Sobre adolescência, “13 Reasons Why” e suicídio

Foto: Divulgação
Daniela Piroli Cabral
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Recentemente, fui bombardeada por questionamentos sobre a série “13 reasons why” e o jogo “Baleia Azul”, que evidenciaram nas mídias a relação entre a juventude e o suicídio.

É fato que as taxas de suicídio entre os jovens vêm crescendo em maior proporção que em outras faixas etárias. É fato também que a idade do suicídio e das tentativas de suicídio vêm diminuindo, chegando a idade de 8, 9 anos.

Psicologicamente, sabemos que a adolescência é um período de transição difícil, no qual o jovem necessariamente passa por uma crise evolutiva no qual precisa abandonar as referências infantis (corpo infantil, pais infantis, papéis infantis) para inserir-se definitivamente no mundo adulto, sendo que as escolhas afetivas e profissionais são muitas vezes motivo de dúvidas, inseguranças e medos.

Biologicamente, as mudanças corporais precisam ser assimiladas e internalizadas, e a transição fisiológica-hormonal pode ser um risco para a eclosão de transtornos mentais e comportamentais nesta faixa etária.

Socialmente, o jovem exibe uma tendência grupal. E é no grupo que o adolescente vai buscar referências diferentes de suas referências primárias para fazer o contraponto identitário. O grupo exerce uma importante função de referência e pertencimento. Também são comuns comportamentos imediatistas, impulsivos e exploratórios, que expõe o jovem ao risco de uso e abuso de álcool e drogas e de “acting out”.

Além disso, não podemos falar de risco de suicídio e juventude no mundo atual sem falar dos impactos que as redes sociais provocam na saúde mental. Um estudo recente com a população jovem mostrou que a exposição diária por 2 horas ou mais às redes sociais provocam queda na autoestima, piora a qualidade do sono, aumenta a sensação de solidão e a famosa “FoMO” (Fear of Missing Out), que a sensação de estar perdendo algo, sensação de estar sempre “desatualizado”.

Diante deste cenário, a minha orientação primeira é não condenar ou julgar tal programa, filme, série, rede social, mas sim utilizar tais canais para oferecer ao jovem um canal de comunicação no qual seja dada a possibilidade da palavra. A promoção de espaços de fala e escuta na qual o jovem possa significar e atribuir sentido às mudanças pelas quais passa é fundamental na prevenção do suicídio.

Para saber mais:

– ABERASTURY, A.; KNOBEL, M. Adolescência Normal. Porto Alegre: Artemed, 2001.

– https://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-rede-social-mais-prejudicial-a-saude-mental/

– CVV – https://www.cvv.org.br/quero-conversar/

 

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