Ninguém lhe diz ao menos obrigado.

A carga tributária brasileira bateu hoje em 33% do PIB. Só este ano, R$ 2 trilhões foram levados dos nossos bolsos. Para o que mesmo?

Funcionários públicos, políticos de todas as casas (Câmara Municipal, Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado Federal), doutores do Poder Judiciário e os membros do Poder Executivo (municipal, estadual e federal), sindicalistas, executivos e conselheiros de estatais, reitores e pró-reitores, dirigentes de fundos de pensão gozam de direitos e privilégios muito além da imaginação de quaisquer um de nós, pobres mortais da iniciativa privada. Quanto maior o cargo, mais regalia e mais dinheiro. E eles querem que continuemos a bancar tudo, tal qual como está. Não aceitam perder nada!

Pensionistas especiais, aposentados precoces, assistidos pelos programas assistencialistas, pescadores, índios, negros, deficientes, travestis, drogados, presidiários, imigrantes ilegais e refugiados, invasores de terras e desempregados que não procuram emprego, beneficiários da Lei Rouanet querem continuar a receber seus benefícios. E eles querem que continuemos a bancar tudo, tal qual como está. Não aceitam perder nada!

Toda esta gente tem, em comum, o sentimento que são verdadeiramente merecedores do que recebem, e a mais completa ausência de culpa por sugar, de todo o resto da sociedade, o dinheiro para que continuem como estão. Não pensam que 40% do tempo do lazer, do convívio com a família, do suor do trabalho, do dinheiro do pão e do leite, da escola dos filhos, da poupança para a velhice lhes é fornecido, à força, por toda a sociedade trabalhadora do país.

Não querem saber das contas atrasadas, das noites mal dormidas, da ansiedade e do medo daqueles que lhes provém o sustento. Não estão interessados em descobrir como, com menos dinheiro ainda – por conta do aumento dos impostos e da inflação – seus mantenedores irão se virar daqui pra frente. Apenas dizem: Não à privatização, ao corte de despesas, à contenção dos gastos, à transparência pública, à meritocracia, ao rigor da lei, à reforma trabalhista, à reforma previdenciária, à reforma tributária, ao fim das bolsas, ao fim das cotas.

Somos heróis ou meros burros de carga? Imbecis pacatos que aceitam o açoite sem reagir. Sei lá. Sei não. Mas eu gostaria de, apenas uma mísera vez, umazinha só que fosse, ouvir um leve resmungo, um pequeno sussurro, um simples e singelo… muito obrigado! Sabem o que é? É que ando um pouco cansado de só ouvir: ME PASSE O SEU DINHEIRO!

(Imorais e corruptos!)

10 thoughts to “Ninguém lhe diz ao menos obrigado.”

  1. Parabéns pelo texto, até que enfim a imprensa deu espaço a um representante da iniciativa privada de manifestar seus pensamentos, o que seguramente representa o da maior parte da população. Vou recomendar seus textos ao meu pai, ele vai virar seu fã.

  2. Ricardo, nunca se esqueça de que o poder existe para dar condições de quem está exercendo o poder de submeter aos governados as imposições legais do Estado – isso em qualquer forma de governa ou ideologia. O povo é quem sustenta o Estado, não o povo que recebe os benefícios do governo – sejam os ricos ou os beneficiários dos programas sociais. Quem sustenta o governo é o trabalhador assalariado, que tem o seu imposto retido na fonte, que não pode optar por recolher depois, lhe é taxado, simplesmente. O poder se defende do povo, tanto o é que os mecanismos que teoricamente deveriam contemplar o cidadão, no que tange a defesa dos seus interesses, fica numa parte da Constituição que trata da Defesa do Estado de Direito. Desde o tratado de 1643 o Estado se restringe às obrigações de defesa de si próprio, que são cunhar moeda, legislar, judiciário, tributar, defesa interna e defesa externa e tudo o faz para tirar dinheiro da classe contribuinte para se sustentar.

  3. Direitos e obrigações iguais para todos. Fim dos regimes especiais especiais de aposentadoria, sem contribuição especial também, fim das férias especiais, fim da estabilidade no emprego, fim do foro privilegiado, fim da ajuda de custo, fim das incontáveis taxas que são desculpas para arrecadar mais – taxa de incêndio, taxa de coleta de lixo, Contribuição Sindical, taxa de licenciamento para veículos após o primeiro ano, taxa de vistoria de elevadores, e milhares de outras. Cobra-se o imposto e pronto. De todos. Não existe isenção para fundações, clubes de futebol, associações de classe, sindicatos e assemelhados. Ser pobre não é razão de não pagar imposto, que deve ser mínimo, mas existente. Todos já pagam impostos sobre os produtos e serviços, por que não todos não pagarem IPTU. Em tempo, cobrar imposto das igrejas, inclusive sobre os dízimos. Não deveria haver exceção. O que pode variar é o valor.

  4. Tenho uma filha de 20 anos que estudou toda sua vida em escola particular. Fez o vestibular na federal (UFES) e não passou devido ao regime de cota e nem por isso ficamos esperneando, apesar de não estarmos nadando em dinheiro. Seguinte Ricardo, criar cota em universidades públicas é colocar o pobre em igualdade de competir com o rico. Nossas federais estão cheias de carros novos de alunos. O pai investe um ano e cursinho pre-vestibular e economiza umas 60 parcelas da faculdade do filho. Ótimo investimento. Não sou contra o regime de cotas, ele ajuda um pouco a ajustar essa diferença absurda entre quem tem e quem nada tem. Você esqueceu de falar do auxílio creche a que nossos juízes que ganham salariozinho merreca têm direito. No mais, bom texto.

    1. Afonso, obrigado pelo comentário. A questão da cota é até compreensível e defensável, sim, mas não da forma que está posta. Afinal, há pobres brancos e pretos. Abraço!

  5. Kertzman,
    Parabeńs pela coragem e palavras claras. Mas sugiro umas anáiises mais completas. Por exemplo. Vale transporte; Mensalão fixo das transportadoras. Mescmo que compre cachaça, cigarro, sei lá o que mais, só vira dinheiro NO CAIXA DAS TRANSPORTADORAS tenham elas feito viagens e transportado
    passageiros OU NÃO! Nunca viu dono de ônibus reclamando de terem pegado fogo! Ganham um novinho!!!Funcionários públicos. Aqueles que NÃO TRABALHAM, isto é, os “de confiança” sem concurso são uns vinte mil
    e recebem trinta e cinco por cento da folha!! É só demitir esta corja de ladrões e
    o orçamento EQUILIBRA! Bolsa família, curioso… contribuem para campanha
    política! De quem? Etc… Etc..

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