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Arana tem que ir para a Seleção?

Bruno Cantini/Atlético-MG
Ricardo Galuppo

A convocação de Guilherme Arana, melhor lateral esquerdo do Brasil, para a seleção que disputará os Jogos Olímpicos de Tóquio, a partir do mês que vem, deixa a massa com uma justa preocupação: este não é o melhor momento para abrir mão de um craque desse quilate. Principalmente depois que seu substituto imediato, o eficiente Dodô, sentiu uma contusão durante a vitória sobre o Internacional, na quarta-feira passada. 

Com Arana na seleção e Dodô no Departamento Médico, o Galo pode ter problemas daqui a duas semanas e meia, na partida contra o Boca Juniors, em Buenos Aires, pelas oitavas de final da Libertadores. Isso seria motivo suficiente para fazer com que o Galo agisse como o Flamengaço Classificadaço e se recusasse a liberar jogadores para a CBF. A pergunta é: o que o Atlético ganharia com isso? 

O melhor a fazer nesse momento é deixar o time carioca sozinho nessa briga de comadre que diz ter comprado com sua eterna protetora, a CBF. O clube do Rio de Janeiro anda preocupado com o crescimento de clubes que, mais cedo ou mais tarde (espero que mais cedo) mostrarão que toda essa superioridade que ele arrota não existiria se não contasse com o suporte estratégico da entidade e da emissora parceira (com quem, também, simula desentendimentos que não existem e servem apenas para que ele exija mais vantagens na distribuição das cotas de TV).

Estado de Minas
ARANA, SELEÇÃO!

Da minha parte, gostaria não apenas que Arana se apresentasse à Seleção como, mais do que isso, voltasse de Tóquio com a medalha de ouro, como o principal craque das olimpíadas. Futebol para isso, ele tem. Não que eu morra de amores por esses times montados pela sempre suspeita CBF e não considere o Galo mais importante do que eles.

Para mim, o Galo é muito mais importante. E é justamente por isso que ele tem que mostrar que é diferente.

Minha torcida não é pelo time da CBF, mas pelo próprio jogador — que merece ter seu nome reconhecido como o grande craque que é e, mais do que isso, identificado como jogador do Galo. Quanto à Libertadores, creio que o elenco atleticano dispõe de nomes capazes de dar conta do recado. Uma formação em que Júnior Alonso atue pela lateral esquerda, numa defesa formada ainda por Guga ou Mariano, Rever e Igor Rabello é perfeitamente capaz de derrotar o time argentino. 

Seja como for, a verdade é que o futebol brasileiro está mudando. Clubes que ontem se julgavam superiores a Deus e todo mundo (como é o caso de Vasco da Gama, Botafogo, Corinthians e outros que nem merecem ser mencionados), hoje se encontram em petição de miséria — e a tendência é que se afundem ainda mais. Em contrapartida, uma quantidade expressiva de clubes está se organizando e se preparando para um momento de maior competitividade e transparência. 

Num ambiente como esse, tramoias como as que, até um passado recente, garantiram títulos escandalosos aos queridinhos da cartolagem, se tornarão mais difíceis de serem levadas adiante. Daqui para frente, assim espero, o que contará é a organização e a transparência: roubar como já roubaram, contar com o apito, como sempre contaram, ao invés de ajudar, atrapalhará os negócios dessa gente. Esse é o meu sonho. O Atlético tem sido um dos líderes desse processo e o melhor a fazer nessa hora é mostrar que, em tudo, ele é diferente dos clubes que sempre contaram com a simpatia e a proteção dos que se consideram “donos” do futebol brasileiro. 

MÁRIO DE CASTRO E CARLYLE

Aliás, essa tem sido uma constante ao longo da história alvinegra. Tirando o time de 1982, dirigido pelo grande Telê Santana, a relação da massa com os times da CBD ou de sua sucessora, a CBF, sempre foi marcada por grande desconfiança. O time que foi à Copa da Espanha foi a seleção mais atleticana da história. Tinha, além do próprio Telê, Luizinho, Toninho Cerezo e Éder Aleixo. Paulo Isidoro, que jogava no Grêmio na época, também tinha o carinho da massa. E Reinaldo só não estava naquela formação por implicância de Telê que, como todo gênio, também tinha lá suas maluquices.

