Revista clássica do Batman ganha boa adaptação

por Marcelo Seabra

De todo o rico universo de Batman, uma história talvez seja a mais querida pelos fãs, que certamente gostariam de vê-la adaptada aos cinemas. Se serve de consolo, ela chegou às locadoras na forma de uma interessante animação: Batman: Ano Um (Batman: Year One, 2011). A boa notícia é que ficou uma obra bem fiel e com uma arte belíssima. Tradicional, linear e curta.

Publicada nos Estados Unidos entre fevereiro e maio de 1987, a revista fez história por tentar trazer o personagem à realidade, recontando sua origem de forma bem pé no chão. Frank Miller, a lenda dos quadrinhos que havia, um ano antes, escrito a elogiada Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns), tomou para si o trabalho de recriar o mitológico herói, e contou com David Mazzucchelli desenhando. Os dois já tinham trabalhado juntos recriando outro nome famoso, este da Marvel Comics: o Demolidor.

Em Batman: Ano Um, acompanhamos dois sujeitos bem diferentes chegando a Gotham City. Bruce Wayne, o milionário órfão, retorna depois de 12 anos viajando pelo mundo. Ele mantém uma fachada de playboy farrista e mulherengo, apenas para esconder seu real intento: usar todos os seus recursos e habilidades adquiridas para limpar a cidade onde nasceu – e perdeu os pais em um assalto. Paralelamente, temos James Gordon, tenente da polícia de Chicago que foi transferido e vai aprender que o departamento de Gotham deve ser um dos mais corruptos do país, começando pelo Comissário Loeb. No meio do caminho, ainda conhecemos um certo Harvey Dent, assistente da promotoria que viria a se tornar o Duas-Caras, e Selina Kyle, uma prostituta que decide empreender assaltos usando uma fantasia de gato.

Narrando a trajetória desses dois protagonistas, Miller monta a base para diversas outras histórias que viriam, tanto do próprio Batman, que continuam sua jornada seguindo esta nova roupagem (como O Longo Halloween e O Homem Que Ri), quanto de outros heróis da DC, que tiveram suas origens recontadas. A série de quatro edições serviu também como base para o longa Batman Begins, de 2005, que aproveita vários elementos para reapresentar a vida de Bruce Wayne, inclusive usando alguns de seus personagens.

Depois que o diretor Joel Schumacher conseguiu fazer o que diversos vilões tentaram incansavelmente – humilhar o homem morcego (ao lado), o produtor e ilustrador Bruce Timm foi encarregado pela Warner Bros. Television de chefiar um novo desenho para o herói. Em 1997, estreou a série animada The New Batman Adventures (conhecida por aqui como Novo Batman), que iria dar novo fôlego ao herói, possibilitando seu retorno em outras mídias. Christopher Nolan assumiu o compromisso com a tela grande, e a influência do trabalho de Frank Miller sempre pode ser percebida.

Talvez devido a Batman Begins, que já cumpre bem a função de recontar a origem de Batman no cinema, os fãs tenham perdido as esperanças de ver Ano Um adaptada. A divisão de animações da DC decidiu, então, usar a revista em um de seus projetos. E foi bem sucedida, apesar de simplificar algumas informações, provavelmente para se ater à duração estipulada. De uma forma geral, o desenho é bastante satisfatório, e deve agradar tanto aos mais devotados quanto aos desavisados.

O DVD de Batman: Ano Um, além de valer a pena por trazer o longa, tem ainda mais um curta da série DC Showcase, que já colocou os holofotes em Jonah Hex, Spectro, Arqueiro Verde, Superman e Capitão Marvel. Desta vez, o foco é a Mulher-Gato, apresentada em Ano Um. Como disse no post anterior, este é um bom momento para conferir o que as locadoras têm a oferecer.

A morte dos Wayne faz surgir um herói em Gotham

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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