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“O Galo não é time de saída, é de chegada”

Ricardo Galuppo

Os que insistem em enxergar o mundo pelo lado negativo têm razões de sobra para estarem desconfiados diante do desempenho do Galo nos últimos jogos. Por essa ótica, o time ainda não fez nesta temporada uma única partida empolgante, dessas capazes de deixar sua superioridade carimbada na testa do adversário. No jogo de domingo passado contra o bravo time do Bahia, por exemplo, pode-se dizer que o alvinegro entrou em campo com uma escalação lenta e defensiva, incapaz de fazer mais do que mostrar o futebol burocrático apresentado no primeiro tempo. 

Em alguns momentos, o time até se deixou dominar por um adversário inferior. Não levou, mas também não fez gols. A vitória só veio no segundo tempo, depois que Hulk desencantou e fez a diferença. Ok. Quem quiser enxergar o jogo e o momento do Galo dessa maneira, tem toda liberdade. Há, no entanto, uma outra forma de ver a mesmíssima partida e a mesmíssima escalação. Vamos a ela. 

Escaldado pelo que aconteceu na primeira rodada, diante do Fortaleza, o time entrou em campo disposto a segurar o adversário e fazê-lo se cansar no primeiro tempo. Naquela partida, também disputada no horário das 11h, só para lembrar, o Galo partiu para cima nos primeiros 45 minutos. Fez 1 a 0 e parecia dominar o jogo mas, na etapa final, levou uma virada que nos custou três pontos preciosos.

PALAVRAS SENSATAS

Da minha parte, embora também fique irritado com o que às vezes parece ser uma falta de atitude, fico com a estratégia do domingo passado. O futebol visto no primeiro tempo pareceu chato e pouco objetivo, porém seguro. No segundo, o Bahia foi para cima como era previsto. Com as ausências dos velocistas habituais — especificamente Savarino, Keno e Marrony —, o time tinha apenas Hulk como válvula de escape. E ele mais uma vez deu conta do recado. 

Não digo isso para cobrir Cuca de elogios nem para cravar que o Galo encontrou a chave que abrirá para ele a porta das vitórias e das conquistas. Nada disso. O que se percebe, com o futebol pouco empolgante que o time às vezes tem jogado, é que existe um planejamento que leva em conta não apenas a partida, mas os campeonatos que o time disputa. Nessa hora, é bom ter paciência e se lembrar das palavras sensatas que Dario José dos Santos, sempre ele, proferiu em 1971.

O Galo, como se sabe, custou a encantar naquela disputa. Os resultados não foram empolgantes no primeiro momento e ninguém punha as fichas no alvinegro. Foram, então, perguntar a Dario que explicação ele tinha naquele momento e a resposta que ele deu foi, mais uma vez, uma daquelas frases simples que parecem conter um ensinamento filosófico profundo: “O Atlético não é time de saída; é time de chegada”. 

foto: EM/D.A Press – 19/12/71

Não me lembro exatamente a data nem a circunstância em que essa frase foi dita. Só sei que ela é da lavra do artilheiro e cabe como uma luva ao momento atual do Galo. Da minha parte, prefiro confiar que a chegada, desta vez, será melhor do que a largada. Para começo de conversa, existe um trabalho bem feito de administração de elenco (pelo menos, é isso que tem sido visto a cada jogo). E isso faz toda a diferença.

É melhor passar um pouco de raiva agora, diante do desempenho pouco empolgante em algumas partidas, e comemorar mais tarde do que se empolgar agora e ficar triste no final. É melhor ser um time de chegada do que um time de saída. Tudo bem: nada no futebol é tão cartesiano assim, mas eu prefiro considerar as seis vitórias seguidas no Brasileirão, a despeito dos placares magros na maioria delas, como resultado de um trabalho bem pensado que dará resultados na hora certa.

INDIGNAÇÃO E IMPOTÊNCIA

Sou capaz de apostar que amanhã, contra o mesmo adversário de domingo, mas desta vez pela Copa do Brasil, o time terá uma postura mais agressiva e completamente diferente da de domingo. Tentando adivinhar o que se passa pela cabeça sempre surpreendente (às vezes indecifrável) de Cuca, sou capaz de apostar que, ao contrário da escalação mais parruda do domingo, o Galo entrará em campo com um time mais ágil, capaz de imprimir velocidade e, se possível, decidir o jogo na primeira etapa. 

