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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

Os vendilhões do templo Atleticano

Max Pereira
@pretono46871088
@MaxGuaramax2012

Ano velho que se vai, ano novo que chega para o Atlético com a expectativa de muitas conquistas mais, mas com muitos desafios e dificuldades e, também, com a promessa de muitas emoções. Com essa frase iniciei o fechamento do artigo “É TEMPO DE FESTAS. É TEMPO, TAMBÉM, DE MUITAS REFLEXÕES, publicado nesta ultima quarta-feira, dia 22 de dezembro, na minha coluna PRETO NO BRANCO, no Portal Fala Galo. E é exatamente sobre os desafios e as dificuldades que se interporão nos caminhos do Atlético nesse 2022 que está por se iniciar que tratarei nesse ensaio.

Se de um lado o Galo mais famoso e mais querido do mundo fechou esse 2021 a bordo de resultados financeiros auspiciosos e inéditos em sua historia, cumprindo com folga o orçamento projetado para esta temporada, de outro, a situação econômico financeira do clube continua delicada e o alto endividamento do Atlético ainda preocupa seus dirigentes e aos mecenas. 

É natal. Tradição cristã à parte, nestes tempos sempre me remeto a episódios da vida do aniversariante que, se acontecessem nos dias de hoje, seriam incrivelmente atuais. Não atoa,  e mesmo não sendo religioso e nem místico, a passagem da vida de Cristo na qual Ele, indignado e furioso, expulsa os vendilhões do Templo, aflora em minha memória.

Nesse festival de especulações e de notícias, ora plantadas, ora sugeridas sutilmente, a alienação do restante do Shopping é vendida como uma solução miraculosa para os problemas financeiros do Atlético que ainda são graves e, como não poderia ser diferente, devem preocupar a qualquer gestor sério e diligente.

O orçamento para 2022, aprovado, segundo o clube informa, por unanimidade por seu Conselho Deliberativo, apresenta peculiaridades interessantes e projeta caminhos que podem ser solução ou um agravante para as finanças do clube. A alardeada venda do restante do Shopping, em particular, além de, no mínimo, reconfigurar radicalmente o patrimônio do Glorioso, pode ser tanto um tiro no pé, como pode ser a salvação da pátria. 

É sabido e ressabido que o escorchante endividamento que vem asfixiando o clube é consequência direta de péssimas gestões e da adoção, ao longo dos tempos, de uma condução temerária, sem nenhuma preocupação com a transparência e sem nenhuma visão de futuro. 

Embora a dívida do Atlético venha acarretando anualmente juros pesados, cujo montante vem superando significativamente o que o clube obtém de receita no mesmo período com o Shopping, alienar um patrimônio simplesmente para quitar uma dívida é sempre um passo delicado, perigoso e de consequências imprevisíveis, se não houver planejamento e gestão equilibrada e proficiente. Sem uma governança de qualidade e se os passos seguintes não forem bem medidos e conduzidos, dentro de pouco tempo o clube estará novamente bastante endividado e, agora, sem patrimônio.

Portanto, não se trata de ser contra ou a favor a venda deste ou daquele patrimônio e, sim, de cuidar para que todo e qualquer passo que se dê na condução dos destinos do clube, não debilite o Atlético mais ainda, inviabilizando, por exemplo, a sua capacidade de alavancagem, i.e., a sua capacidade de utilizar determinados recursos para aproveitar oportunidades de multiplicar seus resultados. Ou seja, seria desastroso se, após a alienação da metade do shopping, como o clube planeja e já busca a aprovação do Conselho Deliberativo, o Atlético se visse sem condições de potencializar os seus ganhos em um investimento ou de ampliar ou mesmo diversificar o seu patrimônio restante.

As recentes conquistas do Glorioso e a notável performance da receita nesta temporada não podem embriagar nenhum torcedor e, muito menos, levar qualquer conselheiro a aprovar qualquer medida da diretoria que, nos termos do estatuto vigente, requer a sua anuência, sem observar todas as variáveis envolvidas, riscos, os passos seguintes, as estratégias de negócio decorrentes, a relação custo beneficio e as consequências a curto, médio e longo prazos. 

