Filmes chegam e palpites se confirmam

por Marcelo Seabra

Dentre os concorrentes ao Oscar 2011, a maioria dos filmes não havia chegado ao Brasil quando o anúncio dos indicados foi feito. Quem deu palpites sobre os prováveis vencedores o fez com base em opiniões e impressões da imprensa estrangeira (meu caso, inclusive). Como as produtoras crescem o olho e se mobilizam para arrecadar o máximo possível, os filmes começam a chegar aos cinemas à medida que a data da premiação se aproxima. E a cerimônia será realizada já no dia 27. Por isso, pode-se dizer que os principais indicados e prováveis maiores vencedores já chegaram à capital mineira.

127 Horas, Minhas Mães e Meu Pai e Inverno da Alma

Dentre os dez apontados como Melhor Filme do ano, não consegui conferir ainda 127 Horas (127 Hours, 2010), Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right, 2010) e Inverno da Alma (Winter’s Bone, 2010), sendo este último o único da lista que não chegou aqui. Antes de discutir quem merece ou não, é interessante ressaltar a variedade de temas tratados aqui – apesar de achar um disparate ter dez indicados aqui e cinco nas demais categorias, como já afirmei. Alguns dramas bem diferentes entre si, uma ficção-científica, uma comédia de costumes, um faroeste e uma animação compõem um quadro bem interessante, e muitos deles transitam por um bocado de gêneros, não se restringindo a apenas um. Devo dizer que cinco, entre os dez indicados, me deixariam satisfeito se vencessem.

A Rede Social (The Social Network, 2010) já havia chegado e comprovado o belíssimo trabalho do diretor David Fincher e de sua equipe. Mais uma vez, como foi o caso de Zodíaco (Zodiac, 2007), Fincher se ateve aos detalhes e apresentou diversos personagens e fatos, condensando um longo período de tempo em aproximadamente duas horas de muita informação. Dentre as categorias mais visadas do Oscar, eu havia apostado que ele levaria os prêmios de Melhor Diretor, Filme e Roteiro Adaptado. Agora, tendo conferido as principais atrações, mantenho minhas convicções.

O Discurso do Rei, Cisne Negro e O Vencedor

Nas categorias de ator e atriz principais, mais uma vez fico com meus palpites: Colin Firth (de O Discurso do Rei) e Natalie Portman (de Cisne Negro). Convenhamos, não está muito difícil, apesar de alguns dos outros competidores serem também muito bons. Não sei se acho bom ou ruim que Hailee Steinfeld, a garotinha durona de Bravura Indômita (True Grit, 2010), esteja concorrendo como coadjuvante. Talvez, isso dê uma chance a ela, o que seria muito mais complicado se ela fosse indicada como atriz principal, o que ela é, de fato, no longa. Se a campanha de Melissa Leo (de O Vencedor) pela sua própria vitória sair pela culatra, como está se falando na mídia de fora, pode sobrar para Hailee. O que seria fantástico, apesar de Helena Bonham Carter também ter cumprido bem mais que a sua obrigação em O Discurso do Rei (The King’s Speech, 2010). E o Batman Christian Bale deve mesmo ficar com o prêmio de coadjuvante por O Vencedor (The Fighter, 2010), mesmo brigando com o brilhante Geoffrey Rush, colega de elenco de Helena.

Duas categorias podem ser usadas para se fazer justiça. Se A Origem (Inception, 2010) levar a estatueta de Melhor Roteiro Original, seria uma ótima forma de reconhecimento. Afinal, a não indicação de Christopher Nolan como Melhor Diretor ainda vai assombrar a Academia por muitos anos como um dos maiores furos da história da premiação. E Toy Story 3 (2010), antes de ser um desenho, como muitos fazem questão de ressaltar, é um ótimo filme. Ele dá uma dimensão favorável ao clichê “filme para a família”, normalmente ligado a um péssimo “filme da semana” da TV a cabo. Você pode realmente fazer todos se reunirem para acompanhar a (provável) última aventura daqueles brinquedos dos quais aprendemos a gostar desde 1995.

Bravura Indômita, A Origem e Toy Story 3

Algumas surpresas na noite do próximo dia 27 viriam a calhar, para que tudo não fique muito previsível. E poder fazer essa afirmação é uma dádiva: ela prova que há várias ótimas opções este ano. O que, infelizmente, não é sempre que acontece.

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Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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