Imagine o que o atleticano José Gomes Ribeiro sentiria caso se visse privado de ir ao estádio durante essa pandemia que veio infernizar a nossa vida. Ficaria desesperado. Andaria de um lado para outro, esbravejando e acusando esse tal Covid-19 de torcer para certo time do Barro Preto ou de ter surgido apenas para impedi-lo de fazer o que mais gostava: ver o Atlético em campo. E não sossegaria enquanto não achasse um jeito de se fantasiar de um desses totens de papelão instalados nas cadeiras só para conseguir estar no estádio.
Estava sempre nas arquibancadas durante os jogos. Fizesse sol ou chovesse canivete, ele estava lá — numa fidelidade tão extrema que acabou se tornando seu apelido. José Gomes Ribeiro é o nome de Sempre, que merece reverência como o maior atleticano de todos os tempos. Símbolo de uma época que, mesmo não contando com o reconhecimento que lhe é devido, foi fundamental para a consolidação do Galo como potência do futebol, Sempre tinha manias que inspiraram mais de uma geração de atleticanos.
Não posso afirmar que tenha nascido com ele um princípio que era uma espécie de dogma no início de minha vida de torcedor: um atleticano, para merecer lugar na torcida, não vaia o time nem xinga quem estiver em campo com a camisa alvinegra. O que se pode dizer é que ele não apenas praticou esse mandamento como, também, cuidou para que outros o obedecessem. Se alguém vaiasse o time perto dele, seria chamado às falas. Dono de um vozeirão poderoso e de uma força física descomunal (que nunca utilizou por razões banais), deixou um exemplo para quem o conheceu: se o time estiver jogando mal, ao invés de vaiar, incentive!
Ele nunca se referia ao time como Galo — parece que via como afronta chamar pelo apelido o Clube Atlético Mineiro, que, para ele, era a instituição mais importante do mundo. Funcionário público de baixo escalão, andava por Belo Horizonte levando documentos de uma repartição para outra. Isso permitia que estivesse sempre na rua e, tanto quando conseguia, dava um jeito de escapulir e passar pelo estádio de Lourdes para acompanhar os treinos e “dar suas instruções” aos jogadores (como todo bom atleticano, gostava de dar pitacos. Mas as críticas se calavam quando o time entrava em campo. Aí, era só apoio)
No início dos anos 1960, durante uma das muitas crises financeiras que quase levaram o clube à falência, ele sempre aparecia para ajudar o lendário Zé das Camisas a cuidar dos uniformes. Também se apresentava como voluntário toda vez que Francisco Gonçalves Filho, o Leiteiro, outro grande atleticano, precisava de alguém para aparar a grama do campo ou dar uma demão de tinta nos alojamentos. Não cobrava nada por isso. Era uma forma de demonstrar o amor que sentia pelo Galo.
Cheguei a vê-lo algumas vezes, na arquibancada do Mineirão, onde chegava com a Charanga do Júlio, o Mais Amigo, e também nas apresentações de gala que o “Juvenil” do Atlético (com Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro e Danival em campo) fazia no velho Independência, nas manhãs de domingo, em 1973 e 1974. Era impossível não reparar naquele sujeito inquieto, que nunca se sentava para ver o jogo. Era comum vê-lo andando de um lado para o outro, sempre dando suas “instruções” ao time. Isso começou nos anos 1950, quando ele teve os primeiros contatos com o clube, e o ano de 1977, quando, por convocação de Deus, ele abandonou definitivamente os estádios.
Às vezes fico pensando na maneira que um amor incondicional como o de Sempre seria recebido nos dias de hoje. Fico imaginando, por exemplo, como ele teria reagido se estivesse no meu lugar dias atrás, quando li num dos grupos de Whatsapp do qual participo, alguém que se diz atleticano não se importar com o gol que o Internacional fez no time do Galo porque tinha escalado o artilheiro do time gaúcho num jogo de azar chamado “Cartola”. Quando li essa besteira, senti um desânimo profundo. Sempre, com certeza, teria sentido ódio do sujeito.
