Depois de 43 anos o Atlético voltou ao Monumental de Núñez e, de forma visceral e espetacular, derrotou o mítico River Plate. Embora nem um e nem outro sejam mais os mesmos de outrora, as camisas pesam e, de certa maneira, jogam e se impõem.
Para os místicos essa tem sido uma semana prá lá de especial. Tudo começou com uma virada a lá Atlético em Caxias diante de um aguerrido Juventude que fez de tudo para tirar pontos do Glorioso, continuou com uma midiática contratação cujo anúncio oficial foi se arrastando “misteriosamente”, enchendo os corações alvinegros de inúmeras expectativas, medos e sentimentos mil, foi divinamente coroada com uma vitória em gramados argentinos que ficará para a história e terminará com um confronto que valerá simplesmente a liderança do Brasileirão.
Em um jogo disputado tática e milimetricamente do primeiro ao ultimo minuto, Atlético e River Plate se alternaram dentro de campo em dois tempos absolutamente distintos. Na etapa inicial, vimos um River Plate senhor de si e, de certa maneira, também do jogo, embora não tenha conseguido fazer a sua superioridade se refletir no placar, graças, em particular, ao contestado e, por muitos, odiado goleiro Everson, autor de três defesas importantíssimas, à sobriedade e segurança do jovem Nathan Silva e à experiência e ao bom futebol de Mariano que no primeiro tempo atuou mais como um terceiro zagueiro pela direita.
Aquele time confuso que, na primeira parte do jogo, não conseguia sair jogando, que perdeu o meio de campo para a equipe portenha, que viu o Incrível Hulk, quase sempre isolado, ser anulado por uma forte marcação feita por três homens, um deles na sobra, que viu Vargas correr de um lado para o outro sem nada produzir de efetivo, que viu Allan e Jair se confundirem e não se harmonizarem e que ainda viu o esforçado Zaracho se desdobrar como um falso lateral direito e, também, desperdiçar uma ótima oportunidade de marcar em um raro ataque efetivo do alvinegro, voltou para a etapa final metamorfoseado e, principalmente, com aquele brilho nos olhos que só os grandes guerreiros são capazes de fazer vicejar.
Vertical, visceral e mostrando até então uma energia insuspeita, o time atleticano, tão logo a bola rolou no segundo tempo, foi logo mostrando ao adversário e ao mundo que o jogo seria bem diferente daquele da etapa anterior. E, embora, o River nunca mais tivesse conseguido se impor e ganhar o meio de campo como acontecera no primeiro tempo, o jogo permaneceu aberto até o apito final. Os minutos finais, temperados pela injusta expulsão de Nacho Fernandes, não só testaram os corações e os nervos atleticanos, como também mostraram que o elenco atleticano está, de fato, amadurecendo e justificando as expectativas mais otimistas de seu torcedor.
Dizem que nada é fácil para o Atlético. Eu diria que não é fácil para ninguém. Alguns fazem o seu caminho ser mais fácil. Outros, como o Galo, tradicionalmente o fazem mais tortuoso e complicado. Agora, os tempos parecem ser, de fato, bem diferentes. O Atlético que, fora das quatro linhas, já mostrou que está se transformando e para melhor, dentro de campo, também já dá sinais de que, efetivamente, já começa acontecer algo de belo no reino das alterosas.
Mas, atenção, é preciso lembrar sempre que, como tudo na vida, o que está acontecendo com o clube e com o time atleticano em particular é um processo de crescimento e de afirmação, uma moldagem de um clube e de um time campeões. Portanto, é um processo que envolve e molda jogadores, treinador, funcionários e todo o comando. Não esperem, portanto, nada fácil, mas, festejem o fato de que o Atlético, clube e time, estão procurando tornar as coisas, não só mais fáceis, mas, também, possíveis.
Falei em plasmar um clube e um time campeões. Este é um processo de idas e vindas, onde erros e acertos se misturam e onde o aprendizado e o cozimento da têmpera de vencedor são uma constante.
Assim, quando o Atlético se viu privado de vários jogadores importantes, seja em razão de contusões, seja em consequência de um numero significativo de convocações, seja ainda em razão de um infortuito surto de Covid, Cuca desceu ao inferno, sofreu e purgou seus pecados, ora errou, ora acertou, ao se ver obrigado a substituir os atletas ausentes por outros de características diferentes, vários deles, ironicamente fora de suas melhores condições físicas e talvez emocionais.
Isso explica, por exemplo, porque o Atlético sentiu tanto a ausência do bom futebol de Keno que dava ao time intensidade, profundidade e velocidade pelo lado esquerdo. Marrony, também ausente nos últimos jogos, era a melhor opção para substituir o até então titular, embora suas características não sejam exatamente iguais às de Keno. Aqui é bom lembrar que, mesmo antes de contundir-se, Keno já era mais fonte de problemas do que de solução, em razão da má fase que corroeu o seu futebol.