Seja como for, o certo é que existem no ar alguns sinais de mudança que nos levam a acreditar que chegaremos ao final de pelo menos um dos certames que estamos disputando com motivos para comemorar. Um desses sinais pode até parecer subjetivo e pouco relevante, mas não é. Em tempos passados, certamente, estaríamos a essa altura nos queixando da arbitragem e lamentando nossa queda diante de um time protegido pela cartolagem na Libertadores. Felizmente, não foi assim desta vez. Seguimos firmes e fortes no torneio.

Se não fosse o VAR, estaríamos a esta hora com aquela mistura de indignação e impotência que tantas vezes sentimos diante dos “erros” dos juízes que prejudicaram o Galo. Um dos momentos em que essa sensação se manifestou com mais força neste século foi no dia 10 de maio de 2007 — quando o tal de Carlos Eugênio Simon deixou de marcar um pênalti escandaloso a favor do Galo num jogo contra o Botafogo. A garfada, que nos custou a permanência na Copa do Brasil daquele ano, foi tão flagrante que nem precisava de VAR para ter sido evitada. Bastava um mínimo de honestidade.

Mas o Simon, que hoje fala tolices como “comentarista de arbitragem” num canal de TV por assinatura, preferiu beneficiar a equipe carioca. Na hora, ele bateu o pé, fez cara de valentão e não quis conversa. Depois, quando a lambança já tinha sido consumada, tentou limpar a própria barra com um palavreado cínico que lembrava a letra do belo samba canção “Errei, sim”, de Ataulfo Alves. O pedido de desculpas que ele fez soou como a confissão de um crime perfeito, que ficaria impune depois de alcançar o objetivo de construir o resultado.  

Desenterrei essa história de quatorze anos atrás para dizer que o VAR, nas duas partidas do Galo contra o Boca Juniors, não errou ao insistir para que os árbitros revissem o lance. Pelo contrário. O bom uso do recurso eletrônico foi responsável por impedir que mais erros fossem cometidos e que o Galo fosse mais uma vez prejudicado pelo apito. É justamente para isso que se presta a arbitragem de vídeo.

Mas, neste país tropical abençoado por Deus, os valores têm sido invertidos com a mesma desfaçatez e a mesma cara de pau que a arbitragem se habituou a “errar”, sempre em benefício dos mesmos clubes. No cenário sul-americano, esse Boca Juniors, assim como o Flamengaço Classificadaço no Brasil, se acostumou tanto a ser beneficiado pelo apito que, ao se ver diante de uma decisão correta, porém favorável ao adversário, começa a dar faniquitos e a dizer que foi roubado. 

CENAS LAMENTÁVEIS

Ao chamar os árbitros para rever as decisões equivocadas que tomaram nas duas partidas das oitavas de final da Libertadores, é bom insistir, o VAR apenas os impediu de cometer injustiças. Mas, para os habituados a fechar os olhos para o roubo que lhes é conveniente, as decisões foram tratadas como punições ao time que marcou os gols irregulares. O impedimento no lance que teria gerado o gol do Boca Juniors na partida do Mineirão foi claro. Mas, mesmo assim, teve gente na Argentina e no Brasil dizendo que o certo teria sido insistir no erro. Fazer o que? Tem hora que fica difícil não perder a paciência com essa turma. 

A partir daí, o que se viu foram cenas lamentáveis que se transformaram em selvageria no túnel do Mineirão. Habituados a ganhar no grito naquele pardieiro que têm coragem de chamar de estádio, os jogadores do Boca Juniors fizeram birra e deram o faniquito que costumam dar quando perdem. Apelaram, partiram para a agressão. Uma atitude de quem acha se acima de tudo e que se apoia na “valentia dos covardes” para fazer arruaça contra quem não quer briga.

Se esse comportamento rasteiro de quem não sabe perder prejudicará o Galo quando voltar a Buenos Aires para enfrentar o River Plate pelas quartas de final no dia 11 de agosto, são outros quinhentos. É provável que não — mas é bom o Atlético se antecipar e tomar todas as providências jurídicas e todas as precauções capazes de garantir a segurança da delegação. 

A viagem deve ser precedida de um preparo psicológico adequado. Os jogadores e a comissão técnica devem dar como certo, desde já, que haverá um chá de espera no aeroporto de Ezeiza. E que, também, existe o risco de ter “hinchas” do River Plate repetindo a babaquice dos torcedores atleticanos que foram soltar fogos à noite, perto do hotel em que os argentinos do Boca Juniors estavam concentrados. 

Tudo isso, claro, preocupa e ajuda a criar um ambiente nervoso em torno da decisão. Mas nada preocupa mais do que a incapacidade que o Atlético às vezes demonstra diante de esquemas defensivos bem estruturados, como o do Boca Juniors e de outros times argentinos. Mas, no meu caso, prefiro acreditar que tudo já está bem planejado e que o Galo, em campo como deve ser, se acertará e mostrará a quem não acredita que é, sim, um time de chegada. Eu acredito!