Mas essa história é para ser lembrada em outra hora. O que interessa agora é que, na maioria das vezes, a relação da torcida do Atlético com a Seleção Brasileira de futebol nunca foi das mais amistosas — e isso não é de hoje. Já no final dos anos 1920, o grande Mário de Castro (que ainda hoje ocupa o terceiro lugar entre os grandes artilheiros do Galo, atrás apenas de Reinaldo, o Rei, e de Dario) recusou a convocação porque não queria ser reserva de um certo Carvalho Leite, atacante do Botafogo do Rio de Janeiro. 

Depois disso, passaram-se anos até que, em 1948, Carlyle Guimarães foi convocado para defender o “escrete” nacional e até marcou gol numa partida da Copa Rio Branco daquele ano, contra o Uruguai. No final dos anos 1960, o zagueiro Djalma Dias, enquanto ainda defendia o Atlético, chegou a ser convocado para a Seleção que se classificaria para a disputa da Copa do Mundo de 1970 — mas, logo depois, se transferiria para o Santos.

Centro Atleticano de Memória
PARCIALIDADE E BAIRRISMO

A verdade é que a relação da massa com as seleções nunca foi das mais amistosas, graças à parcialidade e ao bairrismo que os treinadores sempre demonstravam na hora de convocar os jogadores para representar o Brasil. Isso ajuda a explicar a reação da massa alvinegra no dia 3 de setembro de 1969 — quando o Galo, sem o menor respeito, aplicou humilhantes 2 a 1 no time que havia acabado de se classificar para a Copa de 1970. Aquele resultado, além de aumentar a birra que o treinador João Saldanha tinha do Atlético, serviu para que a CBD proibisse jogos da seleção contra times brasileiros. 

Saldanha recusava-se a chamar para o seu time o artilheiro Dario, autor de um dos gols que humilharam seu time no amistoso de 1969. Por mais gols que Dadá marcasse, mais distante a implicância do treinador o deixava da seleção. Depois que o técnico caiu, Dadá foi chamado para o time que seria campeão do mundo. Tentaram atribuir a convocação do centroavante atleticano, maior artilheiro do Brasil em 1969, à simpatia que o general Emílio Médice, ditador da ocasião, tinha por ele. 

Essa gente chega a ser ridícula em sua parcialidade. O jornalista João Máximo, amigo e biógrafo de Saldanha, registrou em livro que não era por Dario, mas pelo próprio treinador, a grande admiração de Médice. Mesmo assim, essa gente que ignora a verdade e age como se tudo soubesse sobre o futebol e sobre a vida, insiste em dizer que Dario não tinha condições técnicas para participar daquela seleção. 

Esses mesmos senhores, em Copas seguintes, derramaram-se em elogios às convocações de atacantes menos talentosos do que Dario. São os casos de Roberto Dinamite, do Vasco da Gama, em 1978, e Serginho Chulapa, do São Paulo, em 1982.

Em tempo: negociado com o Barcelona em 1980, Roberto Dinamite foi devolvido ao Vasco da Gama pelo clube catalão. Isso porque, na prática, não conseguiu demonstrar que valia o investimento feito em sua contratação. Foi o único caso de devolução de mercadoria defeituosa que se conhece na história do futebol. 

Mas isso é problema do Roberto e de quem gosta dele. Não do Galo. O nosso problema atual é um só: ganhar títulos. Quanto mais, melhor. E, para isso, o primeiro passo é fazer diferente do que os queridinhos até aqui fizeram. Vamos em frente. Estamos no caminho certo. Eu acredito!

Blogueiro

View Comments

  • Alguém avisa o estagiário do superesports que colocar o flamerda com 6 pontos em quarto lugar é forçar demais hein. Já tem dias que está assim.

  • Boa tarde a todos!
    Sobre a Seleção, ví aos meus dez anos a melhor e mais atleticana de todos os tempos em 82, depois torci também pela de 86 e depois passei a odiar essa gente ao ponto de me levantar e comemorar num barzinho lotado em 90 quando Maradona enfileirou um bando e deixou o Canidia só pra driblar o Taffarel...
    Odeio essa selecinha e acho que deviam mudar as cores pra vermelho e preto igual ao protegido da maldita,suja,putrefata entidade carioca.
    Saudações atleticanas!