Embora tenha um elenco qualificado, é natural e normal que o time atleticano se ressinta de tantas ausências e se mostre, ora sutilmente diferente, ora explicitamente modificado em sua forma de jogar, atuando ora com Arana, ora com Dodô, ora com Allan, ora com Jair, ora com Tchê Tchê, ora com Zaracho, ora sem Nacho e ora sem Savarino, os dois últimos, jogadores de características absolutamente impares no elenco.
Em razão de todas essas dificuldades, não raras foram as mudanças táticas, sutis ou não e nem sempre tão efetivas quanto o desejado, de posicionamento e de postura, que se verificaram de jogo para jogo e, também, dentro da mesma partida.
Chamado por muitos de conservador, por outros de covarde e medroso, Cuca acreditou que buscar uma consistência defensiva e correr o mínimo de riscos possível durante o jogo deveria ser o primeiro passo para esculpir um time campeão. Por isso, e sem nenhum escrúpulo, montou no primeiro tempo contra o River Plate uma primeira linha de cinco à frente de Everson, com Zaracho como falso lateral direito e Mariano um terceiro zagueiro pela direta, lembram? Essa formação, ainda que tenha irritado ao galista que queria ver o seu time sufocar o Gigante argentino, resistiu às intempéries do primeiro tempo e o Galo saiu para o intervalo sem ter sofrido nenhum gol.
A segunda crença de Cuca é que, obtida a consistência defensiva desejada, controlar o jogo é o segundo passo. Essa é a fase em desenvolvimento. Se o adversário não consegue marcar, se desestabiliza e eu posso mais facilmente controlar o jogo, tornando a minha transição mais fluida e mais efetiva e a minha ofensividade mais agressiva e fatal.
Vi, ouvi e li muitos analistas defenderem estas teses que, para mim, guardam uma lógica relativa, vez que tudo isso varia obrigatoriamente de jogo para jogo e pelo simples fato de que futebol não é ciência exata. Nem sempre dentro de campo, dois mais é igual a quatro.
Aliás, mais do que o desejado o futebol leva esta conta a qualquer outro resultado, seja para o bem, seja pra o mal.
Teorias à parte, a verdade é que na prática, estamos vendo um time se metamorfoseando e buscando o melhor resultado. E é essa percepção que tem afagado e funcionado como um bálsamo para o meu sempre conturbado espirito atleticano.
No artigo “É TEMPO DE TEMPERAR CARÁTER DE CAMPEÃO”, publicado em minha coluna PRETO NO BRANCO no Fala Galo nesta ultima quarta-feira, dia 11, escrevi que “agora, é tempo de temperar o caráter de campeão. É tempo de o time, mais que acreditar, se moldar para fazer acontecer”.
E no artigo “É GOOOLLLLLL! O MEU TIME É A ALEGRIA DA CIDADE!”, publicado em 6 de agosto passado aqui mesmo no Blog O CANTO DO GALO, escrevi que “ainda que o time jogue mal e faça a massa ter pesadelos, como nesse jogo sofrido, muito ruim e de muitos erros dentro e fora do campo, da volta contra o Bahia pela Copa do Brasil, aparece um golzinho salvador e chorado”.
E, se alguém duvida disso e de que, de fato, já começa acontecer algo de belo no reino das alterosas, lembro que a lei do ex sentenciou o River Plate a uma derrota que pode ser o inicio do fim da jornada de El Millonario na atual Copa Libertadores.
Digno, visceral, enérgico, humano e monstro, Nacho Fernandes se superou, não só marcando o gol da vitória do Atlético e sendo mais do que decisivo, como, na emoção do gol não teve pejo de escancarar ao mundo todo o turbilhão de sentimentos que o envolviam. Assim, foi Dom Ignácio Fernandes. Assim, está sendo o glorioso Clube Atlético Mineiro.
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Boa tarde Max!
Sempre aprecio muito os seus textos!
Obrigado!
Abraços!
A Metamorfose (mudança completa de forma, natureza ou estrutura; transformação, transmutação.) no Atlética está acontecendo.
- Estrutura Administrativa;
- Nível dos Jogadores;
- Estádio de Futebol;
- Títulos;
Aqui neste blog, por exemplo, tem atleticanos incrédulos, eufóricos e outros desconfiados.
Lá atrás, quando disseram que iriam transformar o Atlético numa potencia das Américas fiquei desconfiados.
As mudanças estão acontecendo, e consequentemente, os títulos virão.
E pelo pelo andar da carruagem o tal Diego Costa vai se transformando na versão 2021 do Anelka... Quase 1 ano sem jogar, não recebeu proposta de nenhum clube da Europa (clubes de segundo ou terceiro nível, bem entendido) e fica fazendo beicinho. O que o Atlético está esperando pra mandar esse cara pastar?
