Guardiões da Galáxia voltam a atacar!

por Marcelo Seabra

No final de Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014), Peter Quill (Chris Pratt) abre seu presente, uma segunda fita com músicas que a mãe gostava. É essa trilha que dá seguimento à história dos anti-heróis que surpreenderam o mundo há três anos e agora voltam para salvar a galáxia novamente. O Vol. 2 (2017) não tem o frescor e a costura do primeiro, parecendo um pouco disperso. E as músicas não são tão marcantes. Mas é tão divertido quanto se pode esperar, garantia do diretor e roteirista James Gunn.

Para sacudir um pouco as coisas, Gunn incluiu diversos novos personagens, o que aumenta também o número de referências aos quadrinhos. Para os aficionados, é um prato cheio de quem é quem. Para os recém iniciados, as informações básicas são dadas, o que permite total compreensão de tudo. Só as cenas adicionais ao final, nada menos que cinco, deixam umas pontas soltas que demandam experiência prévia. É nesse momento, olhando para a plateia, que é possível separar os fãs dos novatos. E os mais desavisados saíram logo que a tela ficou preta, não sabendo até hoje que todo filme da Marvel guarda surprezinhas para o final.

A trilha sonora original, novamente composta por Tyler Bates, casa muito bem com as cenas em que aparecem. Mas disputa lugar com os clássicos da música popular da língua inglesa, como já era sabido. A diferença é que, se no primeiro tínhamos Redbone, Jackson 5, David Bowie e Blue Swede, entre outros, agora as faixas não são tão reconhecíveis. Com exceções, claro, já que temos George Harrison, Cheap Trick e Cat Stevens. Mas as escolhidas de Electric Light Orchestra e Fleetwood Mac, por exemplo, não estão entre as mais famosas dessas bandas. Isso vai da experiência de cada um, mas afirmar que Brandy (de Looking Glass) é talvez a melhor canção de todos os tempos é forçar a barra demais.

Seguindo pelo espaço, sob a liderança de Quill, os Guardiões da Galáxia, agora já conhecidos por esse nome, trabalham como mercenários. Aceitam uma missão mediante pagamento, mas as coisas nunca saem como previstas. A tarefa aqui é encomendada pelos Soberanos e, no meio do caminho, Quill se depara com ninguém menos que seu pai, o deus Ego (Kurt Russell, de Os Oito Odiados, 2015). A trama segue dando bastante atenção aos personagens e à dinâmica entre eles, assumindo um tom bem mais pessoal que o primeiro filme. Só a fofurice do Baby Groot (voz de Vin Diesel – abaixo) irrita um pouco. Mas não faltam explosões, perseguições e piadas. E participações especiais, como Sylvester Stallone, que pode vir a ser aproveitado no futuro. E muitas pontas de gente bacana. Stan Lee está lá, claro!

Ao contrário do milionário arrogante Tony Stark (o Homem de Ferro) ou do soldado certinho Steve Rogers (o Capitão América), os Guardiões são indivíduos problemáticos com os quais o público pode se identificar. Os conflitos que eles vivem, guardadas as devidas proporções, podem ser encontrados dentro da sua própria casa. Uma briga entre irmãs, por exemplo, serve como uma das espinhas do longa. A relação difícil entre Gamorra (Zoe Saldana) e Nebula (Karen Gillan) é bastante explorada, e foi basicamente causada pela forma como ambas eram tratadas pelo pai adotivo, o megalomaníaco Thanos.

A outra base para o roteiro é a descoberta de Peter, que finalmente conhece o pai – um papel fantástico para Russell, que está muito à vontade. O encontro começa às mil maravilhas, mas as coisas se complicam e geram mais desafios. O excesso de subtramas e o fato de a equipe se dividir dá a impressão em algum momento de que falta uma unidade ao roteiro, os fatos vão acontecendo seguindo um rumo acelerado. É coerente, já que a vida anda assim, mas não deixa de causar estranheza. A surpresa que o anterior causou obviamente não pode ser replicada. O que este Vol. 2 pode fazer, e faz, é dar prosseguimento aos dramas dos personagens, além de sedimentar o caminho para os demais episódios do Universo Marvel, como a Guerra Infinita que vem aí.

Kurt Russell é uma ótima adição para qualquer filme

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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