Blogueiro

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  • Boa Noite,

    Desculpe mas se eu bem entendi o Galo que se diz time grande está numa mendicância tremenda, enquanto o Internacional recusa 60 milhões em Yuri Alberto (zero a esquerda), o Galo fica compondo valores para dar chapéu nas equipes que compõem os percentuais do Marrony.
    Recebe 21,9 milhões e repassa 4,4 para Vasco e Volta Redonda juntos sobrando 17,5 milhões onde comprou por 20 milhões. Isso não parece venda de Salim, isso é se desfazer do patrimônio.
    Há, mais vai receber mais 9 milhões daqui a um ano e depois mais 6 milhões se ele fizer 50% dos jogos na temporada 2022/23 e o mesmo em 2023/24, e se for revendido??? E se não jogar os 50%, será que são tão imbecis quanto ao Galo de pagar multa como no caso do Tchê Tchê. AFF.
    Daí soma esse 17 aos 30 já vendidos e temos que vender mais jogador, nesse ritmo e nessa desvalorização vamos vender o time todo para chegar em 120 milhões.
    Podem ser bons empreendedores mas são péssimos vendedores.

  • Até hoje não opinei sobre a vinda do Cuca para comandar o Galo porque acho uma covardia entregar, para qualquer treinador, um elenco tão ruim quanto esse do Galo e exigir qualidade no trabalho dele. Nem Guardiola sob a inspiração de Jesus Cristo e inflamado pelo Espírito Santo seria capaz de fazer mais do que o Cuca está fazendo. Eu não sou fã do Cuca. Entre ele e um outro eu fico com o outro, seja lá quem for, mas não posso, por justiça, criticar o seu trabalho mais do que já critiquei. Ele, ao fim e ao cabo está fazendo o Galo jogar com um time. Não tem como contar com mais do que isso nesse monte de encosto que puseram em suas mãos. Mesmo assim, dá para perceber que ele gradativamente vai dando chances e tentando ampliar o número de jogadores aproveitáveis nesse elenco ruim e desequilibrado. Como não existe no país outro treinador capaz de chegar e fazer mais que o Cuca tem feito, e considerando que o Renato está fazendo no Flamengo o que qualquer treinador inteligente faria, ou seja, deixar o excelente elenco flamenguista jogar por conta própria sem intromissão do treinador, vou fazer coro com o ERNEST: “Fica, Cuca!!!”.

  • ERNEST,

    cada qual com seu cada qual, já determina uma das máximas dos boleiros .

    Gostas do Cuca ?
    Ok , sua opinião .

    Mas , por favor , não alimente o discurso com fatos que não correspondem à verdade .

    Cuca NÃO ACHOU a posição do Hulk como o 9 do time .
    Aconteceu por conta de uma lambança na relação de jogadores aptos a entrar em campo, Vargas/Sasha , que resultou na entrada do Hulk como alternativa .

    Entrou, arrebentou e depois EXIGIU, publicamente, a sua continuidade no time , tendo o Cuca que ACEITAR tal situação .

    A César o que é de César !

    Cuca NÃO É O RESPONSÁVEL pelo desempenho do Hulk como centro-avante , pois nem mesmo o queria lá.

  • Bom dia xará, Galuppo e amigalos!

    Volto com a mesma pergunta do AMIGALO JBHGALO: Quem vocês, críticos do Cuca, indicariam neste momento para treinar o GALO????? Levir Culpi? Givanildo? Luxemburgo? Dudamel? Thiago Nunes? Procópio Cardoso? Jair Ventura? Vamos aí às sugestões....

    • EDUGALODOIDO ,

      eu corneto o Estategista , o Vidente , o Mágico de Oz , o Manso e não pedi e não peço ninguém para o lugar dele .

      Deixa ele quieto lá , onde o Hulk o colocou .

      Mais ajuda quem não atrapalha .
      É só colocar os onze que todos sabemos quem são e deixa o pau quebrar .

