
Eu quero é a evolução do Everson
e outros jogadores.