As lições do futebol que a política não aprende

Precisamos entender que reza, choro e garra não ganham jogos. Como político só honesto, carismático e populista também não administra bem

Paolo Guerrero chora após eliminação (Imagem: FifaTV)

Dias atrás, eu e um querido amigo assistíamos a um vídeo, gravado pela Federação Peruana de Futebol, e enviado à Federação dinamarquesa. Nele, se via e ouvia a retórica vazia e populista, típica dos latino-americanos. Sofrimento, dificuldades, pobreza, luta, garra, suor e promessas de uma verdadeira guerra em campo.

A resposta dos europeus foi típica: um vídeo calmo, educado, amistoso, lembrando que a Copa do Mundo é apenas um torneio de futebol que celebra a amizade entre os países e os povos da Terra. Nada de sangue, suor e lágrimas. Nada de religião, dramas históricos ou quaisquer apelos populistas. Segue o jogo.

A Dinamarca bateu o Peru, que depois perdeu para a França. Duas rodadas, duas derrotas e o adeus à Copa do Mundo após mais de três décadas ausente. O Peru guerreiro, do povo sofrido e castigado pela pobreza, que mostraria ao mundo sua força e garra (Carajo! — com esta expressão encerrava-se o vídeo) foi embora para casa.

Batido por seleções de gente normal, que entra em campo concentrada, ciente da necessidade de manter o equilíbrio emocional, que aplica nos jogos aquilo que treinou e jamais apela a Deus ou às emoções para vencer, a breve história peruana na Copa da Rússia tem muito a nos ensinar. Não só no futebol, aliás.

Um bom presidente, governador e prefeito, ou mesmo deputado e vereador, é aquele que está bem preparado para o exercício do cargo. É quem entende de administração pública, finanças, geopolítica global, sociologia, etc. É alguém que sabe ler e escrever adequadamente e se expressar melhor ainda.

Ser honesto não é qualidade; é pré-requisito. Ser contra a corrupção e a violência urbana idem. Autodeclarar-se defensor dos pobres, quando sequer se é pobre, é no mínimo jogo de cena. Quem pratica a caridade, por exemplo, nunca faz propaganda a respeito. É um ato solidário, solitário e geralmente anônimo.

Da mesma forma, berrar, agredir e ofender aqueles de quem se discorda, não faz político algum mais capaz. Já apelar ao nacionalismo, patriotismo e ao populismo, ao contrário, torna, aí, sim, o candidato incapaz, ou, no mínimo, inadequado. Quem é bom jamais precisa provar com palavras e gestos. A própria história se encarrega disso.

O Brasil, após a redemocratização, experimentou de tudo um pouco: Ladrões, semianalfabetos, bipolares, cabras-macho, saco roxo, semideuses, Deus em pessoa! Não raro, conseguimos eleger políticos que reuniam dois, três e até quatro destes defeitos ao mesmo tempo. Deu no que deu! Quebramos a cara e o país.

Em outubro próximo, antes de cravarem na urna o número do seus candidatos, pensem nisto. Perguntem-se o que têm além de discursos e promessas. Reflitam sobre o que já fizeram — ou o que nunca fizeram. Não votem em branco ou nulo. Não desperdicem, mais uma vez, a chance de mudarem as próprias vidas.

Porque ao contrário da Copa do Mundo, ainda que também ocorram a cada quatro anos, as eleições não deixam apenas boas ou más lembranças, boas ou más emoções, ou boas ou más histórias para contar. As eleições deixam rastros! E aí, sim, meu amigos… de sangue, suor e lágrimas. Ou não é o que têm nos deixado nos últimos 30 anos?

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16 thoughts to “As lições do futebol que a política não aprende”

  1. Olha o que VOCES fizeram com a camisa da selecao todo mundo ta com vergonha de usar e ser confindido com um fantoche paneleiro kkkkkk

    1. Se têm vergonha da camisa amarela que não a usem e ainda é muito melhor do que ter orgulho, idolatrar e defender criminoso preso.
      Tem espelho? veja em qual das opções vc se encaixa.

    2. Esse “todo mundo” ao qual você se refere deve ser todo mundo do PT,né ? Uma minoria (cerca de 30% da população) que não passa de uma quadrilha lulofascista que nunca torceu pelo Brasil coisíssima nenhuma,sempre defendeu o próprio interesse,isto é,o próprio bolso.

  2. Sigo suas publicações, gosto muito delas, com sua experiência e conhecimento, qual destes pré candidatos, vc acho o mais preparado pra administrar o Brasil?

    Obrigado.

    1. Lincoln, sob os meus valores, Henrique Meirelles e João Amoêdo, nesta ordem. Em remotíssimo terceiro lugar, Alckmin. Mas como eu disse, sob meus valores. Analise todos que irão concorrer com cuidado, sob sua própria ótica, e vote em quem considerar o melhor. Abrs

      1. Ricardo, sigo sempre seus textos, eles ajudam a esclarecer alguns, dos muitos pontos em que tenho dúvidas. Me permita um levantar uma dúvida para uma discussão futura mais ampla. Neste atual cenário político, totalmente comprometido com ética e decência, não lhe parece meio esquisito uma eleição onde os candidatos já são previamente escolhidos, por mim, por você e por todos nós brasileiros? Não é de certa forma um jogo de “cartas marcadas”? Sei que são as regras atuais e devemos seguir o que está na lei, mas não fica essa impressão? Não lhe parece meio que um engodo?

        1. William, os candidatos são escolhidos previamente, sim, mas não por mim ou por você, infelizmente. São escolhidos por um, como você bem lembrou, sistema eleitoral de cartas marcadas. Por isso seria maravilhoso a mudança do atual modelo para um outro que permitisse, por exemplo, candidaturas avulsas, sem filiação partidária. Além de voto distrital — ou distrital misto — e no melhor dos mundos… Parlamentarismo!

          Mas acredite: ainda que seja esta merda toda, há ótimos nomes para serem votados. Basta procurar e pesquisar direitinho que tenho certeza que irá encontrar.

          Abrs

  3. Até tu, Ricardo?
    Em “a Deus”, assim como “a Ricardo”, “a João”, ou qualquer nome masculino, não se usa crase.
    Em “ofender aqueles” também não! Quem ofende, ofende alguém e não a alguém. Não vou falar do outro errinho porque está na cara que foi lapso de digitação e falta de revisão.

    1. pô cara que chato que é vc! um puta texto legal desse e vc só fala de crases? será que sabe tudo de portugues mas não entende mais nada que não consegue comentar? cara mais chato viu!!!

  4. Vergonha tenho de viver em um país que 60 mil jovens são assassinados , todos os anos.Vergonha tenho de viver em um país que está classificado nos primeiros lugares dos índices de corrupção do mundo.Vergonha tenho de viver em um país que os indices de desenvolvimento humano são de nível africano. Vergonha tenho de viver em um país que frequenta as classificações de ensino de terceiro mundo.Vergonha tenho de um país onde criminoso cumprindo pena tenha gente querendo coloca-lo na Presidência da República. O resto é só futebol.

  5. Ricardo, vc é um babaca de marca maior!!!!!
    Use de suas artimanhas mesmo, mas senta no rabo para falar do PT.
    Idiota.
    Vai se fuder seu filho de uma puta!!!!!!
    Meu e-mail está aí.
    Seja homem !!!!!!!!

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