    • Técnico Sul americano: Marcelo Gallardo
      Técnico Europeu: Josep Guardiola

      Brincadeira a parte. Criticas pontuais, a determinado jogador e/ou comissão técnica, até ajuda o Galo. Mas, tudo que faz é errado. Ninguém aguenta. Neste final de semana, por exemplo, o Flamengo ficou no 0x0, no primeiro tempo, com o São Paulo e começou perdendo o segundo. Depois começaram a deslanchar. No Atlético, jogando as 11:00, houve uma melhora, também, no segundo tempo. Depois de fazer uma leitura de jogo do Bahia. Aqui, no Galo, o Técnico tinha de prever que a formação tática do Bahia seria 5 4 1. Um bom exemplo de superação, ao meu ver, é o Allan. De tanto pegar no pé sobre receber cartões que está melhorando. O Everson, nosso goleiro de Futsal, tem que evoluir nas saídas para bolas aéreas. O Savarino tem que melhorar chutes a Gol.

    • Rapidamente lembrei desses aqui:

      Juan Carlos Osorio;
      Sebastián Beccacece;
      Ariel Holán;
      Ricardo Gareca;
      Rui Vitória;
      Marcelo Gallardo;
      Miguel Ángel Russo.
      Se pensar um pouco mais aumento a lista.

  • Vender qualquer jogador dos 11 que vêm sendo escalados é a maior burrice, atestado de incompetência. O que o Galo pode ganhar com um dos 3 títulos em disputa é seguramente muito mais do que obteria com as vendas do Marrony e do Savarino. Se quiser ganhar, dinheiro, o negócio é faturar pelo menos um, melhor dois, dos referidos títulos. Desmontar o time no meio do campeonato é desistir do título.

  • Bom dia Massa,Galuppo e Guru,

    Nossa Nachohulkdependência se deve principalmente ao falto de que, quando não temos Savarino em campo ou ele simplesmente se exime do jogo e com Kenon ainda por estrear, não resta com quem dividir estas responsabilidades no ataque.
    Na falta de alguém que joga pelos lados, o cabelo de boneca enche o meio campo de jogadores e o resultado é um futebol pobre de agressividade e muito toque pra cá e toque pra lá, sem objetividade.
    Quem sabe com a estreia de keno não teremos uma grande contratação chegando ai? Por pior que esteja ele anda fazendo muita falta.
    O ideal seria o galo mesclado com a defesa de Cuca e o ataque de Sampaoli, ai sim teríamos um time para agradar a torcida.

  • Se o Atlético é time de chegada eu estive em Marte nos últimos 50 anos; existem as exceções que, obviamente, confirmam a regra.

  • Bom dia a todos!
    Acho que um dos grandes problemas do Galo durante todas as temporadas é a perda de jogadores importantes no meio do ano.
    Em 2018 sob o comando do Thiago Largui que liderava o campeonato com um elenco mediano, lhe foi retirado 4 titulares, sendo eles Bremer, Otero, Guedes e por lesão o Blanco. Os quatro titulares foram substituídos por Terans, Denilson, Edinho, Zé Wellison, esses não tinham sequer gabarito para serem titulares naquele momento. O que aconteceu na sequência foi uma grande perda de qualidade e, consequentemente, perda de resultado, o que levou a demissão do Largui. Enquanto as equipes que disputam os títulos com o Galo buscam reforçar suas equipes, o Galo faz justamente o contrário. Por exemplo, o Palmeiras teve o retorno do Dudu, Deyverson e deve receber de volta o Borja, o flamengo está tentando contratar o Thiago Alcântara, o São Paulo negocia com o Calleri e Benedetto, enquanto o Galo vendeu Gabriel, negocia a venda do Marrony e pode negociar também o Savarino.
    Isso se repete todo ano no Galo. Temos que buscar qualificar mais o elenco e não desqualifica-lo durante a temporada.
    Parece que há um medo em conquistar grandes títulos no Galo, pois, ele sempre se sabota.

    • Ótimas considerações. Falei isso aqui, outro dia. Cuca olha pro banco e vai colocar quem?

  • BOM DIA EDUARDO , GALLUPO E MASSA ATLETICANA.
    ESSA DO GALLUPO HOJE FOI UMA DAS DESCULPAS MAIS ESFARRAPADAS QUE JÁ VI , PARA JUSTIFICAR O PORQUE DO GALO ESTAR JOGANDO MAL.
    DESSA VEZ GALLUPO EXAGEROU E DEU UM TRIPLO SALTO MORTAL PARA TENTAR JUSTIFICAR O INJUSTIFICÁVEL.
    A VERDADE É QUE A AUSÊNCIA DE UM PONTA ESQUERDA ESTÁ DEIXANDO O GALO MANCO E COM POUCO PODER DE FOGO NO ATAQUE , DEPENDENDO UNICAMENTE DO HULK.
    PRECISAMOS MELHORAR E MUITO PARA CONSEGUIRMOS OS NOSSOS OBJETIVOS QUE SÃO OS TÍTULOS.

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