  • Nada melhor para um domingo sem Atlético em campo do que rever e curtir o timaço do Yustrich .

    Spencer , campeão em 71 , também entende que o sucesso de Telê tem tudo a ver com o que o Homão entregou de elenco .

    Segundo o meia , um dos melhores de todos os tempos .

    Palavras de quem esteve lá dentro...

  • Pra não deixar de ser um crítico contumaz das NARRATIVAS que hoje dominam o futebol , o mais engraçado foi ouvir um jogador do "Classificadaço" dizer que o Braga foi ao Rio "jogar por uma bola" .

    Meteu três !

    • Verdade, o Arão disse isto em entrevista, “eles vieram aqui para jogar por uma bola” , e a mídia carioca diz que o Fla jogou desfalcado do Zico.

  • Bom dia, Eduardo, Ricardo Galuppo, atleticanas e atleticanos.
    Domingo sem Galo não é domingo, é dia inútil. Nada mais a declarar além de desejar a segunda-feira com festa no Mineirão.

  • bom dia Eduardo e massa e Ricardo Galuppo. não é hora de liberar o arana para a seleção da cbflixo. não temos lateral esquerdo porque Dodô esta no Dm então a diretoria que resolver este problema. já estamos muitos desfalcados e se perder o arana estamos fritos. aliás os jornais portugueses dizem que Benfica ofereceu 6.5 milhões de euros, se for verdade não caia nesta diretoria se for para vender não por menos de 40 milhões de euros estes clubes europeus são espertos compram baratos para vender caro.qualquer jogadores meia boca aqui vale 50 milhões de euros. meu receio é esta diretoria doar o arana para equipes europeus. domingo sem jogo do galo é ruim demais. aff.vai galooooo.

    • Lucas, um dos maiores jogadores de todos os tempos do galo. Do Carlyle tenho gratas lembranças de alguns jogos que com ele partilhei no fim de carreira. Não como profissional mas como companheiro de peladas antes do nefasto acontecimento do seu falecimento por atropelamento.

  • Quem gosta de futebol pelo futebol sugiro assistir aos jogos do Red Bull.

    Ontem no Maraca papou o Mengão, que jogou com 14 jogadores , haja vista o trio de arbitragem escandaloso que só faltou estar com a camisa rubro-negra .

    Destaque para o Clayton , que está muito bem por lá.

    • Verdade, a turma do apito fez o que pôde, o jogo não acabava nunca. A receita do Braga é simples, nós sabemos, futebol é conjunto, coletivo, objetivo.

  • Você por aqui em pleno domino, GalOppo? Chega assim, de repente, parecendo um fantasma!!! Buuuuu!!! Carlyle saiu do glorioso Guarani de Mariana que nos áureos tempos de criança do meu pai (o velho sempre relata isso), fazia os clássicos contra o Marianense. De tanto ouvir o meu pai destolat o veneno dele contra o Galão (o velho é americano de destesta o nosso time), acabei por quase decorar o nooso ataque atrasador nos anos 1940: Eduardo de Ávila, Carlyle, Lauro, Lero (Alvinho) e Nívio Gabrich.

    Como esqueci o nome do ponta direita coloquei outro craque como forma de homenageá-lo por manter esse espaço tão legal, o qual frequento com muita alegria todos os dias.

    • Corrigindo (maldito corretor ortográfico): Lero ao invés de Leto). Alguém assoprou pra mim que o ponta direita era Lucas Miranda, nas eu não tenho certeza. Algum amiGalo da velha guarda pode ajudar?

      Arena só deve ir se quem o paga (e muita grana) liberar. E eu acho que não deve liberar, já que o reserva dele machucou.

    • Bom dia Massa, Galuppo e Guru

      Teobaldo, por favor não fala de fantasma não porque quem entende disto é um certo time Cxguloso no ex-rival, que ontem além de perder para o fantasma ainda viu outro fantasma (série C) a assombrá-lo.

      Quanto a Arana, sinceramente há muito tempo que ninguém tem mais tesão por qualquer seleção brasileira, até porque ela é só formada para os empresários de jogadores, mas o ambiente no clube é tão bom, que se for pra atender à vontade do jogador, que ele vá.