Esse caso foi o mais extremo, mas tenho presenciado outros igualmente ridículos. Dias atrás, ouvi uma crítica a Jorge Sampaoli pelo hábito de promover rodízio na escalação: isso prejudica, olho só, o desempenho dos jogadores do Galo no tal Cartola. Fico por aqui com minha implicância. Não tenho a pretensão de competir, a partir deste espaço generosamente cedido pelo amigo Eduardo de Ávila, com os comentaristas e apresentadores de TV que falam mais desse jogo de azar do que dos times.
Nesses tempos estranhos em que o futebol vem se tornando um negócio cada vez mais caro e sofisticado, ninguém pode reduzir um time a uma pilha de estatísticas e de esquemas táticos. Os números, por melhores que sejam, são inúteis para o time que não tem uma torcida apaixonada. Um clube, por mais bem administrado que seja, jamais se firmará potência nesse esporte se não conseguir despertar amores incondicionais como o de Sempre nem conquistar a fidelidade de uma legião de torcedores que não formam sua opinião com base apenas no número de desarmes e de assistências.
Esse tipo de ideia pode parecer fora de moda numa época em que todo mundo parece ter se tornado especialista em futebol e se dá o direito de criticar treinador que prefere jogar no quatro-quatro-dois quando poderia muito bem escolher o três-cinco-dois. Eu evito desse tipo de discussão. Meu papel nessa engrenagem maravilhosa que faz mover o Galo é idêntico ao de Sempre: torcer. Não quero, claro, me colocar na mesma altura desse grande atleticano. Sou muito pequeno perto dele. Só digo que, se tivesse que escolher entre o apoio incondicional de Sempre a cornetagem que destrói um jogador ao menor erro, não tenho dúvida sobre o lado que escolheria.
Cada um tem sua maneira de torcer e de ver o jogo e todas elas merecem respeito. Para mim, atualmente, não há companhia eletrônica que me deixe mais feliz durante as partidas do que o da torcida Raça Galo, que existe desde meados dos anos 1970 é é formada por um grupo egresso do Centro Pedagógico e do Coltec da UFMG. Tínhamos e ainda temos em comum o amor incondicional (embora não acrítico) pelo Galo. Hoje, ainda jovens, embora um pouco mais rodados, voltamos a nos reunir para trocar ideias e torcer durante as partidas. Tem gente em BH (Marcelo, Sérgio Luz, Chico Celso, Mada Eulálio de Souza, Eugênio Barrote, Mário Caporalli, Binha e Nelsinho), em Brasília (Clara Arreguy), em Viçosa (Renato Feio), em Santos (Gilmar Cocenza) e em São Paulo (Cristine Braga e eu). Cada um tem sua opinião — mas nenhum de nós comete o despautério de torcer por jogadores adversários porque isso renderá pontos no Cartola.
Em outro grupo, tenho um amigo, Jorge Machado Guimarães, o Guima, que é extremamente crítico em relação ao time, ao treinador e à diretoria — qualquer que seja o time, o treinador ou a diretoria. O jogador pode fazer dez gols que será sempre lembrado por ele pelo lance que chutou para fora. Outro amigo, o araxaense Luciano Santos Marques, o Muchacho, é exatamente o oposto: sempre acredita que o Galo conquistará o título, independente de quem esteja em campo. O jogador pode perder dez gols feitos que sempre será lembrado por ele pela bola que pôs para dentro.
Uma partida, relatada por um ou por outro, parecem dois eventos distintos. Essas características, porém, não significam que um seja mais atleticano do que o outro. Significam apenas que há maneiras distintas de viver o amor pelo clube. Só não me venham, por favor, querer que eu — que devo parte de minha formação atleticana ao exemplo de pessoas como Sempre — considere normal que se julguem os jogadores do Atlético com base em estatísticas que não levam em conta o respeito à camisa, o empenho em campo e o compromisso com a torcida. Isso, no final das contas é o que importa. Sempre.
