Atleticanidade enverga mas não quebra

Com raríssimas e compreensíveis exceções, o Torcedor do Galo está – novamente – magoado e machucado com esse final de temporada. A exemplo do ano passado – apenas com o penta, nesse o hexa e já pensando no hepta estadual – fecha 2025 frustrado. Inicia a temporada com pompas de favorito a tudo. Em 2024, chegou em duas finais (Copa Brasil e Libertadores), perdendo todos os jogos dessas decisões. Depois ainda teve de amargar uma luta contra eventual rebaixamento. Nos dois jogos seguintes, derrota para o Vasco e vitória – sabe se como – em cima do Paranaense. Início desse ano, novamente, candidato a tudo e o mesmo enredo. Uma final, desta vez pela Sul-americana, empate com um fraquíssimo Lanús e o título perdido nas penalidades. Só que agora restavam quatro jogos – um já cumprido – precisando de três míseros pontos. Só veio um no primeiro confronto, faltam – portanto – dois frente ao Fortaleza (fora e em briga direta), e aqui em BH contra Palmeiras (ainda sonhando com o título) e Vasco. Oh! Vida!

Mudaram treinador – dois na temporada -, saíram e chegaram muitos jogadores. Honestamente. A meu entendimento ficamos no prejuízo com esse sai e entra. Vejamos. Liberamos Bruno Fuchs, Maurício Lemos, Rômulo e Igor Rabelo na zaga, chegaram Iván Roman, Vitor Hugo e Rua Tressoldi. Com exceção do chileno que ainda pode vingar, ficamos no prejuízo. Fuchs, Rabelo e Rômulo são superiores a Ruan e Vitor. Goleiro imediato era o Matheus Mendes, com mais rodagem que Gabriel Delfin que atuou três vezes no mineiro (todos empates e tomou um gol feio do Democrata de Valadares) e duas no Brasileiro (derrota para o Bahia no segundo final e empate em casa com Juventude).  Laterais direitos chegou Natanael e Mariano foi liberado. Seis por meia dúzia, já que o dispensado não vinha produzindo absolutamente nada. E o novato encaixou nesse exato perfil. Fraquíssimo. E para o lado esquerdo chegou Caio Paulista. Chegou?

No grande e maior prejuízo que tivemos. Meio de campo. Saíram Otávio, Bataglia e Zaracho. Paulo Vitor e Robert não faço considerações e, portanto, nenhum lamento. Para esse setor chegaram Gabriel Menino, Reinier, Alexsandro e Patrick. Os dois primeiros asseguram o prejuízo técnico que faço referência. Alexsander é bom jogador, desde que tenha companheiros a altura junto dele. Patrick, que encantou e ganhou a titularidade, acabou contundido e demorou a ser liberado. Temo pelo futuro do bom jogador. Estranhamente voltou para o Departamento Médico sem ter sido oportunizado pelo Sampaoli. E lá na frente? Que caos! Livres do Vargas e Kardec, que esperdiçaram chances de gols feitos que mudariam as finais das duas Copas perdidas, o que chegou em nada supera esses dois. Lamento o Paulinho, mas considerando que passou o ano no DM do Palmeiras, nem vou registrar a perda técnica. Que dupla formaram ele e Hulk. Agora nada.

Mas vamos aos que chegaram. Anote e reflita. Junior Santos, Rony, Biel, João Marcelo, Dudu e Cuello. Do primeiro mencionado ao terceiro, ao que acompanhei na temporada, alguém diria que algum se salvou? No meu pensar, nenhum desses, embora o Rony seja o xodó do treinador. Defendem que ele compõe bem o sistema defensivo. Ora, ora, ora, mas ele é atacante e quem joga lá na frente não pode perder o tanto de gols que ele jogou pelo ralo. Nem vou mencionar, a lista na memória é enorme. Chuta sem olhar para a direção e alvo. Júnior Santos foi mais um daqueles que fez gol no Galo, veio e ficou nisso. Biel, aí Biel, não reclamo só pela penalidade da decisão da Sula, junto a esse registro os dois gols perdidos durante a prorrogação do mesmo jogo e a correria improdutiva quando o treinador insistia em acrescer a minutagem arriscada obrigação de sua contratação definitiva. Fraco. Melhor, fracos todos três. Ao João Marcelo concedo o benefício da idade, assim como no caso do Román, que pode ainda vingar com a camisa do Galo.

Dessa barca de atacantes, restaram dois. Dudu e Cuello, que ainda não atuaram juntos. O primeiro tem se destacado no inoperante ataque do Galo nessa reta final de temporada. Desconheço as razões de ter sido substituído nos dois jogos recentes. Lá no Paraguai pelo Biel e na terça por Caio Paulista. Como sou tão e somente corneteiro, vai daqui meu toque em alto e bom som. Se necessário, na falta de uma corneta, tocando o berrante. Dudu por qualquer dos dois é chamar o adversário para cima e correr os riscos que acabamos experimentando. Já Cuello, não imagino como irá voltar depois desse longo afastamento. Mas como Atleticano que tenho em primeiro lugar o respeito pela Massa, onde é o meu lugar, tem – ele e Lyanco – de se explicar e justificar (convencer mesmo) a agressão ao Torcedor na final de Assunção. Diferente deles, que também foram só para assistir ao jogo, cada qual de nós arcou com preço elevado e viagem cansativa. Fui e voltei de avião, custo altíssimo, e desde que voltamos ainda estou fisicamente abalado. Concluí que não tenho idade e saúde para bate e volta. Quem foi por terra, imaginem… Respeito com a Massa, é o que esperamos do elenco, treinador e donos da saf.

Se ainda precisamos de dois pontos, talvez um ou nenhum, fato é que não podemos ir para a reta final precisando de pontuar. Esses caras precisam honrar a camisa do Galo e as calças que vestem. Fazer como os garotos do sub17, que levantaram o primeiro troféu na Arena dos Empresários ricaços. Ontem, o sub20, completamente reformulado venceu a primeira da semifinal com o São Paulo. Vai até a capital paulista dependendo de um empate para disputar o título. Essa foi reformulação mesmo, doa a quem doer, depois de rebaixado no Brasileiro da categoria. Reagir e eliminar concorrentes poderosos como o flamídia dentro do Rio de Janeiro. Boto muita fé nessa meninada, com custo baixo – ainda – e com vontade de honrar a tradição Atleticana. Vencer! Vencer! Vencer! Sobre nomes dessas duas bases, 17 e 20, apreciem Robert, Kaio Assis e Pedro Cobra (todos goleiros), Cissé (guineense), Xavier, Peu, Índio, Mosquito, Veneno, Iseppe, Murilo, Vitão, Samuel, Pascini, Ronaldo, Cauã Soares (em tratamento). Parei! E treinador, ficaria com Henrique Teixeira, que comandou a conquista do Brasileiro sub17.

*fotos: 1) Luís Amaral/Atlético; 2) Daniela Veiga/Atlético