Estima-se que o clube embolse cerca de 350 milhões de reais com a venda do restante do Shopping, valor insuficiente para zerar todas as dívidas. Diante de tudo isso, algumas perguntas precisam ser respondidas: 

Quais dividas seriam priorizadas e quitadas? E por quê? Quando se fala de um montante expressivo de juros que anualmente estariam asfixiando o clube, estão sendo incluídos nesta conta os juros decorrentes do Profut? Considerando que dentro de alguns anos a receita advinda do Shopping poderá alcançar valores bem significativos, talvez não fosse mais interessante buscar novamente renegociar as dívidas de curto prazo mais pesadas, alongando-as, i.e., trocando-as por dívidas de longo prazo com juros menores, como, aliás, já foi feito nesse ano de 2021? Como o orçamento não prevê novos aportes dos mecenas e nem tampouco há previsão de novos empréstimos, como o clube pretende suprir a necessidade eventual  de recursos se, por exemplo, esta ou aquela meta de receita não for atingida?

Estas e outras questões devem estar sempre na mira de qualquer conselheiro responsável e minimamente comprometido com a saúde financeira e o futuro do clube. E, claro, devem ser também prioridade para os gestores, vez que o projeto em curso, como fartamente anunciado, objetiva fazer do Atlético um clube autossuficiente, modelo de excelência em governança e potência no esporte, apto, portanto, a se transformar em uma empresa viável, autossustentável e sem o açodamento que vem marcando esse frenesi inconsequente em torno das SAF’s, algo ainda embrionário e marcado por interrogações jurídicas de toda ordem.

E, óbvio, mantendo íntegra a sua identidade, vez que o gigantismo do Galo deriva desse amor e dessa paixão ímpares de sua imensa e fiel torcida. Nunca é demais lembrar e considerar que clube, time e torcida constituem um todo, indissolúvel e perene.

É natal. É tempo de se fazer um balanço do ano que se finda. É tempo também para se refletir sobre os passos que devem ser dados no ano que se inicia, sob pena de ficar muito tarde para se corrigir os erros e, se for o caso, para expulsar os vendilhões do Templo atleticano.

Um feliz natal para todos, muita paz, saúde e discernimento.

11 thoughts to “Os vendilhões do templo Atleticano”

  1. Max e Canto do Galo, bom dia!!!

    Excepcional texto, Max!!!

    Magnífica escrita e argumentação.

    Show de bola e um golaço!!!

    A começar pelo título de seu texto de hoje: “Os Vendilhões do Templo”…

    Pelo seu raciocínio, vender o Diamond tem tudo para ser um tiro no pé…

    Compreendo e concordo…

    O Diamond, decerto e a priori, foi o que teria evitado o colapso financeiro do Atlético, eis que, esse patrimônio no mínimo constituiu como garantia de acordos financeiros para não inviabilizar o Clube nesse tempo de vacas magras que ainda acontece, no campo das finanças, embora no campo de jogo a Temporada 2021 tenha sido um sucesso.

    Como você bem finaliza seu texto, chegou o tempo de entender, compreender e sobretudo discernir…

    Tudo isso para decidir assertivamente…

    O Atlético, ao longo de sua história, já errou demais e acertou muito. Mas os erros e desacertos contribuíram sobremaneira para tornar o Atlético um Clube, embora reconhecido como gigante, com poucos títulos.

    Fato!!!

    Portanto, terá chegado o tempo de parar de errar…

    Em outras palavras, vender o Shopping pode vir a ser um tiro de escopeta nos pés e esporas do Galão da Massa…

    O tempo dirá…

    Todo cuidado é pouco…

  2. boa tarde Eduardo e massa e max Pereira. doar os 49 por cento ai é demais se tivesse milhões eu mesmo comprava. rsrs. quero desejar aos amigalos.feliz Natal aos. nosso chefe Eduardo Ávila o maior blog do Brasil. paulo silva. Reinaldo. Eduardo barata.angelo.ernest.domingos Sávio.paulo Roberto. galo Roberto. Lugalo o sumido. rsrs. Eduardo galo doido.ricardo Divinópolis. Pablo. e outros que estão sempre aqui no maior blog do Brasil. a galo obrigado por tudo. haja vinho e cachaças. kkk.galoooooooo.vai galooo.

  3. “sem o açodamento que vem marcando esse frenesi inconsequente em torno das SAF’s, algo ainda embrionário e marcado por interrogações jurídicas de toda ordem”.

    Pois é, e para quem sabe ler os sinais, esse frenesi em torno da venda do shopping só quer dizer uma coisa: lamentavelmente o Galo está sendo preparado para ser vendido. Para virar SAF.

