O futebol cedeu espaço para a futbet

Ao longo das últimas décadas, no caso brasileiro por mais de meio século, o futebol deixou de ser romântico como nos meus tempos de criança. Lentamente, com as ações nefastas de dirigentes como foi Havelange até chegar no atual Xaud, a credibilidade foi dando lugar à desconfiança. Entre o primeiro e o último, todos – Nunes, Giulite, Pinto, Teixeira, Marin, Del Nero, outro Nunes, Caboclo e Ednaldo (interinos nem entram pois foram figurantes) – deixaram profundas marcas de que o valor maior não era o técnico e sim o interesse comercial dos anunciantes. Registre-se que as duas melhores praças para publicidade estão no Rio de Janeiro e São Paulo.

Durante esse período, o tricampeão e melhor futebol do mundo, ainda chegou ao tetra e penta. Verdade, mas já não orgulhava aos brasileiros. As comemorações de rua demonstraram e comprovam essa afirmação. O brasileiro deixou de acompanhar essa seleção que virou selecinha de convocáveis ao interesse dos empresários do futebol. Quantos jogadores presenciamos, entrando na lista de selecionáveis, para ser vendido ao exterior? Dezenas e exemplos não faltam. Até hoje essa situação ainda permanece. Brasil classificado em quinto lugar. Via de regra era sempre a primeira colocada, agora só vai ao mundial pela alteração para 48 países na competição.

Me lembro que na Copa de 1970 (México) eram apenas 16 países; pulando em 1982 (Espanha) para 24; até que em 1998 (França) saltou para 32; chegando atualmente nessa fase da competição com 48 países finalistas. Se na Copa do México, pós fase de grupos entramos direto nas quartas de finais, agora esse mata mata – que vai reunir ainda 32 seleções (campeã e vice de cada grupo e mais oito melhores terceiros colocados) vai avançar a partir das décima-sextas de finais. Tudo isso em nome de critérios técnicos? Não pelo faturamento de milhões de dólares ou euros, talvez bi. Não tenho noção desses valores. Mas ficou sem a graça daqueles tempos.

Aqui no Brasil, entre os anos 70 e 80, por razões que não vou entrar no mérito pois aqui falamos de futebol e de Galo, o Brasileirão chegou a ter mais de 100 clubes disputando. Existiam interesses não econômicos, mas de ordem política que sugeria convidar mais um time de estado onde tentavam amenizar a reação dos cidadãos. E foi assim, que em 1980 e 1981, roubaram o título nacional do Galo e a grande possibilidade de conquistar a Libertadores e o Mundial de Clubes. Não sou eu quem afirmo, a história conta sobre aquela lambança, onde um dos jogos é considerado na Inglaterra como o maior roubo de todos os tempos do futebol pelo mundo.

Como se não bastasse, agora estamos vivendo o advento das bets. Além do grande prejuízo social, quebradeira e suicídios, essa jogatina/bandalheira atua a pleno vapor dentro de campo. Se já carregava desconfiança, coisa pessoal e com indicativos da cbf, arbitragem e stjd, atualmente os acontecimentos aguçam ainda mais essa situação. Juiz amarelando e em seguida, do nada, aplicando vermelho em jogador escolhido; tribunal absolvendo jogador que ficou configurado ter repassado dica de receber cartão amarelo em jogo que atuou. É o incentivo à maracutaia. Aí fazem acordo, aplicando multa e postagens sobre o tema, liberando o malandro a seguir atuando.

Fez jurisprudência, logo depois, profissional de outro clube – sempre do eixo RJ/SP – da mesma forma faz acordo com esse tribunal que pune seletivamente em troca de multa e postagem contra a homofobia que foi o objeto da denúncia. Dias depois, um clube mineiro que é aliado histórico de conveniência com essa gente, tem dois profissionais igualmente liberados para atuar. Um deles só fez gesto de roubo contra a arbitragem, coisa natural de reação do torcedor. Já o nosso Dudu, denunciado seis meses depois – coincidindo com sua transferência para o Galo – foi “exemplarmente” punido com seis jogos. A denúncia por ter mandado dirigente de seu antigo time para aquele lugar é menos grave que as demais. Por essas e outras, esses aliados dessas bets, mataram o esporte outrora melhor do mundo que agora é tão e somente gerenciado pelos interesses dessas apostas. Virou futbet, eu gostava era de futebol. Amanhã eu vou fechar a temporada lá no estádio sonhado pelo papaizin & mininin, mas ano que vem não sei se eu volto. Esses dois estão destruindo os sonhos e a paixão do Atleticano pelo Galo. É pauta para outra postagem.

*imagens extraídas das redes sociais