      • Teobaldo! Saudações Atleticanas e um ótimo domingo a vc e aos seus.
        Corre na boca miúda q o de Ávila qdo moleque só tinha vaga no time por conta de ser dono do capotão. A posição de origem dele era a de glândula,12º jogador do time da rua de baixo. Dedé bico fino foi quem revelou o glândula q sumia com a bola qdo o time fazia o placar combinado.
        Abs

        • Parte é verdade. Era o dono da bola e meu pai, numa camionete, levava todos para o jogo no Barreiro em Araxá. O treinador, Lulu do Correio, só me colocava faltando dez minutos em homenagem aos préstimos do papai. E quando eu pegava na bola Lulu dizia em alto e bom som. "Bolão, Eduardo". Daí abaixava a voz e completava: "vai ser ruim, FDP". E todos riam. Até eu. Mais à frente, como muitos, achei meu lugar e disputei vários campeonatos lá na terra. Goleiro!
          Então parte real, outra não, e dado novo.

  • Bom dia, Galuppo, Eduardo e Canto do Galo!!!

    Sobre Arana na Seleção, o certo e o correto é apresentar o cara e pronto.

    Regra é regra!

    Defender o país em competições internacionais não é favor, é obrigação.

    Além do fator vitrine, que valoriza o jogador, tem o próprio jogador que gosta e almeja, regra geral, vestir a camisa da Seleção Brasileira.

    Tirar isso do jogador equivale, para mim, a um ato imperdoável, até.

    Mas....

    Sobre o Brasileirão, não é que a 5' Rodada de 38 começou boa para o Galo?

    E não é "o mais queridinho" perdeu ontem para o RB Bragantino, em pleno Maracanã?

    E não é que o gol do Red Bull não foi de um contra-ataque mortal, no último segundo da partida, que terminou 2 a 3 para o bom time paulista?

    Muito embora "o queridinho" estivesse desfalcado de suas peças principais por causa das convocações, nacional e estrangeira, para a Copa América e Seleção Olímpica, a derrota foi emblemática por sinalizar um desempenho semelhante à Campanha do Urubu do ano passado, quando o Flamengo foi campeão, melhor, Bi.

    Embora campeão, "o queridinho", que somou 21 vitórias na competição, teve "8E e 9D", o que é muito para um campeão (muitas derrotas, principalmente).

    Tendo o ataque mais goleador da competição (68 GP), a sua defesa, porém, foi muito vazada (48 GC), geralmente em gols por contra-ataques dos adversários que souberam explorar as linhas adiantadas da equipe, como também ocorreu com o Galo de Sampaoli.

    A semelhança das Campanhas de Flamengo e Galo, ano passado no BR 20, ficou pela opção tática dos treinadores de mandar seus times saírem para o jogo, com linhas muito adiantadas em estratégias puramente ofensivas, o que abria brechas demais em ambas as defesas para exploração das avenidas pelos adversários em vários jogos.

    Como o Flamengo continua com as linhas muito altas e com o time muito sensível a contra-ataques, não é absurdo supor que o rubro negro carioca terá um comportamento tático bem semelhante a da campanha do ano passado.

    Se sim, derrotas e empates a priori virão pela opção muito ofensiva e kamikaze da equipe carioca jogar, como ontem contra o Bragantino que venceu na base dos contra-ataques.

    Como Cuca tem conseguido proteger a defesa do Atlético para deixar o Alvinegro mais equilibrado, há ótimas chances do Galo chegar nas rodadas finais com maiores possibilidades de sagrar-se Campeão.

    Diria que Cuca está em bom caminho e estou pressentindo que nesta temporada o Caneco do BR21 ficará na Cidade do Galo.

    Todavia, todo cuidado deve ser tomado nos bastidores para evitar o "Efeito Varmengo".

    Se pressentirem que o Galo pode levantar o Caneco, aquela mão grande invisível de sempre irá ressurgir para fazer operar o velho milagre da multiplicação dos pontos, para "o queridinho", como sempre foi, desde os tempos da CBD...

    E olha que o guru Eduardo não cansa de alertar para as manobras do eixo em desfavor do Galo.

    Se a Diretoria do Atlético não abrir o olho, babau BR21!!!

    Cuidadooooo, Galooooooo!!!

    Abra o olhooooooo, Galoooooooo!!!

    Vamoooooo, Galoooooooo

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