A fonte da informação é do renomado JC. Ele falando e meu cachorro latindo é a mesma coisa. Quem disse que ele estava fechado e agora diz que não está é somente ele. Ninguém do Galo disse nada.
Se a Covid andou fazendo algumas baixas no elenco durante a temporada, parece que outra praga, chamada CBF, e sua última variante TITE, desejam causar-nos mais baixas. O foco é Arana. Não admito desfalcar o Galo nas competições em disputa pra compor aquele timinho mequetrefe que desonra a camisa amarela mais vitoriosa do futebol mundial. Se não podemos apelar para o que eles não têm, bom senso, entidade e seu treinador devem ter a convocação rejeitada.
Caro, com meu respeito, passando só pra te dar um toque.
Neste espaço, num acordo tácito entre nós membros (blogueiro e comentaristas), não postamos qualquer conotação política. Aqui falamos do que nos une, o Galo. Faço essa manifestação em consideração à sua pessoa, para justificar a edição que fui obrigado a fazer em seu valioso e interessante comentário.
Excelente texto, excelente sexta a todos.
boa tarde Eduardo e massa e Max pereira. ótimo texto. a cbflixo continua a nos prejudicar acaba de convocar arana está diretoria lerda não tem peito para encarar a cbflixo porque estamos em decisões e vai nos prejudicar so falta convocar Hulk para nos lixar acorda diretoria. estamos muito bem mais não ganhamos nada .ano passado sonhei com o brasileirão e cai da cama com pesadelos do pardal sampaoli e jogadores perdendo o brasileirão mas fácil de todos tempos. então pés no chão raça e vontade de ganhar. sou corneta querem não os verdadeiros atleticanos que aparecem aqui mas vou elogiar e criticar quando precisar. que Everson continua defendendo muito, que Allan continua jogando muito que cuca nao inventa.que tchê tchê desaparece do galo.assim que nos torcedores querem. amanhã outro grande jogo e que temos mais uma Vitória para nos ser mais líder. a galo nos deixa sonhar. vai galoooooo.
O Atlético agora joga sem paixão.
O Atlético agora joga pelo regulamento .
O Atlético agora é um time inteligente .
O Atlético agora está a moldar um caráter de campeão .
Crendeuspai !
É pracabá !
Que saudade da emoção !
Que saudade do time " que se joga " e busca na MARRA viradas de 4 a 1 !
Que saudade do time BURRO que se lança em busca de vitórias homéricas !
Que saudade da explosão de paixão incontrolável e arrebatadora !
Que saudade .....
Bom dia Eduardo!
Bom dia Max!
Bom dia Massa!
Eu sou do tipo que acredita no futebol momento. Se jogar bem e vencer vai ter meus aplausos efusivos. Se jogar mal e perder vou soar a corneta com ardor. Eu eu não tô nem aí pra Tiago Lúcio, Lulago ou o "outro" Tiago.
Embora eu acredite no futebol momento, confesso que não paro de pensar no Chelsea.
Maravilhoso texto , compatível com o momento que estamos vivendo. Como é bom ler voce, amigo , quando voce não embrenha nas picuinhas dos bastidores , nas misteriosas teorias de complôs e conspirações de vestiário , elaborando teorias mirabolantes e fantasiosas , que fogem à nossa imaginação , pobres mortais torcedores , pra justificar a falta de futebol. Linear, vertical, com entrega de todos, este é o momento, este é o espírito. Seu texto mostra isto. O nosso próximo embate é amanhã , 19 hs , o jogo importantíssimo contra o palmeiras , de agora em diante, TODOS os jogos são importantes , no mata mata, nos pontos corridos. Lendo hoje as notícias do futebol , em todos os jornais do país , não me surpreende o ódio e a inveja do restante , os comentarios deste flamenguista mauro cezar, carcomido de inveja e despeito , garimpando defeitos, procurando sempre tentar nos diminuir, destila seu ódio com a camisa do mulambo por baixo, quanto mais este idiota fala, abobrinha, principalmente, mais tenho a certeza de estarmos no caminho certo.
EXÇELENTE RESULTADO, mas não tem nada decidido. O River sempre armou para as equipes brasileiras jogando no Brasil. Ano passado venceu o Palmeiras por 2x0 quando poderia ter feito 5, e depois de ter perdido para as Marias de 1x0 lá, ganhou aqui de 3. Então nobre comandante CUCA, muito estudo e cautela. Minha sugestão, time TITULAR contra o Palmeiras, abre 5 pts e enche o grupo de moral. Descansar jogador agora pode ter um efeito negativo, perder concentração. O Galo está a um passo de fazer história.
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PS: Sugestão aos comentaristas, textos mais curtos. Note-se, o blogueiro escreve de forma objetiva e não consome mais que 2 min de leitura. Um texto curto e que prende atenção vale mais que um livro, ainda que bem escrito.