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Jornalista, formado pela Universidade Gama Filho, do Rio de Janeiro, em 1983. Colunista do Jornal Estado de Minas e Rádio Tupi. Cobre a Seleção Brasileira há 32 anos, com 73 países visitados, e 265 coberturas internacionais. Vencedor dos Prêmios Imprensa Embratel e Ayrton Senna de Jornalismo, com a Matéria, Meninos do Brasil.

DIÁLOGO É A MELHOR ARMA

 

 

 

O MINEIRÃO É DE CRUZEIRO E ATLÉTICO

Cruzeiro e Atlético não chegaram a um acordo, e ficou decidido que o primeiro jogo da final do Mineiro será no Mineirão, e o segundo, no Independência. O detalhe é que no Gigante da Pampulha, os torcedores alvinegros, como visitantes, terão 10% da carga de ingressos, ao passo que no jogo no Horto, a torcida azul estará proibida, por exigência das autoridades policiais. Elas alegam que não há segurança no acanhado estádio, para duas torcidas rivais.

É lamentável que no Século 21, ainda tenhamos esse tipo de discussão. Não quero tomar partido de lado A ou B, pois essa não é a minha função. Porém, o Mineirão sempre foi e sempre será a casa de Cruzeiro e Atlético. Tanto assim, que a decisão da Libertadores, em 2013, foi lá. Acho que os dois presidentes, Gilvan e Nepomuceno, deveriam sentar-se à mesa, e conversar sobre isso. Não entendo essa picuinha, essa mesquinharia.

O Mineirão não é o estádio do Cruzeiro. Ele manda seus jogos lá, como o Galo sempre mandou. É a casa dos dois, sem pertencer a eles. Acho até que o governo do Estado, que reconstruiu o estádio com participação público privada, deveria pedir ao consórcio responsável, que entregue o estádio aos dois gigantes da capital. Sem o futebol, o Mineirão não sobrevive. Shows, esporádicos, não sustentam o estádio.

Se o Atlético acha que terá vantagem, jogando uma final de Mineiro, no Independência, é um erro. Não tem vantagem nenhuma ali, e, nos últimos jogos contra o Cruzeiro, no Horto, foi derrotado. No Mineirão, poderíamos ter as duas torcidas, meio a meio, gerando uma bela receita para ambas as equipes, em dois jogos. Duas belíssimas arrecadações. No Horto, o Galo vai jogar para 20 mil torcedores, e os cruzeirenses não vão sequer chegar perto. Imaginem o Cruzeiro campeão, dando a volta olímpica, sem sua torcida? É arriscado, pois o torcedor alvinegro pode criar tumulto e briga generalizada.

O dia em que o Galo tiver seu estádio, com capacidade para 45 mil espectadores, como está planejando, e decidir os títulos lá, tudo bem. Mas deixar de jogar no Mineirão, para atuar no Independência, acho uma grande bobagem. O Cruzeiro não terá vantagem nenhuma, assim como o Galo, se os dois jogos forem no Mineirão. A vantagem alvinegra é jogar por dois resultados iguais.

Acho curioso, também, o fato de os dois times colocarem equipes reservas em boa parte do Campeonato, mostrando para todos nós, que realmente o estadual nada vale. Porém, na hora da decisão da taça, levam a ferro e fogo, como se fosse um título mundial. Ganhar ou perder o título mineiro, não vai mudar a vida de atleticanos e cruzeirenses. Eles têm que pensar é em Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial. O resto é balela. Os estaduais, de Norte a Sul do país, há muito estão defasados, retrógrados e ultrapassados. Não sei o motivo de insistirem com essas falidas competições.

Espero que o bom senso prevaleça, que as partes cheguem a um acordo e que as duas torcidas saiam ganhando. Gente, não é guerra, é apenas uma partida de futebol. E garanto que esses desencontros, declarações provocativas, de um lado e de outro, vão acirrar os ânimos de jogadores, em campo, e de torcedores, na arquibancada. Isso é uma vergonha. Pregamos a paz nos jogos, mas o que vemos são dirigentes se digladiando. Eles deveriam mostrar o caminho da paz e não o da guerra!