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Boa noite MASSA!
Já me chamaram p participar desse jogo. Recusei. Até p q os 11 jogadores escolhidos seriam Sempre os do 9ALO.
Eu crítico, mas torcer contra: jamais.
Pra mim o lance do gol do Inter, está igual ao bostafogo: atravessado na guela.
BORA 9ALÃO DA MASSA!!!!!!
BORA, P@&&@!!!!!!
Bom dia amigos do Galo. Graças a Deus as opiniões são diferentes, eu renovaria o contrato com o Vitor, que ao meu ver é muito mais goleiro que o Everson . Resumindo, estamos muito bem de goleiros, gastem com um cara que faça gols.
Caros,
Ñ vamos nos DISPERSAR agora...o jg é o q tá sendo jogado... Torcida ñ entre em campo, muito menos em tempos de Covid-19!
Pq cargas o time vem todo AFOGADO, uma constante na até agora desastrosa GESTÃO SETTE Câmara, toma uma série de traulitada, aí no dia seguinte o torcedor vai a campo e APOIA incondicionalmente, nada aconteceu...NONSENSE!, isso é jogar contra o CLUBE: ñ confio nessa PREGAÇÃO barata! Dizer q é OTIMISMO? A paixão pode descambar para o masoquismo, facim facim!...
TORCER E APOIAR INCONDICIONALMENTE É A MESMA COISA?:
O CLÁSSICO da FAMA falaciosa do APOIO INCONDICIONAL e Dadá Maravilha!:
Dadá era uma problemática prA torcida q Ñ o suportava, nem em treinos, queria vê-lo longe. O cara era RUIM de doer! As vaias eram jg após jg...isso tá fartamente documento e o próprio Dadá confirma a VERDADE!...É o FATO! A narrativa jg com os fatos!...Ah! mas se tivessem ido na onda da torcida, 1971 ñ aconteceria. Pessoal, as coisas ñ se deram bem assim e ñ houve Ah! mas se... FATO!...O time de 71 existiu com Dadá, q era vaiado pq era ruim, foi campeão e ele continuou sendo contestado, até ser negociado. Os fatos diminuem o Boa Praça Dadá, jogador raçudo, catimbeiro e fazedor de Gols?...diminui a qualidade da AGUERRIDA torcida atleticana? Houve Dadá, ÍDOLO MAIOR!, há a VAIA, os dois SEMPRE vão existir! FATO!
Jogador do naipe d PASTOR Lero Lero vestir nossa camisa desleixado daquele jeito, fazendo favor. Aplaudir? Ñ tenho! E nenhum RESPEITO tenho por quem trouxe, fingiu ñ "ver" e manteve a negociata da FÉ dentro do CT! Vergonhoso!... Patrick 10 anos, ali creio q era um LOVE, só pode aquilo ñ tem nada a ver com futebol!
Obs.: NÃO VAMOS NOS DISPERSAR!
AVISO aos incautos: O caneco tá encomendado prá Nossa Sra de LOURDES!...!
O de q o time precisa é de REFORÇOS prá encorpar e VENCER!
Vamos exigir do SETTE e dos Mecenas o compromisso do nosso hino VENCER VENCER VENCER! ...!
o resto é estória!
AQUI É GALO?
AQUI É GALO!
GALO SEMPRE!
O goleiro que está sendo contratado pelo GALO, Everson, é muito, muito fraco. É o popular "chama gol", goleiro para times pequenos. TODOS os nossos goleiros (Rafael, Victor e Matheus Mendes), são bem melhores que ele. Dinheiro mal gasto, para uma posição em que estamos muito bem servidos. Uma pena. Espero que Sampaoli não cometa o grande equívoco de colocar o Rafael na reserva. No Santos, ele preteriu o ótimo Vanderlei, que acabou indo para o Grêmio, para colocar o fraco Everson como titular. Não existe nenhum santista que tenha sido a favor dessa mudança. Nosso treinador é o melhor do país, mas todos erramos, não é mesmo!? SAN
Concordo plenamente! Dinheiro que poderia ser investido em outra posição. Um armador e um centroavante. É o que o Galo tá precisando. Acho esse Everson fraquíssimo. Que o Sampaoli mantenha o Rafael como titular, pois tá jogando muito! Até entendo o rodízio de jogadores e tal, mas goleiro não precisa de participar disso, né?! Colocá-lo na reserva agora, seria uma tremenda covardia. Galo, sempre!