    Em primeiro lugar isso está sendo vendido como uma ‘modernidade’ sem volta. Todos os times do mundo, mais cedo ou mais tarde, terão que virar SAF se quiserem sobreviver. Uma ‘verdade’ que não contaram ao Real Madrid, ao Barcelona e outros grandes que não cogitam essa transformação.

    Em segundo lugar, tá todo mundo achando que virar SAF é o caminho para se tornar um PSG. Ora, os objetivos dos investidores são variados, mas todos eles almejam um ‘lucro’ para o seu dono. Se o PSG tem como finalidade ‘vender’ a imagem de seu dono e do seu país, se esse é o seu lucro já que não precisa ganhar mais dinheiro, há outros objetivos mais modestos, mas sempre visando o benefício de seu proprietário. Como por exemplo, se tornar exportador de jogadores e assim obter lucro financeiro. É só esquecer que um clube de futebol deveria almejar conquistas esportivas.

    Porque o objetivo de uma associação esportiva é ser vitoriosa, é obter títulos. Esse é o lucro a que todas elas almejam. E por isso mesmo, para alcançar seus objetivos, muitas vezes essas associações atravessam o limite do bom senso e acabam endividadas a um ponto sem volta, como é o caso de um clube desta cidade.

    Por outro lado, o objetivo de uma empresa é o lucro. Em geral, lucro financeiro. As vitórias e os títulos têm interesse na exata medida em que essas vitórias e esses títulos impactam as receitas dessas empresas. Porém, entre obter um lucro financeiro maior, vendendo um jogador chave no meio da temporada, ou um lucro menor, sendo campeão nessa temporada, uma empresa que visa ao lucro e que sabe fazer contas, não se preocuparia em sacrificar conquistas para obter lucro. Lucro para o seu dono que ficaria ainda mais rico. Francamente, é isso que queremos para o Galo?

    Se as associações esportivas carecem de profissionalismo e de boa gestão, esse é um argumento definitivo para que elas sejam vendidas e tenham um dono que não será a torcida? Por que os defensores dessa tese não explicam o motivo pelo qual as associações, regidas por um estatuto moderno e rigoroso, não podem também ter boa gestão e profissionalismo? Por que precisam de um dono que vise ao lucro financeiro e o sobreponha ao lucro esportivo?

    Voltando aos sinais, é claro que a venda do shopping é o primeiro passo para a constituição de uma SAF no futuro. Se tal SAF fosse criada hoje, a participação no shopping ficaria para a associação, já que não é um ativo esportivo. E as dívidas continuariam a existir. Então o dono da SAF deveria dispor de 20% do faturamento e mais 50% do lucro para quitar as dívidas. Ora, muito mais ‘gostoso’, para ficar com o termo usado pelo mais provável futuro dono do Atlético, que a SAF pegue o time sem dívidas. E para quê deixar para o antigo Atlético um patrimônio tão valioso que ele poderia se reerguer se tudo desse errado? Melhor comprar um time de uma associação frágil que não faça sombra ao poderoso dono da SAF. Ah, e claro, 90% (ou mais) porque essa coisa de 51% é um sinal de fraqueza que um capitalista que só pensa em ter lucro não pode manifestar.

    Infelizmente os vendilhões do templo já são hoje, na prática, os seus donos. Quem irá detê-los? Os conselheiros? Duvido! Hoje são os vendilhões. Amanhã serão os compralhões. Triste fim de um clube que nos fez sonhar um sonho diferente, mas ao final das contas, será apenas ‘mais do mesmo’.

  4. Sinto engulhos que vejo ou ouço os chamados mecenas. São rapinosos a nos espreitar. Até cego vê que a cada ano o patrimônio do GALO diminui e suas dívidas vão as nuvens. É claro como um lago de água cristalina. Num bastassem tantas evidências temos a situação lastimável pelo que passa o CRUZEIRO. O Ronalducho que nada faz pelo futebol, busca, apenas, encher os próprios bolsos. Ele não esta só, há muitos outros espertalhões na praça!

    1. Clara como água, e também lastimável, é a presença de torcedores do CSA/MG neste blog onde o assunto, pensava esse pobre incauto, era SÓ GALO (exceto quando for para execrar o CSA/MG e seus asseclas, naturalmente).

  5. BOM DIA MAX E EDUARDO.
    VENDER OS 50% DO SHOPPING POR ESSE VALOR É UMA INSANIDADE E IRRESPONSABILIDADE.
    A VENDA DO SHOPPING SÓ COMPENSA SE FOR PARA QUITAR TODA A DÍVIDA.

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