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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

Homenagem e reconhecimento do Galo

Casual 300x250O Galo, como já pude demonstrar aqui em outros posts, é diferenciado dos demais times brasileiros e mineiros. Na próxima segunda-feira, 10 de outubro, às 20h , será entregue pela primeira vez a “Medalha do Mérito do Clube Atlético Mineiro”. Serão agraciadas, anualmente, as pessoas que, ao longo de suas vidas, enalteceram o nome e as cores do Galo.

Era intenção deste blog postar um perfil resumido de cada um dos seis homenageados, mas, embora tenha tentado obter as informações por meio dos setores envolvidos, não foi possível nada além dos nomes de cada um deles. Seguem: personalidade, jornalista Chico Pinheiro; ex-dirigente, Alexandre Kalil; conselheiro, Jamil Geraldo Salomão; funcionário, Antônio Evangelista; ex-atletas, Buião e Reinaldo.

Passo abaixo um texto que tive o privilégio de assinar para o livro “Punho Cerrado”, de autoria do amigo Philipe Van Lima, sobre o seu próprio pai, José Reinaldo de Lima, o nosso eterno “Rei”. Homenageando a Reinaldo estendo aos demais agraciados na solenidade do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Mineiro.

“Antes de qualquer consideração, tenho de confessar que essa tarefa – confiada pelo filho do Rei – de escrever sobre seu pai me honrou, me causou preocupação e ainda me deixou tenso. Ora, afinal foi ele e sua geração os responsáveis por essa paixão preta e branca que carrego ao longo de décadas. Atleticano do interior, influenciado por um cunhado muito querido, não tinha noção do que me esperava ao mudar para Belo Horizonte.

Chegando aqui, em meados da década de 70, nas minhas primeiras idas ao extinto Mineirão – hoje conhecido como Marião – me deparo com um time mágico que tinha nele a sua grande estrela. Reinaldo, tão maltratado e judiado por zagueiros dos outros clubes – notadamente daquele que perdia a hegemonia mineira – encantava Minas, o Brasil e o mundo com seus dribles desconcertantes e gols mirabolantes, dignos de reprise nas TVs e incontáveis placas em sua homenagem.

Tive a felicidade, numa partida do Galo, na ocasião treinado pelo maior dos técnicos brasileiros, Telê Santana, de ver o Rei entrar em campo – pela primeira vez no profissional – durante uma partida oficial. Muito já se falava sobre o menino promessa, que logo recebeu o apelido de Baby-Craque, dado pelo nosso inesquecível amigo comum Roberto Drummond. Dali para frente, só deu Galo em Minas Gerais. Já no Campeonato Brasileiro – seguidamente – esse time maravilhoso era contido pela CBF e suas armações, por meio de atos administrativos, juízes e Tribunal de Justiça Desportiva. Essa mesma vergonha que permanece até os tempos atuais.

Ao lembrar de José Reinaldo de Lima, não tem como deixar de registrar seus pais: Mário de Lima e dona Coeli. Inúmeras vezes fui companheiro de seu Mário para uma boa cervejinha em torno de uma bela resenha sobre as façanhas que seu filho fazia em campo. Numa das vezes, naquela partida entre Brasil e Suécia pela Copa do Mundo de 1978, disse ao seu Mário que se o Rei marcasse gol eu desceria a escada do seu prédio – no bairro São Pedro, em BH – de joelhos. Ele nem comemorou o empate brasileiro, me obrigando a cumprir a dura missão. Não sabia que descer escada de joelhos é mais difícil do que subir.

Quanto às jogadas e gols, são incontáveis e inesquecíveis. Ao lembrar desse tempo é impossível conter as lágrimas. Abel, hoje treinador, jogando pelo Vasco e depois pelo terceiro time de Belo Horizonte, tomou chapéu dele dentro da pequena área em gol do Clube Atlético Mineiro. O América de Natal, numa noite de sábado, tomou de seis e o Rei só não fez chover. Num dos gols – com um simples jingado de corpo – tirou toda a defesa adversária da jogada e ainda seu companheiro Heleno. E João Batista, zagueiro do América de Minas? Ajoelhou-se na frente do Rei que sequer saiu do lugar. Cair de maduro, diria.

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Fotos: Capa: UAI/EM – interna: desconhecido

Detentor da maior média de gols por partida no Campeonato Brasileiro de 1977, Reinaldo ficou de fora da partida final por graça e obra do Tribunal de Justiça Desportiva da CBF. Era só assim que o Rei era parado, ou ainda pelos pontapés de zagueiros covardes e inescrupulosos. Um deles, que em respeito à sua memória será preservado, me confidenciou certa ocasião numa mesa de bar em Araxá uma verdadeira atrocidade. Disse-me o ex-jogdor de futebol que determinado juiz lhe sugeriu dar uma “porrada” no Rei durante um clássico e que faria de desentendido. Assim aconteceu e começou a colocar fim, precocemente, na carreira do mais genial jogador do Galo de todos os tempos.