Concordo na íntegra, os goleiros do NOSSO GALO são muito bons.
Esse jogo contra o Santos merece uma atenção redobrada. O time paulista tem dois pontas muito velozes e habilidosos. Geralmente empurra o adversário quando joga em seus domínios. Para este jogo, não terá a dupla de zaga titular (luan perez e veríssimo), além do volante Alisson que joga na frente da zaga. É a hora do Sampaoli. Jogo bom para Marrony e Sasha juntos. Savarino e Keno não vivem bom momento. Eis aí meu time: Rafael, Guga, Rabelo, Alonso e Arana; Jair, Allan, Franco; Marquinhos, Marrony e Sasha. Palpite: Galo 3x2.
Apesar deste espaço ser dedicado exclusivamente aos Atleticanos, embora eu reconheça ser irresistível para os não-atleticanos, gostaria de deixar registrada a minha indignação com a falta de respeito com um técnico intragável que vinha proporcionando enorme alegria para a maior parte da população do estado. Aproveito a oportunidade e lanço a campanha #givanildoliveiranão. Abraços!
Boa tarde, Eduardo!
Boa tarde Massa!
Boa tarde, Galuppo!
Você é um mago nas palavras!
Santas palavras!
Santas palavras!
Que nenhum atleticano cometa o sacrilégio de torcer pra jogador de cartolixo!!!
Ah...que saudades do "juvenil" time do Galo!!! Dali saía Cerezo, Reinaldo...já o "sub" só revela "subjogador".
SEMPRE,símbolo eterno do torcedor Mor do CAM
Bom dia Ricardo, Eduardo, Lucy, atleticanos e atleticanas,
penso que se o SEMPRE estivesse vivo nesses tempos de isolamento ia ficar igual o Eduardo, sempre tentando achar um jeito de acompanhar o Galo, ahahahahhahahahahahhahahaah...
O SEMPRE nunca precisou de "títulos" pra ser feliz com o Galo, a simples existência do time bastava.... Pessoas assim são sempre mais felizes... Tem gente que apregoa que só será feliz com o time quando ele for "multicampeão", coitado!!!! Talvez espere muito tempo pra ser feliz.... melhor ser como o SEMPRE, sempre feliz enquanto existir o Galo...
Mais um grande texto e uma grande lembrança... Esses sim merecem não ser esquecidos....
Uma ótima terça àqueles que torcem SEMPRE pro Galo em qualquer situação....
Alguns Atleticanos ficaram marcados na história do Clube ao dedicarem suas vidas a essa CAMisa e contribuírem para a sua história centenária. Bodão foi um desses abnegados q muito contribuiram p a grandeza da Instituição sem que seus nomes fossem lembrados em qualquer registro,a ñ ser pela lembrança da torcida. Esse Atleticano foi o criador do símbolo da Torcida Dragões da FAO, a primeira Torcida Organizada do CAM,época em q as arquibancadas do Gigante da Pampulha eram pintadas somente pelo preto e o branco. Em 1981 ganhou um Manto Alvinegro das mãos do Cerezo,este foi o um dos prêmio pela sua dedicação,o outro foi o de conseguir enfeitar e deixar um estádio com o cenário digno de arrepiar cada Atleticano e deixar os de camisa feiona embasbacado. Parabéns pelo texto, é isto q ele transmite p a gente, lembranças,belas lembranças!
Saudações Atleticanas e #GALOSempre