O lado tosco da Copa para o Brasil

Imagem: UAI/EM

O Brasil voltou a jogar hoje, em busca de melhor sorte e qualidade do que apresentou até agora na partida disputada. Foi uma vitória sofrida, com gols nos acréscimos, que acalentou o sonho brasileiro na competição. Contudo, uma certeza pessoal já tenho para minha memória de várias Copas que acompanhei, desde aquela do tri em 1970.

A Copa da Rússia tem sido notícia muito mais pelos acontecimentos fora dos gramados, que pelos jogos até agora realizados. Nem mesmo assim, passa despercebido o pífio desempenho dos argentinos, até o momento com um empate e uma derrota. “Los Hermanos”, para se salvarem, dependem de uma confusa combinação de resultados. No jogo de hoje, entre Nigéria e Islândia, preferencialmente empate; depois, pegar a Nigéria e golear com os olhos na partida entre Croácia (a grande surpresa) e Islândia.

Mas, como disse no início, os fatos marcantes estão acontecendo fora das quatro linhas. Entre eles, dois com destaques aos brasileiros – jogadores e torcedores. Entre os primeiros, a estrela Neymar é o centro das atrações. Creio que se não fosse o inesperado empate com a Suíça, nada seria tão explorado quanto o baixo rendimento da estrela do escrete nacional e seu corte de cabelo. Hoje, mesmo tendo marcado gol, foi teatral em campo. Por seu encenamento, o árbitro cancelou penalidade já assinalada.

Imperdoáveis que somos, aliados a apresentações abaixo da expectativa criada em torno de seu futebol, os memes comeram solto, quase levando a crer que o cabelo dele seria o responsável pelo desempenho da equipe na partida. Selecionáveis e seus cortes de cabelos são assuntos que acompanham a Seleção Brasileira desde que me entendo por autorizado a dar pitaco sobre futebol.

No início dos anos 70, o craque Paulo César – que deixou o Botafogo e foi jogar no Flamengo (na ocasião, as transferências não eram como acontecem hoje, os times atuavam com a mesma formação por várias temporadas), usava o estilo “Black Power”. Ele foi um reserva de luxo e atuou em algumas partidas na conquista do tricampeonato em 1970.

Imagem: UAI/EM

Depois disso, muitos seguiram seu exemplo. Aqui em Minas, especificamente no Galo, tinha o Romeu (ponta esquerda), que depois se transferiu para o Corinthians. Ao longo dos tempos, outros cortes foram notícia entre os profissionais da bola. Na Copa de 2002, quem não se recorda, Ronaldinho Fenômeno com aquele topete, acabou sendo o artilheiro da conquista do penta. E com gols inesquecíveis, inclusive na grande final. Nem falei de Beckham.

Portanto, pouco me importa se o cabelo do Neymar está bom ou não. Até porque, com todo respeito, não acho o jogador toda essa sumidade que se criou em torno dele. Além de ser um mala. Mas, se jogar e provocar uma reação em busca do título, melhor. Com cabelo de Mart’nália ou de quem quer que seja, desde que jogue bola e corresponda à responsabilidade que ele mesmo ajudou a criar em torno dele.

O outro fato lamentável, diga-se, foram os infelizes “turistas” brasileiros – entre os quais alguns mineiros – na Copa que, acostumados com o “bullying” sem castigo, abusaram dos anfitriões e sua receptividade. Assediando mulheres e até crianças, tiveram ainda a coragem de postar tamanha insanidade nas redes sociais.

Não esperavam, talvez, a reação dos próprios brasileiros e da comunidade internacional contra a infeliz e odiosa “brincadeira”. Daquelas que só o autor acha engraçado no momento do seu prazer, provocando depois pedidos de desculpas e explicações no vazio. Situação aqui que chamamos comumente de coisa de “filhinho de papai”. No Brasil contemporâneo esse tipo de gente e atitude vem ganhando espaço. Um registro triste e lamentável que suja e mancha a nossa conhecida e reconhecida hospitalidade.

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