Esses cruéis e impiedosos apitadores foram cúmplices e comparsas da curta carreira dele. Naquela ocasião, o time Atleticano que – como já disse – foi contido por juízes que já favoreciam o eixo Rio/São Paulo, teve em Minas Gerais, no ano de 1977, outra aberração que impediu uma sequência de oito anos de títulos estaduais. Determinado árbitro, que atuou como bandeirinha na partida final, invalidou um gol legítimo do Galo e deu o título ao adversário. Esse bandeirinha hoje mora no mesmo plano daquele antigo zagueiro.

De volta ao Rei. Inspirou compositores e músicas foram lançadas em sua homenagem. Após encerrar sua carreira, Reinaldo ainda enfrentou e venceu diversos desafios pessoais e profissionais. Ocupou as cadeiras de deputado estadual e vereador, nesta ordem, em Minas e Belo Horizonte, com a mesma desenvoltura que tinha nas quatro linhas, quando avançava e os zagueiros apelavam para a violência ou – sem recurso – permitiam que ele entrasse com bola e tudo para delírio da apaixonada Massa Atleticana.”

14 thoughts to “Homenagem e reconhecimento do Galo”

  1. Depois de Pelé foi o melhor jogador que eu já assisti em todos os tempos. Garrincha era craque com a bola nos pés, mas Reinaldo além disso, era mais inteligente.

  2. Foi o ídolo da minha juventude, mas infelizmente ele passou a agir assim no final da sua carreira no Galo, junto com Éder que sempre arrumava um jeito de ser expulso e ir passar o final de semana no Rio. Quando ele chegou em 1980, vindo do Grêmio era fantástico, porém com o tempo foi relaxando, já não era o mesmo. Quanto ao Reinaldo faltou aquela estrutura que talvez o Atlético deveria ter dado a ele, mais o menos como o Santos fez com Pelé, que chegou a receber até aulas de defesa pessoal, para que se preservasse diante de jogares maldosos como Morais fez com Reinaldo. Um abraço

    1. Reitero que não tenho o registro feito pelo caro leitor. O Rei, ao longo de sua passagem pelo Galo, sempre foi perfeito. Irrepreensível.

  3. Reinaldo era um gênio , porém façamos justiça, por volta de 1982 ele já adotava uma postura irresponsável, chegava tarde aos treinos, ão se dedicava. Hoje estou com 50 anos e me lembro desses fatos como se fosse ontem. Sobre as decisões, os tempos eram outros, não dava para ganhar mesmo, não havia extra campo. Em 77 deixar para julgar Reinaldo no final do campeonato pelo amos de Deus.

  4. Esse punho cerrado tirou Reinaldo da final de 77, vivia mos a ditadura. Eu com meus 13 anos ainda me lembro da decisão nos pênaltis e dos gols e jogadas antológicas do Rei. Moraes e outros brucutus encerraram precocemente sua carreira através de butinadas mas justa a homenagem. Tive o privilégio de estar no Mineirão em 1980 Atlético x Vasco semi final deste brasileiro, foi 0x0 e o galo se classificou pra final joao leite, Osmar guarnelli, Luizinho, orlando,j.valenca, ,Chicão, cerezzo,palhinha, Pedrinho, Reinaldo, Éder, Vasco tinha um senhor time mazzaropi,pintinho,zanata,dirceu só pra citar alguns eu vi essa época genial parabéns ao Rei. Saudações Alvinegras.

  5. Caro Dudu, você precisa para de desdenhar dos comentários que os cruzeirenses fazemos em seu blog. Afinal nós estamos no mesmo barco. Tenho certeza que os cruzeirenses estão torcendo tanto para que vocês sejam campeões brasileiros este ano como vocês estão torcendo para que o Cruzeiro não caia para a segunda divisão. Estou convicto de que todos os atleticanos estarão unidos torcendo para o Cruzeiro vencer o Palmeiras na próxima semana. E vocês estarão torcendo não é para o Palmeiras deixar de somar três pontos e assim permitir que o Atlético encoste no líder. A torcida será, disso eu tenho certeza, apenas para que o Cruzeiro some mais três pontos na tabela e diminua o risco de ser rebaixado à segunda divisão. Não é mesmo? Um grande abraço!

  6. Fiquei emocionado com o texto!!!! Tenho 36 anos e não vi Reinaldo jogar, mas sou fã dele, vi uma sequência dos 50 gols mais importantes e fiquei impressionado.

    Hoje moro na Europa e leio diariamente este blog, sou fã incondicional do Avila

  7. Olá Eduardo, meu pai é o Antonio Evangelista. Ele trabalha no Galo desde 1966. Se quiser informações entre em contato. Um grande abraço.

  8. Olá Eduardo, meu pai é o Antonio Evangelista que será homenageado. Ele trabalha no Atlético desde 1966. Se quiser informações entre em contato comigo.Um grande abraço.

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