Esta Ilha hoje recebeu a notícia do falecimento de um jovem de dezenove anos, vítima do COVID-19. Era saudável, até ser contaminado pelo novo coronavírus. Visitou o clínico geral do bairro, que o mandou tomar um paracetamol ainda na semana passada. Seu estado de saúde piorou rapidamente e, ao ser admitido no hospital, entrou em colapso e morreu. Não tinha nenhuma doença pré-existente. O rapaz foi apenas um dos 381 pacientes que morreram na terra da rainha, vitimados pelo novo vírus nas últimas vinte e quatro horas.
Diariamente o governo atualiza o número de mortos, doentes e faz um resumo das providências que vem tomando para lidar com a crise. Desde que o primeiro-ministro Boris Johnson entrou em quarentena, depois de que um teste revelou que ele foi contaminado pelo novo coronavírus, Michael Gove, um de seus ministros, tem ocupado o lugar do primeiro-ministro nas coletivas de imprensa.
Michael Gove, este é um nome que os brasileiros provavelmente desconhecem. Político do partido Conservador, ele subiu alguns degraus na cadeia alimentar da política local, quando em fevereiro se tornou o ministro do gabinete civil de Boris Johnson. Vê-lo falando ao lado do chefe do NHS inglês (o SUS daqui) e de técnicos do governo, despejando estatísticas e estudos tem um quê de irônico. Michael Gove, um ferrenho defensor do Brexit, ficou famoso ao dizer que: ‘estamos cansados de ouvir os especialistas”, quando confrontado por jornalistas que tinham em mãos um estudo produzido pelo próprio governo apontando os resultados desastrosos para a economia do país, caso essa Ilha deixasse o bloco europeu. Ao vê-lo escoltado por experts, ele parecia um convertido. O novo coronavírus não brinca em serviço: a hora do achismo acabou.
Ainda sobre as últimas do dia por aqui. Vale a pena refletir sobre a fala da primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon: “Não subestimo os danos que essas medidas trarão para a economia, o impacto de se restringir tanto as liberdades individuais do modo como estamos fazendo. Entretanto, todas essas coisas, por mais difíceis que sejam, podemos eventualmente reparar. O que não conseguiremos fazer é trazer os mortos de volta à vida.” Assim ela explicou porque ampliou ainda mais as restrições e o confinamento no país, cujo o número de mortos pelo COVID-19 chega a 60.
Nicola Sturgeon, ao que tudo indica, também acredita que esta é a hora e a vez de se ouvir a razão.